
Cigarro eletrônico pode criar geração de dependentes no Brasil
Cigarro eletrônico pode criar geração de dependentes no Brasil
A avaliação é do infectologista e colunista da Novabrasil, Renato Kfouri


A chegada do cigarro eletrônico era para ser uma redução de danos, mas acaba gerando uma legião de dependentes. A avaliação é do infectologista e colunista da Novabrasil, Renato Kfouri.
Em entrevista à Novabrasil, Kfouri comentou a manutenção da proibição de uso dos cigarros eletrônicos no Brasil. Segundo ele, “a gente não pode ao preço de aumentar impostos ou legalizar uma atividade, condenar tantos jovens que nunca fumariam e entram agora nesse vício”. Isso pode levar à doenças pulmonares crônicas e câncer de pulmão.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária decidiu manter a proibição desse tipo de cigarro. Com isso, continua proibida a comercialização, fabricação e importação, transporte, armazenamento e propaganda desses produtos.
Com a decisão, a Anvisa informa que qualquer modalidade de importação desses produtos fica proibida, inclusive para uso próprio ou na bagagem de mão do viajante.
De acordo com a agência, a norma não trata do uso individual, porém veda o uso dos dispositivos em ambiente coletivo fechado.
Segundo Renato, o cigarro comum leva a uma queima, uma combustão e a pessoa inala a nicotina, o alcatrão e o papel. A ideia inicial dos vaporizadores é aquecer a nicotina líquida e fumar essa nicotina sem tantos outros fatores ruins. “Parece óbvio, vou fumar algo que é menos mal do que a nicotina com outras coisas e isso vai trazer melhor benefício. Mas, isso vai fazer com que muita gente que não fumaria passe a fumar”, diz ele.
Atualmente, o Brasil tem menos de 10% de fumantes no país. Em relação ao cigarro eletrônico, um em cada cinco jovens, de 18 a 24 anos, faz uso dos vaporizadores. Os números também mostram que a quantidade de tragadas que é dada nesse tipo de cigarro equivale a praticamente um maço por dia. São cinco a sete vezes mais nicotina com o cigarro eletrônico na comparação com o cigarro comum.
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Renato Kfouri alerta, porém, que o problema não acaba porque as pessoas continuam usando, mesmo com a proibição. Mas, cria um ambiente propício para fiscalização e observação em espaços públicos ou escolas.
Para o infectologista, a atratividade da embalagem do cigarro eletrônico é outro ponto que gera apelo aos vaporizadores, assim como o aroma do produto. E, ao lembrar, a mudança e o uso dos cigarros comuns na população, ele cita a redução do número de fumantes de cigarros comuns. “Hoje o fumante precisa sair do seu lugar para fumar, tem as propagandas no maço de cigarro alertando. Isso trouxe uma redução de quase um terço da população masculina que fumava para menos de 10% atualmente”, conclui Kfouri.
Para ele, seria um retrocesso enorme diante dos avanços que tivemos no combate ao tabagismo, se o uso dos cigarros eletrônicos fosse liberado.