10 poemas de “bom dia” para enviar a quem você ama; confira

Lívia Nolla
12:16 30.01.2025
Arte e cultura

10 poemas de “bom dia” para enviar a quem você ama; confira

Depois de listarmos 25 músicas para você substituir o "bom dia” clichê do grupo do Whatsapp, agora trazemos 10 poemas de "bom dia” para enviar a quem você ama

Avatar Lívia Nolla
- 30.01.2025 - 12:16
10 poemas de “bom dia” para enviar a quem você ama; confira
10 poemas de “bom dia” para enviar a quem você ama; confira

Sabe aquela mensagem de “bom dia” que você manda no grupo do Whatsapp da família ou dos amigos? Que tal trocar por belos poemas de “bom dia”?

Depois de listarmos 25 músicas para você substituir o “bom dia” clichê do grupo do Whatsapp, agora trazemos poemas de “bom dia” para enviar a quem você ama.

Todo mundo já recebeu ou enviou aquela mensagem clássica de “bom dia” nos grupos de WhatsApp da família ou dos amigos. Aliás, se você não é o que recebe, provavelmente seja quem manda!

Mas, convenhamos, ninguém aguenta mais aquelas imagens com flores, raios de sol, carinhas felizes e frases motivacionais, que são sempre as mesmas e sem o mínimo de poesia ou criatividade, né? 

Agora… que tal inovar e começar o dia compartilhando uma bela poesia de “bom dia” e – aí sim – transmitir, por meio da arte, mensagens de energia, otimismo e boas vibrações para o dia que está começando do lado de lá da tela, seja para um amigo, um familiar ou um amor?

A Literatura Brasileira tem diversos poemas que falam sobre novos começos, superação, alegria de viver e a beleza do amanhecer. Ela tem o poder de despertar emoções, incentivar reflexões e pode ser um verdadeiro respiro diante da correria cotidiana.

Ao invés de um “bom dia” convencional, uma poesia bem escolhida pode transformar o humor de quem a recebe e criar uma conexão ainda mais especial entre você e seus amigos, amores ou familiares.

Transformar o hábito de mandar mensagens de “bom dia” em um momento de poesia pode ser uma forma criativa e carinhosa de alegrar o início do dia de alguém. Além de fugir do comum, você ainda compartilha a cultura brasileira. 

Selecionamos 10 poemas brasileiros perfeitos para saudar a manhã de um jeito mais inspirador no “grupo do Zap!”. Seja para inspirar, emocionar ou simplesmente desejar um dia iluminado, versos bem escolhidos podem transformar a rotina matinal de quem os recebe.

Vamos lá?

Poemas de “bom dia” para mandar para quem você ama | Imagem: Freepik

10 Poemas de “bom dia” para enviar a quem você ama

1 – Canção do Dia de Sempre – Mario Quintana

Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…

2 – Mãos Dadas – Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

3 – Seiscentos e Sessenta e Seis – Mario Quintana

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

4 – Motivo – Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

5 – Belo Belo – Manuel Bandeira

Belo belo belo,

Tenho tudo quanto quero.

Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.

E o risco brevíssimo — que foi? passou — de tantas estrelas cadentes.

A aurora apaga-se,

E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.

O dia vem, e dia adentro

Continuo a possuir o segredo grande da noite.

Belo belo belo,

Tenho tudo quanto quero.

Não quero o êxtase nem os tormentos.

Não quero o que a terra só dá com trabalho.

As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:

Os anjos não compreendem os homens.

Não quero amar,

Não quero ser amado.

Não quero combater,

Não quero ser soldado.

— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.

Imagem: Freepik

6 – Esperança – Mario Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano

Vive uma louca chamada Esperança

E ela pensa que quando todas as sirenas

Todas as buzinas

Todos os reco-recos tocarem

Atira-se

E — ó delicioso voo!

Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,

Outra vez criança…

E em torno dela indagará o povo:

— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?

E ela lhes dirá

Veja também:

(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)

Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:

— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

7 – Ensinamento – Adélia Prado

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

8 – Receita de Ano Novo – Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direits respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

9 – Cinco Elegias / Quarta – Hilda Hilst

Não te espantes da vontade

Do poeta

Em transmudar-se:

Quero e queria ser boi

Ser flor

Ser paisagem.

Sentir a brisa da tarde

Olhar os céus, ver às tardes

Meus irmãos, bezerros, hastes,

Amar o verde, pascer,

Nascer

Junto à terra

(À noite amar as estrelas)

Ter olhos claros, ausentes,

Sem o saber ser contente

De ser boi, ser flor, paisagem.

Não te espantes. E reserva

Teu sorriso para ops homens

Que a todo custo hão de ser

Oradores, eruditos,

Doutos doutores

Fronte e cerne endurecido.

Quero e queria ser boi

Antes de querer ser flor.

E na planície, no monte,

Movendo com igual compasso

A carcaça e os leves cascos

(Olhando além do horizonte)

Um pensamento eu teria:

Mais vale a mente vazia.

E sendo boi, sou ternura.

Aunque pueda parecer

Que del poeta

Es locura.

10 – O Haver – Vinicius de Moraes

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
– Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido…

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada…

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

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