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Carnaval 2024 – Panorama histórico com Playlist

Lívia Nolla
10:00 10.02.2024
Notas musicais

Carnaval 2024 – Panorama histórico com Playlist

Chegou a melhor época do ano! Já é Carnaval! O Brasil já está cheio de purpurina, alegria e energia, para viver uma das maiores e mais significativas expressões culturais do nosso país! Já é carnaval cidade, acorda pra ver A chuva passou cidade, e o sol vem aê Lambada da Delícia – … Continued

Lívia Nolla - 10.02.2024 - 10:00
Carnaval 2024 – Panorama histórico com Playlist
Imagem de divulgação do álbum "Muitos Carnavais", a coletânea de músicas sobre carnaval de Caetano Veloso, lançado em 1977 | Foto: Divulgação
Imagem de divulgação do álbum “Muitos Carnavais”, a coletânea de músicas sobre carnaval de Caetano Veloso, lançado em 1977 | Foto: Divulgação
por Lívia Nolla

Chegou a melhor época do ano! Já é Carnaval! O Brasil já está cheio de purpurina, alegria e energia, para viver uma das maiores e mais significativas expressões culturais do nosso país!

Já é carnaval cidade, acorda pra ver

A chuva passou cidade, e o sol vem aê

Lambada da Delícia – Gerônimo e Bego (1987)

 

Tempo de ocupar as ruas, em uma festa diversa e plural, que mistura vários ritmos da nossa música popular brasileira como o samba, o maracatu, o frevo, as marchinhas e o afoxé – celebrando as nossas raízes populares.

Tempo de pular atrás do trio elétrico, do nosso Bloco favorito, ou acompanhar o desfile da nossa escola de samba do coração!

Para contar mais um pouco dessa história, nós preparamos um panorama do Carnaval no Brasil por meio de 25 músicas da nossa MPB. Preparados?

Para começar: uma introdução histórica

O Carnaval tem uma origem bastante antiga. A primeira vez que se ouviu falar da festa foi nas comemorações oferecidas aos deuses da antiguidade.

A comemoração de Saceias, que acontecia na Babilônia, é tida como um dos festejos de origem. Nela, era permitido que um prisioneiro assumisse a identidade do rei por alguns dias e ele era morto ao fim do evento.

Também ligado ao rei, existia uma tradição no templo do deus Marduk, onde o rei perdia seus emblemas de poder e era agredido e humilhado, a fim de reforçar sua inferioridade diante da figura divina.

O que havia de comum nas duas festas e que está ligado ao Carnaval era o caráter de subversão de papéis sociais. Além disso, na Grécia Antiga, os povos festejavam para comemorar a chegada da primavera. Toda a população podia participar do evento, sem qualquer distinção.

No Império Romano também acontecia uma festa parecida. A Saturnália era um festival realizado pelos romanos antigos com o objetivo de celebrar o renascimento do ano. Nessa festa, as pessoas se mascaravam e passavam dias comemorando. Era uma comemoração regada a máscaras, bebidas, comidas e muita diversão.

Com o passar dos anos e a ascensão do cristianismo, diversas festas pagãs ganharam novos significados ligados à religião, o Carnaval foi uma delas. O Carnaval virou um evento onde os fiéis se despedem de sua alimentação com carne. Inclusive, a denominação da palavra Carnaval (com origem no latim), em portguês significa  retirar carne” ou “adeus à carne”.

Olhando do ponto de vista religioso, para a Igreja Católica, o Carnaval é uma comemoração que acontece antes da Quaresma, que são os 40 dias que antecedem a páscoa, período em que Jesus foi tentado no deserto.

A chegada no Brasil

Foram os invasores portugueses que trouxeram a tradição para o Brasil. Tudo começou com uma festividade chamada Entrudo, que consistia em uma espécie de festa onde os participantes jogavam água, farinha, ovos e tinta uns nos outros.

Segundo historiadores, a tradição se estabeleceu no país entre os séculos XVI e XVII e se instalou primeiramente no Rio de Janeiro, onde era realizada alguns dias antes do início da Quaresma. Já os africanos escravizados, usavam esses dias para celebrar ao som de batuques e ritmos vindos da África.

Com o tempo, essas comemorações foram sendo substituídas por práticas carnavalescas que estavam em evidência na aristocracia europeia do século XVIII, dando início aos bailes de máscaras. Então, com o passar dos anos, foram criadas sociedades carnavalescas e esses bailes de máscaras foram levados para a rua.

Assim, eventualmente, as sociedades carnavalescas passaram a desfilar publicamente e a população como um todo passou a se envolver nas festas e a tradição portuguesa passou a se fundir com os hábitos da cultura africana, consolidando o ritmo carnavalesco.

Entre as classes populares, surgiram as Escolas de Samba, na década de 1920. Considera-se que a primeira escola de samba teria sido a Deixa Falar, fundada em 1928, que daria origem à escola Estácio de Sá. Outra escola de samba pioneira foi a Vai como Pode, que atualmente é conhecida como Portela. As escolas de samba eram o desenvolvimento dos cordões e ranchos, e a primeira disputa entre elas ocorreu no Rio de Janeiro, em 1932.

Foi na década de 30 que o samba e os desfiles das escolas de samba se tornaram elementos fundamentais do Carnaval brasileiro e da nossa cultura como um todo. Então, a tradição continuou a se espalhar pelo país e gerar as diversas manifestações que conhecemos hoje.

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Carnaval de Salvador | Foto: Divulgação

O Carnaval Brasileiro

Mesmo diante dos obstáculos, as camadas populares não desistiram de suas práticas carnavalescas. No final do século XIX, buscando adaptarem-se às tentativas de disciplinamento policial, foram criados os cordões e ranchos.

Os primeiros incluíam a utilização da estética das procissões religiosas com manifestações populares, como a capoeira e os zé-pereiras, tocadores de grandes bumbos. Os ranchos eram cortejos praticados principalmente pelas pessoas de origem rural.

Ao longo do século XX, o Carnaval popularizou-se ainda mais no Brasil e conheceu uma diversidade de formas de realização, tanto entre a classe dominante como entre as classes populares. Por volta da década de 1910, os corsos surgiram, com os carros conversíveis da elite carioca desfilando pela Avenida Central, atual Avenida Rio Branco. Tal prática durou até por volta da década de 1930.

Agora sim, começaremos a contar a história do Carnaval no Brasil, por meio de uma linha do tempo que passa por 25 grandes clássicos da nossa música popular.

1 – Ô Abre Alas – Chiquinha Gonzaga

Chiquinha Gonzaga compôs a primeira marchinha de carnaval da história, Ô Abre Alas, em 1899. A canção foi feita para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro, citado na letra, que passava perto da casa dela, no bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro.

A primeira gravação que se tem registro da música é da própria Chiquinha Gonzaga, em 1911. Depois, ela foi regravada por muitos outros nomes da nossa MPB como Beth Carvalho, Ângela Maria e Emilinha Borba.

2 – Pelo Telefone, Martinho da Vila (composição de Donga e Mauro de Almeida)

 

O primeiro samba a ser gravado no Brasil, a partir dos registros existentes na Biblioteca Nacional, é a música Pelo Telefone, de Donga e Mauro de Almeida, que tornou-se representante musical legítimo do carnaval da época.

A primeira gravação que se tem registro é de 1917, pela Banda Odeon. Depois, muitos outros grandes nomes do samba a regravaram, como: Pixinguinha, Elza Soares, MPB-4, Gilberto Gil e Martinho da Vila, que a gente ouve aqui.

3 – Balancê – Gal Costa (composição João de Barro – o Braguinha –  e Alberto Ribeiro)

 

Marchinha alegre e carnavalesca composta em 1937, por João de Barro e Alberto Ribeiro, e gravada pela primeira vez por Carmen Miranda, Balancê foi resgatada e ganhou nova roupagem quando regravada por Gal Costa em 1979, no disco Gal Tropical.

4 – Chiquita Bacana – Emilinha Borba (composição João de Barro – o Braguinha –  e Alberto Ribeiro)

 

Outra parceria muito famosa de João de Barro – o Braguinha – e Alberto Ribeiro, é Chiquita Bacana, em que os autores aproveitaram a fase do existencialismo, muito explorado pela imprensa na época, para escrever uma marchinha.

Com a letra, eles pretendiam brincar com o conceito, muito trabalhado por nomes como Simone de Beauvoir e Jean- Paul Sartre. Além de dar a Braguinha a vitória no carnaval de 1949, pelo terceiro ano consecutivo, Chiquita Bacana tornou-se uma de suas composições mais conhecidas, batendo, inclusive, o recorde de alcance geográfico de sua obra: foi gravada nos Estados Unidos, Argentina, Itália, Holanda, Inglaterra e França, onde, com o título de Chiquita Madame de la Martinique, e com versos de Paul Misraki, integra as discografias de Josephine Baker e Ray Ventura. A primeira gravação de Chiquita Bacana foi realizada por Emilinha Borba neste mesmo ano, e ficou imortalizada na voz da cantora.

5 – Filhos de Gandhi – Gilberto Gil

Na Bahia, os primeiros afoxés surgiram na virada do século XIX para o XX com o objetivo de relembrar as tradições culturais africanas. Os primeiros afoxés foram Embaixada da África e os Pândegos da África.

Filhos de Gandhi é um afoxé brasileiro fundado por estivadores portuários de Salvador em 1949. Contando com aproximadamente 10 mil integrantes, exclusivamente homens, tornou-se o maior afoxé do Carnaval de Salvador, inspirado nos princípios de não-violência e paz do ativista indiano Mahatma Gandhi.

O bloco traz a tradição da religião de matriz africana ritmada pelo agogô nos seus cânticos de ijexá na língua iorubá. Utilizaram lençóis e toalhas brancos como fantasia, para simbolizar as vestes indianas. E foram homenageados pelo baiano Gilberto Gil, um de seus principais apoiadores, neste belíssimo afoxé de 1973: Filhos de Gandhi.

Esta versão foi gravada com a participação de Jorge Ben Jor, no disco que os dois artistas gravaram juntos, em 1975.

6 – Voltei Recife – Alceu Valença (composição de Luiz Bandeira)

 

Por volta do mesmo período, o frevo passou a ser praticado no Recife, e o maracatu ganhou as ruas de Olinda.

Alceu Valença, um dos maiores representantes do frevo no Recife, gravou esse tradicional frevo do também pernambucano Luiz Bandeira, composto em 1958, no álbum Asas da América – Frevo, de 1983.

7 – Frevo do Trio Elétrico – Caetano Veloso (composição de Dodô e Osmar)

O trio elétrico surgiu por volta de 1950 – em Salvador – após os baianos Dodô e Osmar utilizarem um antigo caminhão com instrumentos musicais amplificados por alto-falantes na caçamba. A dupla também foi responsável por criar a chamada guitarra baiana.

A dupla, que mudou para sempre a história do Carnaval no Brasil, gravou a canção Frevo do Trio Elétrico, no seu primeiro disco – Jubileu de Prata – em 1975. A versão de Dodô e Osmar é apenas instrumental. Antes disso, Caetano Veloso a gravou – com letra que homenageia Dodô e Osmar – em um compacto de 1973.

8 – Expresso 2222Gilberto Gil

 

Em julho de 1972, logo após voltar do exílio em Londres por conta da repressão e perseguição sofrida por conta da ditadura militar, o baiano Gilberto Gil grava o disco Expresso 2222.

A faixa-título se dá em homenagem a um trem que Gil pegava para sair de Ituaçu (no interior da Bahia, onde morava na infância) em direção a Salvador, e tornou-se também o nome do agitado camarote de Gilberto Gil no Carnaval de Salvador, desde 1999, onde também desfila com seu próprio Trio Elétrico, também batizado de Expresso 2222. Na canção composta em Londres, Gilberto Gil canta sobre o futuro pra depois do ano 2000”, com um violão marcado, um triângulo dando o tom do baião, e um otimismo futurista, a partir da metáfora tecnológica com a linha de trem.

9 – Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua – Sérgio Sampaio

 

Também lançada em 1973, para o álbum homônimo de  Sérgio Sampaio, a canção Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua e apresentada originalmente no VII Festival Internacional da Canção, em 1972, a marcha é considerada o maior sucesso da carreira do compositor e foi regravada por diversos outros artistas, como Elba Ramalho, Margareth Menezes, Lenine e Ney Matogrosso.

Trata-se de uma marcha-rancho que usa o cenário de carnaval para fazer um discurso crítico à repressão militar.

Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua foi citada pela revista Rolling Stone Brasil na trigésima oitava colocação na sua lista das 100 maiores músicas brasileiras.

10 – Pombo Correio – Moraes Moreira, Dodô e Osmar

 

Até 1976, os trios elétricos criados em Salvador por Dodô e Osmar em 1950 eram apenas instrumentais. Foi quando Moraes Moreira, recém saído dos Novos Baianos, assumiu os vocais do trio de Dodô e Osmar e tornou-se o primeiro cantor de trio elétrico do Brasil.

Depois disso, o carnaval nunca mais foi o mesmo. Moraes é um dos grandes responsáveis pela afirmação e pelo crescimento do carnaval de rua de Salvador. Fazendo fusões entre o frevo, a guitarra baiana e o batuque dos blocos afro, influenciou e abriu caminho para uma geração de cantores de trio elétrico que vieram depois.

No mesmo ano, a marchinha Pombo Correio – composição do trio – virou um dos hinos do carnaval de Salvador, e está no segundo disco solo do cantor, Cara e Coração, de 1977.

11 – Chuva Suor e Cerveja – Caetano Veloso

12 – Atrás do Trio Elétrico – Caetano Veloso

13 – A Filha da Chiquita Bacana – Caetano Veloso

Desde que despontou no cenário musical nacional, lá em meados dos anos 60, o baiano Caetano Veloso sempre esteve muito ligado ao Carnaval. No início dos anos 70, ele procurou seguir uma tradição de antigos compositores: a de criar, todo ano, uma música especial para o Carnaval do ano seguinte.

Desde 1971, ano em que ainda estava no exílio em Londres, Caetano Veloso compunha – todo ano – canções especialmente para o carnaval e que faziam muito sucesso na folia. Em 1977, ele gravou a coletânea Muitos Carnavais, com clássicos compostos durante todo esse período, mas só lançados em compactos. Entre os sucessos: A Filha da Chiquita Bacana (que faz alusão à marchinha de Braguinha, de 1949), Chuva Suor e Cerveja e Atrás do Trio Elétrico.

A gente conta mais sobre este disco antológico, aqui.

14 – Ilê Ayê – Gilberto Gil (Paulinho Camafeu)

No mesmo ano de 1977, Gilberto Gil lançou – em seu disco Realce – uma canção composta por Paulinho Camafeu – que homenageia  Ilê Aiyê, ou Ilê, primeiro bloco afro do Brasil, que se consolidou como uma das expressões culturais do Carnaval de Salvador.

Fundado em 1974 por moradores do bairro do Curuzu, constitui um grupo cultural que promove a expansão da cultura de origem africana no Brasil. A expressão significa, em língua iorubá, Mundo Negro ou Casa de Negro ou ainda Casa da Terra.

15 – Chão da Praça – Moraes Moreira (parceria com Fausto Nilo)

Ao longo dos anos, outras composições de Moraes Moreira desta mesma época foram tornando-se hinos do carnaval da Bahia. Chão da Praça, por exemplo, ganhou o Carnaval de 1978, quando foi gravada pelo baiano de Itaúna em seu disco Alto Falante.

16 – O Amanhã – Simone (composição João Sérgio e Didi)

Da Bahia para o Rio de Janeiro, O Amanhã, enredo da escola de samba União da Ilha, composto por João Sérgio e Didi em 1978, foi gravado por Simone, em 1983, e tornou-se um dos maiores sucessos da carreira da cantora. A canção também foi gravada pela saudosa Elizeth Cardoso e é um grande hino do carnaval.

17 – Vou Festejar – Beth Carvalho (composição de Jorge Aragão, Dida e Neoci Dias)

Ainda no Rio de Janeiro de 1978, a Madrinha do Samba Beth Carvalho lançou o disco De Pé no Chão, puxado pelo sucesso Vou Festejar (Jorge Aragão, Dida e Neoci Dias).

Este disco, que chegou a vender 500 mil cópias, marcou o surgimento do pagode carioca, um jeito inovador e descontraído de fazer samba, descoberto por Beth quando ela assistia a um ensaio do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, cujos sambistas faziam um ritmo diferente com pandeiro, tamborim, banjo e tantã, instrumentos pouco usados em rodas de samba. Vou Festejar, símbolo desse estilo, ficou associada aos times de coração de Beth, o Botafogo, no Rio de Janeiro, e o Atlético em Minas Gerais.

18 – Bloco do Prazer – Gal Costa (Moraes Moreira e Fausto Nilo)

Outra canção carnavalesca icônica composta por Moraes Moreira nesta época – também em parceria com Fausto Nilo – é Bloco do Prazer, sucesso do Carnaval de 1979, quando gravada pelo trio elétrico de Dodô e Osmar e – depois – grade hit quando regravada magistralmente por Gal Costa, em 1982, versão que escutamos aqui.

19 – Vai Passar – Chico Buarque

Chico Buarque é outro compositor que escreveu muitos temas sobre o carnaval, principalmente na época da ditadura, quando a festa sofria bastante repressão, como Noite dos Mascarados (em 1967); Quando o Carnaval Chegar (1972); e Vai Passar (parceria com Francis Hime, de 1984), que escutamos agora.

20 – Chame Gente – Moraes Moreira (parceria com Armandinho)

 

Em 1986, Moraes Moreira volta a gravar um grande sucesso para o carnaval daquele ano: a canção Chame Gente – uma parceria com Armandinho, filho de Osmar – é uma grande homenagem ao carnaval da Bahia e fala dos circuitos e pontos mais importantes da cidade de Salvador.

21 – Haja Amor – Luiz Caldas

Em 1980, uma turma de músicos baianos foi contratada pelo estúdio WR (do empresário e produtor musical Wesley Rangel) para formar a banda Acordes Verdes, entre eles, o arranjador Alfredo Moura, o baterista Cesinha e o cantor, compositor e multi-instrumentista Luiz Caldas. Mais tarde, Carlinhos Brown também entrou para a banda, que deu início ao chamado movimento do Axé Music.

Em 1985, Luiz Caldas lançou o seu primeiro disco solo autoral, Magia, que conta com o primeiro grande sucesso nacional daquela cena musical de Salvador: a canção Fricote, composta em parceria com Paulinho Camafeu. O ritmo naquela época era chamado de Deboche, e havia sido criado por Alfredo Moura e Carlinhos Brown. O arranjo inovador e de alta qualidade técnica foi marcante para que a canção (de apenas dois acordes) se tornasse um dos maiores sucessos brasileiros, um verdadeiro hit,  espalhando-se por todo o país, estourando nas rádios brasileiras e virando um marco para o Axé Music.

A letra de Fricote foi hoje reconhecida como extremamente racista e, por isso, nem Luiz Caldas a canta mais. Por isso, selecionamos outra canção de muito sucesso do baiano, considerado o pai ou precursor do Axé Music: Haja Amor, de 1987, uma parceria com Chocolate da Bahia.

22 – Faraó Divindade do Egito – Margareth Menezes (composição Luciano Gomes)

É também em 1987 que Margareth Menezes – um dos maiores nomes da nossa música e da cultura afro-brasileira – conhece o produtor, empresário e cantor baiano Djalma de Oliveira, que a convida para gravar com ele o seu primeiro single, lançado como LP: o grande clássico Faraó (Divindade do Egito), composição de Luciano Oliveira e primeiro samba-reggae gravado no Brasil, que vende mais de 100 mil cópias.

A canção torna-se um grande marco para o Axé Music e também para o Carnaval de Salvador, quase que um hino da festa soteropolitana e faz de Margareth uma verdadeira Rainha, a ser jornada e celebrada, sempre.

23 – Beija-Flor – Timbalada (de Xexéu e Zé Raimundo)

Falando em Carlinhos Brown, em 1991, o artista fundou a Timbalada, uma banda e um movimento percussivo pelo qual já formou mais de 15 mil músicos talentosos, sendo reconhecido como arte-educador pela Sociedade Internacional de Educação Musical. A Timbalada reinventou as sonoridades do timbau, e – a partir dele – foram criados também novos instrumentos, como a Bacurinha, Surdos-Virados e Rubber Nose.

Com a Timbalada, Brown lançou inúmeros sucessos carnavalescos como: Toneladas de Desejo (composição dele, em 1994), Mimar Você (de Alain Tavares e Gilson Babilônia, em 1995); Água Mineral (de Brown, em 1996); e Beija-Flor (de Xexéu e Zé Raimundo), de 1993, que escutamos agora.

24 – O Canto da Cidade – Daniela Mercury (em parceria com Tote Gira)

Em 1992, surge outro grande ícone e outro grande hino do Carnaval baiano: Daniela Mercury. A artista baiana faz um show histórico no vão do MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo  que faz parar completamente a Avenida Paulista nos dois sentidos. Mais de 20 mil paulistanos foram dançar e cantar com Daniela, que estampou capas de jornal, ficando conhecida como a baiana que parou São Paulo”. O movimento foi tanto, que o show teve que ser interrompido no meio, pois a estrutura do MASP estava sendo abalada e as obras de arte estavam em risco.   

A canção – composta por ela e Tote Gira e um hino em homenagem à cidade de Salvador e ao povo negro – faz parte do segundo disco da cantora, de 1992, também chamado O Canto da Cidade, um dos mais importantes da carreira de Daniela, que ultrapassou três milhões de cópias vendidas no Brasil e no exterior, fazendo dela primeira artista a receber o disco de diamante por um milhão de cópias vendidas.

Por seu pioneirismo no gênero, Daniela Mercury é conhecida como a Rainha do Axé, abrindo caminhos para grandes nomes da nossa música que vieram depois, como Ivete Sangalo. Daniela foi a primeira backing vocal da Banda Eva, que, depois, veio apresentar Ivete ao mundo.

25 – Ivete Sangalo – Eva/ Alô Paixão / Beleza Rara

O primeiro disco da Banda Eva – conjunto que já existia desde o fim dos anos 70 e já tinha tido Daniela Mercury como backing vocal – com Ivete Sangalo assumindo o posto de vocalista foi lançado em 1993.

Dois discos depois, em 1996, a Banda Eva já era um dos maiores fenômenos nacionais e acumulava sucessos como Levada Louca (Gilson Babilônia, Lula Carvalho e Alain Tavares); Beleza Rara (Ed Grandão e Nego John); Alô Paixão (Jorge Xaréu); Vem Meu Amor (Silvio e Guio); Leva Eu (Durval Lelys e Cly Loyle); Arerê (Gilson Babilônia e Alain Tavares); Me Abraça (Jorge Xaréu e Roberto Moura) e Eva (Giancarlo Bigazzi, Umberto Tozzi e Vrs. Marcos Ficarelli).

Ivete Sangalo saiu em carreira solo em 1999 e, de lá pra cá, consolidou-se como uma das maiores musas do carnaval brasileiro.

Você conhece o Acervo MPB? Nesta série original Novabrasil de áudio-biografias de grandes nomes da música popular brasileira, você encontra uma temporada inteira sobre Carnaval, com a história de vários desses grandes nomes que passaram pela nossa playlist de hoje! Confira!

 

Já é Carnaval, Cidade!

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