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10 célebres frases de Carlos Drummond de Andrade

Lívia Nolla
12:32 20.10.2024
Autor

Lívia Nolla

Cantora e Pesquisadora Musical
Música

10 célebres frases de Carlos Drummond de Andrade

Site da Novabrasil preparou especial sobre o mineiro considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX; confira

Lívia Nolla - 20.10.2024 - 12:32
10 célebres frases de Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade | Foto: Reprodução

Quem foi Carlos Drummond de Andrade?

O mineiro Carlos Drummond de Andrade é considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX. 

Os temas de sua obra são vastos e empreendem desde questões existenciais, como o sentido da vida e da morte, passando por questões cotidianas, familiares e políticas, como o socialismo, dialogando sempre com correntes tradicionais e contemporâneas de sua época. 

Além de poeta, contista e cronista, Drummond foi um dos principais poetas da Segunda Geração Modernista brasileira, embora sua obra não se restrinja a formas e temáticas de movimentos específicos.

Sua poesia trazia questionamentos em torno da existência humana, do sentimento de estar no mundo, das inquietações sociais, religiosa, filosófica e amorosa. Seu estilo poético é permeado por traços de ironia, observações do cotidiano, de pessimismo diante da vida e de humor.

As características formais e estilísticas de sua obra também são vastas, destacando, por vezes, o dialeto mineiro. Nascido na cidade de Itabira, interior de Minas Gerais, sua memória da cidade permeou grande parte de sua obra. 

Formado em farmácia pela Universidade Federal de Minas Gerais, o poeta fundou, em 1923 – com Emílio Moura e outros companheiros mineiros – A Revista, para divulgar o modernismo no Brasil.

Carlos Drummond de Andrade | Foto: Reprodução

Trajetória literária

Em 1928, Drummond publicou o famoso poema No Meio do Caminho, na Revista de Antropofagia de São Paulo, provocando um escândalo com a crítica da imprensa. Diziam que aquilo não era poesia e sim uma provocação pela repetição do poema, como também pelo uso de “tinha uma pedra” em lugar de “havia uma pedra”:

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.

Em 1930, dentro das diretrizes da Segunda Geração Modernista, Drummond publicou seu primeiro livro intitulado Alguma Poesia, no qual retrata a vida cotidiana, as paisagens, as lembranças, com certo pessimismo, deixando transparecer sua ironia e humor. O poeta abriu o livro com o Poema de Sete Faces, que mostra sua inquietação e originalidade, que veio a se tornar um dos seus poemas mais conhecidos:

Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo,

Seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

Mais vasto é meu coração.

Também fazem parte do livro os poemas: No Meio do Caminho, Cidadezinha Qualquer e Quadrilha, tipo de poema em que o amor, antes de ser descrito é questionado e revela um sentido oculto, o amor como desencontro:

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

Em 1934, Carlos Drummond de Andrade lançou seu segundo livro, Brejo das Almas, abandonando o descritivismo e acentuando o humor e a ironia nos seus versos, como no poema Política Literária, dedicado a Manuel Bandeira.

Em 1940, Drummond publicou Sentimento do Mundo, quando se coloca solidário com os homens. A destruição provocada pela Guerra Mundial o levou a expressar um desejo intenso de reconstruir o mundo. O poema Mundo Grande é um dos mais significativos de sua obra:

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabe nem as minhas dores.
Por isso, gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, Por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos. (…)

Em 1942, ano em que o Brasil entrou na Segunda Guerra, ele publicou o livro José, que inclui o poema do mesmo nome, mostrando a figura anônima de um personagem que vive em um contexto burocrático:

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?

Em 1945, Drummond publicou o livro de poemas A Rosa do Povo que condena a vida mecanizada e desumana de seus dias e espelha uma carência de um mundo certo pautado na justiça que venha substituir a falta de solidariedade de seu momento.

A poesia de caráter social assume nova dimensão e seus temas preferidos passam a ser “a angústia dos seres escravos do progresso, o medo, o tédio e a solidão do homem moderno”. O livro é ao mesmo tempo um misto de condenação e exaltação, porque existe a esperança de um mundo melhor:

Uma flor nasce na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.

Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Com a publicação de Claro Enigma, de 1951, a criação poética de Drummond segue duas orientações: de um lado a poesia reflexiva, filosófica e metafísica, na qual aparecem com frequência os temas da morte e do tempo e, de outro lado, a poesia nominal, com tendências ao Concretismo, em que ressalta a preocupação com recursos fônicos, visuais e gráficos do texto.

Também fazem parte dessa orientação os livros: Fazendeiro do Ar (1955) e Vida Passada a Limpo (1959).

Em Lição de Coisas(1962), o poeta é tomado pela poesia nominal, muito próxima da filosófica, em cuja linguagem, o verso e a palavra são desintegrados com o uso constante de neologismos, alienações e rupturas sintáticas que se aproximam do Concretismo:

O árvore a mar
o doce de pássaro
a passa de pêsame
o cio da poesia
a força do destino

A pátria a saciedade
o cudelume Ulalume
o zumzum de Zeus
o bômbix
o ptys

Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro – por infarto do miocárdio e insuficiência respiratória – no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.

Embora tenha se destacado na poesia, Drummond também foi um grande cronista e publicou livros em prosa, como é o caso de Confissão de Minas (1942) e a ficção Contos de Aprendiz (1950).

Selecionamos 10 célebres frases que o escritor reuniu em seu livro O Avesso das Coisas, de 1987, em que Carlos Drummond de Andrade compila, numa espécie de dicionário, suas próprias e idiossincráticas definições para cada palavra, convidando o leitor a “repensar suas ideias”. O resultado é um conjunto de aforismos perspicaz e extremamente bem-humorado.

Carlos Drummond de Andrade | Foto: Reprodução

10 célebres Frases célebres de Carlos Drummond de Andrade

1 – Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.Carlos Drummond de Andrade 

2 – A minha vontade é forte, porém minha disposição de obedecer-lhe é fraca

3 – Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.

4 – Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons.

5 – O homem vangloria-se de ter imitado o vôo das aves com uma complicação técnica que elas dispensam.

6 – A educação para o sofrimento evitaria senti-lo com relação a casos que não o merecem. 

7 – Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.

8 – Há muitas razões para duvidar e uma só para crer.

9 – Há campeões de tudo, inclusive de perda de campeonatos.

10 – O cofre do banco contém apenas dinheiro; frusta-se quem pensar que lá encontrará riqueza.

por Lívia Nolla

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Lívia Nolla

Lívia Nolla é cantora, apresentadora e pesquisadora musical

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