Pixinguinha e o Dia Nacional do Choro
Pixinguinha e o Dia Nacional do Choro
Vou sabia que em 23 de abril é celebrado no Brasil o Dia Nacional do Choro? A data foi escolhida porque acreditava-se ser o aniversário do maestro, compositor, flautista, saxofonista e arranjador carioca Pixinguinha, um dos maiores nomes da música popular brasileira de todos os tempos, e artista que contribuiu diretamente para que o Choro … Continued
Vou sabia que em 23 de abril é celebrado no Brasil o Dia Nacional do Choro?
A data foi escolhida porque acreditava-se ser o aniversário do maestro, compositor, flautista, saxofonista e arranjador carioca Pixinguinha, um dos maiores nomes da música popular brasileira de todos os tempos, e artista que contribuiu diretamente para que o Choro encontrasse uma forma musical no país.
Acontece que, em 2016, descobriu-se que – provavelmente – a verdadeira data de nascimento de Pixinguinha foi no dia 04 de maio de 1897. Mas, o Dia Nacional do Choro – criado oficialmente em setembro de 2000, em uma lei originada por iniciativa do bandolinista e compositor Hamilton de Holanda e seus alunos da Escola de Choro Raphael Rabello – permaneceu sendo celebrado todo dia 23 de abril.
E, por isso, hoje é dia de celebrar este gênero musical tão importante para nós brasileiros.
Sobre o Choro
O Choro pode ser considerado como a primeira música urbana tipicamente brasileira. Tem como origens estilísticas o lundu – ritmo de inspiração africana à base de percussão – e gêneros europeus.
A composição instrumental dos primeiros grupos de Choro era baseada na trinca flauta, violão e cavaquinho, mas – com o desenvolvimento do gênero – outros instrumentos de corda e sopro foram incorporados.
O Choro é visto como o recurso do qual se utilizou o músico popular para executar, ao seu estilo, a música importada e consumida nos salões e bailes da alta sociedade do Império a partir da metade do século XIX.
Sob o impulso criador e improvisado dos Chorões e Choronas – como são chamados os e as instrumentistas que tocam Choro – logo a música resultante perdeu as características dos seus países originários e adquiriu traços genuinamente brasileiros.
Os primeiros conjuntos de Choro surgiram por volta da década de 1870, nascidos nas biroscas do bairro Cidade Nova e nos quintais dos subúrbios cariocas.
O flautista e compositor Joaquim Antônio da Silva Calado, os pianistas Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga (confira tudo sobre ela no especial Acervo MPB), e o maestro Anacleto de Medeiros compuseram quadrilhas, polcas, tangos, maxixes, xotes e marchas, estabelecendo os pilares do Choro e da música popular carioca da virada do século XIX para o século XX, que com a difusão de bandas de música e do rádio, foi ganhando todo o território nacional.
A improvisação e a virtuosidade são condições básicas do bom Chorão. O Choro não se caracteriza por um ritmo específico, mas pela maneira de se tocar solta e sincopada, repleta de ornamentos e improvisações.
Assim, é muito vasta a gama de ritmos nos quais se baseiam os compositores de Choro. Dentre os principais ritmos utilizados, pode-se citar o maxixe, o samba, a polca e a valsa. Além disso, há Choros de andamento rápido e Choros mais lentos (apelidados “varandões”).
A origem do nome Choro
Existem inúmeras discussões entre os pesquisadores sobre a origem do nome “Choro”. Uns dizem que o termo surgiu de uma fusão entre a palavra “choro”, do verbo “chorar”, e “chorus”, que em latim significa “coro”.
Outros alegam que a expressão pode derivar da maneira chorosa de se tocar as músicas estrangeiras no final do século XIX e que as pessoas que a apreciavam passaram a chamá-la de “música de fazer chorar”. Outros pesquisadores ainda indicam que o nome deriva dos “choromeleiros”, músicos que tocavam instrumentos de sopro e que tiveram atuação importante no período colonial brasileiro.
Sobre Pixinguinha
Pixinguinha é herdeiro de toda essa tradição musical, consolidando o Choro como gênero musical, levando o virtuosismo na flauta e aperfeiçoando a linguagem do contraponto com seu saxofone.
Nascido no Rio de Janeiro, era filho de um flautista amador, que fez parte de um grupo de músicos que sistematizou e divulgou a linguagem do Choro na virada do século XIX para o XX e tinha uma grande coleção de partituras de choro antigas, incluindo originais de Joaquim Antônio Callado, considerado o “patrono dos chorões”.
Seu pai organizava frequentes reuniões musicais em sua casa e Pixinguinha foi iniciado no cavaquinho pelos irmãos mais velhos e tinha uma flauta rudimentar de lata com que tirava músicas de ouvido.
Talento precoce, com 11 anos já acompanhava o pai e começava a compor, quando se tornou aluno de Irineu de Almeida, com quem desenvolveu as habilidades de leitura e escrita de partituras e se aperfeiçoou na flauta.
Mais tarde, Pixinguinha organizou inúmeros grupos musicais – como o Caxangá, com Donga e João Pernambuco, e o Oito Batutas – tornando-se o maior compositor de Choro do Brasil.
Quando compôs dois de seus choros mais famosos – as canções Carinhoso (uma das obras mais importantes da música popular brasileira de todos os tempos, primeiro lançada em versão instrumental e que depois ganhou letra de João de Barro) – entre 1916 e 1917 – e Lamentos (parceria com Vinicius de Moraes) – em 1928 – Pixinguinha foi criticado e essas composições foram consideradas como tendo uma inaceitável influência do jazz.
A verdade é que as canções eram verdadeiras obras-primas, desenvolvidas demais para a época.
Em 2009, Carinhoso foi considerada a terceira maior música brasileira de todos os tempos, em lista elaborada pela revista Rolling Stone Brasil. Em 2021, segundo um levantamento do Ecad, a canção contava com 411 gravações registradas, sendo a canção brasileira mais regravada no país em todos os tempos.
Choros famosos
A seguir, confira uma lista de alguns dos mais importantes Choros da nossa história:
- Carinhoso – Pixinguinha (Pixinguinha e João de Barro)
- Lamentos – Pixinguinha e Jacob do Bandolim (Pixinguinha e Vinicius de Moraes)
- Atraente – Chiquinha Gonzaga
- Doce de Coco – Jacob do Bandolim
- Brasileirinho – Waldir Azevedo
- Apanhei-te Cavaquinho – Ernesto Nazareth
- Corta-Jaca – Chiquinha Gonzaga
- Tico-Tico no Fubá – Carmen Miranda (Zequinha de Abreu)
- Camisa Listada – Carmen Miranda e Assis Valente (Assis Valente)
- Espinha de Bacalhau – Dominguinhos (Severino Araújo)
por Lívia Nolla