Especial: Quem foram os principais artistas do tropicalismo
Especial: Quem foram os principais artistas do tropicalismo
A revolução cultural que transformou a música brasileira e aderiu a literatura, o cinema, as artes plásticas e cênicas em resposta à repressão dos anos 60; confira
O Tropicalismo, movimento cultural que emergiu no Brasil no final da década de 1960, foi uma resposta ousada e inovadora à repressão política e social da época.
Combinando elementos da música popular brasileira, rock, psicodelia e influências internacionais, o movimento trouxe à tona uma nova geração de artistas que desafiavam as normas estabelecidas.
Quando se fala em Tropicalismo não é apenas sobre música, mas literatura, cinema, artes plásticas e cênicas. Seus artistas desafiaram a censura e exploraram novas formas de expressão, deixando um legado que continua a inspirar novas gerações de músicos e artistas no Brasil e no mundo.
Principais Artistas do Tropicalismo
Caetano Veloso
7 de agosto de 1942, Bahia.
Caetano é um dos fundadores do Tropicalismo e abalou as estruturas do cenário musical brasileiro no III Festival de Música Popular Brasileira, em 1967 ao cantar “Alegria, Alegria”, acompanhado de uma guitarra elétrica.
Caetano incorporou elementos de rock e pop à música popular brasileira, desafiando as normas da época acostumada com o violão da bossa nova. Levou sua música para fora do país e sua vontade era se conectar com seu público jovem.
Sua obra reflete uma mistura de influências culturais e sociais, sendo considerado um dos maiores compositores do Brasil.
Gilberto Gil
26 de junho de 1942, Bahia.
O público do III Festival de Música Popular Brasileira, de1967, também foi surpreendido por Gilberto Gil com uma apresentação de “Domingo no Parque” com “Os Mutantes”. Com essa música, o cantor ficou em segundo lugar no Festival da Canção.
Gil começou a estudar música na Academia Regina, aos 9 anos. Quando era adolescente, ganhou um violão de presente da mãe e seguiu o caminho da música. Em 1963, compôs a sua primeira música, “Felicidade vem depois”.
Foi nessa época que conheceu seus parceiros de Tropicalismo: Caetano Veloso, Maria Bethânia, Tom Zé e Gal Costa. Junto com Caetano, levou para frente o movimento que romperia com tudo que as pessoas estavam acostumadas a ouvir, ver, viver.
Gil é conhecido por sua habilidade em mesclar ritmos brasileiros com rock e reggae. Suas canções frequentemente abordam temas sociais e políticos. Após ser preso durante a ditadura militar, ele viveu em exílio na Inglaterra, onde continuou a sua carreira. É autor de clássicos como “Aquele Abraço” e “Expresso 2222”.
Gal Costa
26 de setembro de 1945, Bahia.
Maria das Graças Penna Burgos, a Gal, se destacou por sua voz poderosa e seu estilo inovador. Conheceu Caetano Veloso e Gilberto Gil, em 1963, na Bahia, e já fez parte do show “Nós, Por Exemplo”, um ano depois.
Em 1965, lançou seu primeiro disco, ao lado de Caetano Veloso, no Rio de Janeiro. No ano a seguir, se apresentou no I Festival Internacional da Canção com Gilberto Gil e Torquato Neto. Na ocasião, os três cantaram Minha Senhora.
Participou do álbum “Tropicália ou Panis et Circensis” e é conhecida por canções como “Baby” e “Coração Materno”.
A voz de Gal Costa ajudou a levar o Tropicalismo ao grande público. Lançou muitos sucessos ao longo dos anos, incluindo músicas de Gil e Caetano, como “Divino Maravilhoso”.
Sua interpretação intensa e original ajudou a consolidar o espírito experimental do movimento.
Tom Zé
11 de outubro de 1939, Bahia.
Tom Zé, nascido Antônio José Santana Martins, em uma família de classe média que ganhou na loteria federal, teve uma infância confortável que permitiu que seguisse seus interesses artísticos sem dificuldades financeiras.
Aos 14 anos, decidiu cursar música na Universidade da Bahia, onde estudou por seis anos e se envolveu com outros jovens artistas.
Tom Zé é figura central da Tropicália. A colaboração junto com Caetano, Gil e Gal, culminou na produção do espetáculo “Nós, Por Exemplo”, e na gravação do influente álbum “Tropicália ou Panis et Circensis”.
Tom Zé é conhecido por seu estilo inovador e questionador, frequentemente desafiando as normas musicais tradicionais. Sua obra é caracterizada por experimentações sonoras e letras que exploram temas sociais e culturais.
Nara Leão
19 de janeiro de 1942, Rio de Janeiro.
Nara foi uma das vozes mais importantes da Bossa Nova antes de se juntar ao Tropicalismo. Ela trouxe uma nova sensibilidade às suas interpretações, contribuindo para o álbum “Tropicália ou Panis et Circensis” com canções que abordavam questões sociais.
Os Mutantes
Formada em 1966, em São Paulo.
Conhecidos por suas inovações sonoras e experimentações com arranjos musicais, Os Mutantes foram fundamentais para o Tropicalismo. A banda era formada por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, e injetou um estilo psicodélico ao Tropicalismo, influenciados pelo rock inglês e pelo experimentalismo musical.
Com canções como “Bat Macumba” e “Ando Meio Desligado”, o grupo conquistou uma base de fãs e consolidou o tropicalismo como um movimento ousado e à frente de seu tempo.
Torquato Neto
9 de agosto de 1944, Piauí.
Poeta e compositor, Torquato Neto foi um dos principais letristas do movimento. Sua obra refletia as tensões sociais da época e a busca por novas formas de expressão artística.
Filho de um promotor público, mudou-se para Salvador aos 16 anos para estudar, onde se envolveu com a cena cultural e conheceu figuras como Gilberto Gil e Caetano Veloso. Juntos, começaram a desenvolver as ideias que fundamentariam o movimento Tropicália.
Em 1968, temendo a repressão da ditadura militar, Torquato deixou o Brasil e passou um tempo na Europa e nos Estados Unidos. Contribuiu como letrista, com músicas icônicas como “Pra Dizer Adeus” (com Edu Lobo) e “Nenhuma Dor” (com Caetano Veloso). Sua produção artística refletia sensibilidade e crítica à realidade social e política do Brasil.
Torquato enfrentou problemas como alcoolismo e depressão. Ele se suicidou em 10 de novembro de 1972, um dia após seu 28º aniversário, deixando um legado complexo que inclui obras como “Os Últimos Dias de Paupéria”. Sua escrita é caracterizada por uma fragmentação que antecipa a estética da comunicação contemporânea, atraindo novas gerações até hoje.
Rogério Duprat
07 de fevereiro de 1932, Rio de Janeiro
Rogério Duprat, nascido no Rio de Janeiro, foi um destacado músico e arranjador brasileiro. Com formação em música erudita, mudou-se para São Paulo em 1955, onde se integrou à Orquestra Sinfônica Municipal e à Orquestra de Câmara.
Colaborou com ícones da Tropicália, como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Participou do álbum “Tropicália: Panis Et Circensis” (1968), criando arranjos para músicas como “Domingo no Parque” e “Construção”.
Após um período afastado devido a problemas auditivos, retornou à música na década de 1990, para trabalhar com Rita Lee.
O Tropicalismo
Esses artistas formaram um coletivo que questionou a política da época, além de redefinir a identidade musical brasileira com a fusão de estilos e influências diversas.
O movimento Tropicália é lembrado por seu impacto cultural e pela maneira como desafiou as normas sociais e musicais da época. Suas ideias influenciaram as letras, os ritmos, a literatura, o teatro, o cinema, as artes plásticas, a postura estética da cena da época.
O Tropicalismo representou um marco de liberdade e inovação em tempos de repressão. Os principais artistas tropicalistas deixaram uma herança que continua a inspirar não só a música, mas a cultura brasileira.