Especial: Grandes nomes da Bossa Nova; confira
Especial: Grandes nomes da Bossa Nova; confira
Descubra como João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes moldaram o movimento que conquistou o mundo
“Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça. É ela, menina, que vem e que passa. Num doce balanço a caminho do mar”. Era final da década de 1950 quando esses versos saíram da voz e violão de Vinicius de Moraes e Tom Jobim para fazerem parte da história da música brasileira.
Dizem que a Bossa Nova é uma fusão de samba e jazz. As letras são leves e os arranjos sofisticados. A junção disso tudo conquistou o mundo e até Frank Sinatra se rendeu e gravou Garota de Ipanema.
Mas, além de ser um gênero musical, a bossa nova é uma revolução da música nacional. O contexto é ditadura e pós-ditadura, quando os jovens estavam experimentando a liberdade e a música era um importante componente dessa nova realidade.
O auge do movimento ocorreu em 1958, quando o Brasil celebrava conquistas esportivas, culturais e políticas com o caneco da Copa do Mundo, o Cinema Novo e Juscelino Kubitschek.
O lançamento do disco “Canção do Amor Demais”, em maio de 1958, foi um marco do movimento. O álbum reunia 13 músicas, compostas por Tom e Vinicius, com João Gilberto no violão e Elizeth Cardoso, a Divina, na voz.
Junto do quarteto muitos outros foram essenciais para a Bossa Nova. Vamos conhecê-los?
1. Tom Jobim
Conhecido como o “maestro soberano”, Tom Jobim é um dos maiores compositores da Bossa Nova e ajudou a popularizar o gênero internacionalmente. Canções como “Garota de Ipanema“, “Desafinado” e “Chega de Saudade” se tornaram clássicos e consolidaram a parceria com Vinicius de Moraes. Jobim também introduziu a Bossa Nova ao mercado americano e deixou um legado de arranjos complexos e harmonias refinadas.
2. João Gilberto
Considerado o pai da Bossa Nova, João Gilberto foi responsável por criar o estilo de violão e a batida rítmica características do movimento. Seu estilo vocal suave e sua precisão rítmica influenciaram gerações de músicos brasileiros e estrangeiros.
3. Vinicius de Moraes
Poeta e diplomata, Vinicius de Moraes foi uma das principais figuras letristas da Bossa Nova, colaborando com Tom Jobim e outros artistas em canções que abordavam temas de amor e existencialismo. Vinicius trouxe um lirismo único ao movimento, com canções como “Garota de Ipanema”, “Eu Sei Que Vou Te Amar” e “Se Todos Fossem Iguais a Você”.
4. Carlos Lyra
Músico e compositor, Carlos Lyra é conhecido por seu engajamento social e pela sua versatilidade nas letras. Suas canções, como “Coisa Mais Linda” e “Minha Namorada”, estão entre as mais importantes do gênero. Lyra também foi um dos fundadores do CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE, onde buscou aproximar a Bossa Nova de temas sociais.
Lyra também compunha a realidade sócio-política brasileira, uma antítese em relação aos temas da Bossa Nova. Seu engajamento político aparece quando musica a peça Mais Valia Vai Acabar, Seu Edgar (1960), de Oduvaldo Vianna Filho, e em canções como “O Melhor Mais Bonito, É Morrer”, “Lugar Bonito” e “Canção do Subdesenvolvimento”.
5. Nara Leão
A musa da Bossa Nova, Nara Leão tinha uma voz doce e um estilo intimista que cativava o público. Mesmo tendo rompido com o movimento para seguir caminhos políticos na música, ela foi uma figura fundamental, revelando artistas e incentivando encontros musicais em sua casa. Sucessos como “O Barquinho” e “Insensatez” marcaram sua contribuição ao gênero.
6. Roberto Menescal
Um dos fundadores do movimento, Roberto Menescal se destacou como compositor e violonista. Entre suas criações, estão sucessos como “O Barquinho” e “Você”. Menescal também trabalhou como produtor musical, ajudando a popularizar a Bossa Nova e a MPB nas décadas seguintes.
7. João Donato
Pianista e compositor, João Donato foi fundamental para a fusão da Bossa Nova com o jazz. Suas harmonias inovadoras e arranjos sofisticados foram marcantes, e ele é lembrado por canções como “Minha Saudade” e “A Rã”. Donato também ajudou a levar a Bossa Nova para outros países, especialmente para o cenário musical dos Estados Unidos.
8. Sylvia Telles
Uma das intérpretes mais emblemáticas da Bossa Nova, Sylvia Telles se destacou com sua técnica vocal apurada e seu estilo único. Foi uma das primeiras a gravar canções de Tom Jobim, incluindo clássicos como “Fotografia” e “Insensatez”, e ajudou a definir o perfil de interpretação que seria seguido por outros artistas.
9. Elis Regina
Embora não fosse exclusivamente uma cantora de Bossa Nova, Elis Regina abraçou o estilo em momentos significativos de sua carreira. Suas interpretações de canções como “Águas de Março” e “Corcovado” são memoráveis, e ela é reconhecida por dar nova vida ao repertório do gênero.
10. Alaíde Costa
Cantora de timbre suave, Alaíde Costa integrou o movimento da Bossa Nova desde o início. Foi convidada por João Gilberto para ir à casa do Bené Nunes, onde conheceu Oscar Castro-Neves, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Nara Leão, que estavam fundando a Bossa Nova.
Mas o nome dela nunca foi reconhecido por eles. Em entrevista à revista Veja, Alaíde diz que “O que sofremos foi um preconceito racial velado na música. Negro não tinha que cantar rebuscado. Só podia cantar e rebolar.”
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11. Baden Powell
Considerado um dos maiores violonistas do Brasil, Baden Powell contribuiu com uma sonoridade singular, misturando influências de samba e música clássica na Bossa Nova. Parcerias com Vinicius de Moraes renderam clássicos como “Canto de Ossanha” e “Berimbau”, que enriqueceram a tradição do movimento.
12. Marcos Valle
Marcos Valle é conhecido por seu estilo versátil e por ter levado a Bossa Nova para novas fronteiras. Da segunda geração de bossanovistas, compôs canções como “Samba de Verão” e “Os Grilos”, trouxe uma sonoridade mais pop ao gênero, mostrando a capacidade da Bossa Nova de se adaptar a diferentes contextos musicais e culturais.
Também se dividiu entre as questões políticas, com a canção “A Resposta” questiona a necessidade de se cantar à pobreza e ao morro. Logo depois, com a ditadura militar, vendo pessoas sumindo, tomou consciência que era preciso se posicionar e compôs “Gente” e “Terra de Ninguém”, com a intenção de fazer críticas sociais e, depois, comportamentais.
13. Edu Lobo
Compositor e cantor, Edu Lobo ajudou a enriquecer a Bossa Nova com composições líricas e inovadoras. Com influências do jazz e da música brasileira tradicional, canções como “Ponteio” e “Arrastão” mostram o diálogo da Bossa Nova com outras vertentes da música brasileira.
Abrindo as portas para a MPB
A Bossa Nova desempenhou um papel crucial na abertura de espaço para a Música Popular Brasileira (MPB) ao introduzir uma nova estética musical que combinava sofisticação e acessibilidade. Com suas letras poéticas e arranjos elaborados, a Bossa Nova atraiu a atenção internacional, estabelecendo um padrão elevado para a música brasileira.
Esse movimento inovador, que surgiu em um contexto de busca por liberdade e expressão, influenciou diretamente a MPB, permitindo que novos artistas explorassem temas sociais e políticos com uma linguagem musical rica e diversificada. Assim, a Bossa Nova se tornou um alicerce para a MPB, criando um legado que continua a ressoar na música contemporânea brasileira.