16 anos sem João de Barro: 5 grandes sucesso do artista

Há exatos 16 anos, morria – aos 99 anos de idade – João de Barro, também conhecido como Braguinha, um dos maiores compositores da história da nossa MPB, de carreira mais longeva e também responsável por inúmeros sucessos inesquecíveis da nossa história. Inclusive, conheça nesta matéria 5 grandes sucessos do artista.

João de Barro também era conhecido como Braguinha

Também conhecido como Braguinha, pois seu nome verdadeiro era Carlos Alberto Ferreira Braga, o artista passou a usar o nome artístico de João de Barro quando integrou o Bando dos Tangarás, ao lado de Noel Rosa, Alvinho e Almirante.

Ele cursava a faculdade de Arquitetura, e seu pai não queria que ninguém da família seguisse carreira artística na música popular, muito mal vista na época, por puro preconceito. Aí, Braguinha passou a usar justamente o nome de um pássaro arquiteto como pseudônimo: João de Barro.

Em 1931, deixou a Arquitetura e dedicou-se à composição

Em 1931, resolveu deixar a Arquitetura e dedicar-se à composição. No carnaval de 1933, conseguiu os primeiros grandes sucessos com as marchas Moreninha da Praia e Trem Blindado, pouco antes do fim do Bando de Tangarás.

Passou anos dedicando-se à composição – e depois também à dublagem, inclusive de filmes da Disney – até a sua morte, por falência múltipla dos órgãos, pouco antes de completar 100 anos de idade. Sua musicografia completa, inclusive com versões, marchinhas de carnaval e músicas infantis, passa dos 420 títulos, uma das maiores e de mais sucessos da música popular brasileira.

5 grandes sucessos de João de Barro, o Braguinha

A seguir, vamos relembrar 5 dos maiores sucessos compostos por João de Barro.

1- Carinhoso (parceria com Pixinguinha)

Carinhoso é uma das obras mais importantes da música popular brasileira de todos os tempos. A música foi composta por Pixinguinha entre 1916 e 1917, sendo anterior ao seu ingresso, em 1933, como aluno, no então Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Mas, só foi gravada pela primeira vez em 1928, pela Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, contando somente com o instrumental. 

Foi só em 1937 que Carinhoso recebeu letra de João de Barro, sendo gravada com grande sucesso por Orlando Silva neste mesmo ano. Em 1950, a música recebeu uma versão em inglês, chamada Love Is Like This, composta por Ray Gilbert para o filme Romance Carioca. A interpretação ficou a cargo da atriz protagonista do filme, Jane Powell. 

Carinhoso, a canção brasileira mais regravada no país em todos os tempos

Ao longo dos anos, Carinhoso foi sendo bastante regravada, por nomes como:

• Dalva de Oliveira;
• Ângela Maria;
• Baden Powell;
• Elis Regina;
• Maria Bethânia;
• Elizeth Cardoso;
• Jair Rodrigues;
• e Tom Jobim.

Até voltar a ser um imenso sucesso em 1974, quando uma regravação foi escolhida como música tema da telenovela da TV Globo de mesmo nome.

Ganhou ainda diversas regravações, até ser escolhida, em 2009, como a terceira maior música brasileira de todos os tempos, segundo a revista Rolling Stone Brasil. Em 2021, segundo um levantamento do Ecad, a canção contava com 411 gravações registradas, fazendo de Carinhoso a canção brasileira mais regravada no país em todos os tempos.

2- Balancê (parceria com Alberto Ribeiro)

A contagiante marchinha Balancê é a primeira das grandes gravações de Gal Costa que serviu de trilha sonora para o Carnaval brasileiro. A regravação do sucesso de João de Barro e Alberto Ribeiro, lançado originalmente por Carmen Miranda, em 1936, foi o grande sucesso da folia de 1979. Era o ponto alto do show de maior sucesso comercial de Gal, Gal Tropical, que ficou um ano em cartaz.

3- Cantores do Rádio (parceria com Alberto Ribeiro e Lamartine Babo)

A marcha Cantores do Rádio foi composta por João de Barro, Alberto Ribeiro e Lamartine Babo, dentro de um ônibus, depois de uma noitada dos três em um cassino no Rio de Janeiro.

Às cinco da manhã, sem dinheiro no bolso por conta da roleta, saiu a música! E o motorista fez questão de não cobrar as passagens do trio de autores.

Foi cantando esta música que – pela primeira e única vez – as irmãs Carmen e Aurora Miranda apareceram juntas em um filme. Elas interpretaram a canção em 1936, no filme Alô, Alô, Carnaval. A faixa também entrou para a trilha do filme Quando o Carnaval Chegar, interpretada por Chico Buarque, Maria Bethânia e Nara Leão, em 1972.

4- Copacabana (parceria com Alberto Ribeiro)

Nascido no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, Braguinha teve também Botafogo como cenário de sua infância, e passou sua adolescência em Vila Isabel. Mas, era apaixonado mesmo por Copacabana.

Tanto que fez uma declaração de amor ao bairro e à praia, compondo – junto com Alberto Ribeiro –  a canção Copacabana, em 1944, gravada por Dick Farney, em 1946.

A canção foi o primeiro grande sucesso da gravadora Continental, e é a segunda composição mais gravada do repertório de João de Barro,, tendo inúmeros intérpretes em diversas regravações, como:

• Johnny Alf;
• João Donato;
• Emilio Santiago;
• Martinho da Vila;
• Elza Soares;
• Maysa;
• Nana Caymmi;
• e até Sarah Vaughan.

5- Chiquita Bacana (parceria com Alberto Ribeiro)

João de Barro e Alberto Ribeiro aproveitaram a fase do existencialismo, muito explorado pela imprensa na época, para escrever uma marchinha. Com a letra, eles pretendiam brincar com o conceito, muito trabalhado por nomes como Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre.

Além de dar a Braguinha a vitória no carnaval de 1949, pelo terceiro ano consecutivo, Chiquita Bacana tornou-se uma de suas composições mais conhecidas, batendo, inclusive, o recorde de alcance geográfico de sua obra: foi gravada:

• nos Estados Unidos;
• Argentina;
• Itália;
• Holanda;
• Inglaterra;
• e França, onde, com o título de Chiquita Madame de la Martinique, e com versos de Paul Misraki, integra as discografias de Josephine Baker e Ray Ventura.

A primeira gravação de Chiquita Bacana foi realizada por Emilinha Borba neste mesmo ano, e ficou imortalizada na voz da cantora.