O adeus ao poeta Luiz Galvão

Novabrasil
15:00 24.10.2022
Jornalismo

O adeus ao poeta Luiz Galvão

A música popular brasileira está mais triste. No último sábado, dia 22 de outubro, o poeta e compositor Luiz Galvão – fundador e principal letrista dos Novos Baianos, faleceu em São Paulo, aos 87 anos.  De Juazeiro, Bahia Luiz Galvão, um dos fundadores dos Novos Baianos Nascido em Juazeiro, na região norte da Bahia, e … Continued

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- 24.10.2022 - 15:00
O adeus ao poeta Luiz Galvão
Luiz Galvão, poeta e fundador dos Novos Baianos,

A música popular brasileira está mais triste. No último sábado, dia 22 de outubro, o poeta e compositor Luiz Galvão – fundador e principal letrista dos Novos Baianos, faleceu em São Paulo, aos 87 anos. 

Luiz Galvão, poeta e fundador dos Novos Baianos, faleceu em São Paulo, aos 87 anos | Foto: Reprodução/Instagram

De Juazeiro, Bahia

Luiz Galvão, um dos fundadores dos Novos Baianos

Nascido em Juazeiro, na região norte da Bahia, e chegou a jogar futebol profissionalmente e se formar em agronomia, antes de resolver dedicar-se de vez à carreira artística e conhecer – em Salvador – o também baiano Moraes Moreira.

Foi Tom Zé quem apresentou Galvão a Moraes – seu maior parceiro de toda a vida – quando este último cursava o Seminário de Música na Universidade Federal da Bahia e teve aulas de violão com Tom Zé

Passaram a compor juntos, Luiz Galvão e Moraes Moreira. E juntaram-se a Paulinho Boca de Cantor, Pepeu Gomes e Baby do Brasil (na época, Baby Consuelo), para fundar os Novos Baianos. Além deles, na formação original estavam Jorginho Gomes na bateria e bandolim, Bola Morais e Baixinho na percussão e Dadi no baixo.

Em 1968, a banda decidiu montar um show que viria a ser espetáculo de estreia dos Novos Baianos: O Desembarque dos Bichos Depois do Dilúvio Universal. No ano seguinte, foram para São Paulo, para participar do 5º Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record, defendendo a canção De Vera, de Moraes Moreira, com letra de Galvão.

É Ferro na Boneca

Em 1970, os Novos Baianos mudaram-se para o Rio de Janeiro e lançaram o seu primeiro disco, É Ferro Na Boneca, com mais ênfase no rock, mas já focando na mistura de vários gêneros e instrumentos musicais, característica marcante do grupo.

A banda transformou a cena musical brasileira para sempre, com suas composições icônicas, que misturam o rock – vertente inicial do grupo – com samba, ijexá, frevo, choro, afoxé, baião, influências da Tropicália, da Jovem Guarda e da Bossa Nova

João Gilberto era amigo de infância de Galvão

João Gilberto, aliás, foi um dos grandes responsáveis pela estética multifacetada do grupo e frequentador assíduo do apartamento para o qual os Novos Baianos se mudaram juntos, no Rio de Janeiro. O Pai da Bossa Nova era amigo de infância de Luiz Galvão, lá de Juazeiro

Em 1971, os Novos Baianos lançaram um compacto com a clássica canção Dê Um Rolê, também de Moraes e Galvão. O apartamento de Botafogo, em que viviam todos juntos, aumentou o entrosamento do grupo e as visitas constantes que recebiam do amigo e mestre, João Gilberto, influenciou a banda profundamente para o que viria a ser o próximo álbum dos Novos Baianos.

Novos Baianos ainda existem
Integrantes dos Novos Baianos | Foto: Instagram.

Acabou Chorare

Foi em 1972, no segundo disco – o antológico Acabou Chorare – que os Novos Baianos atingiram o auge do sucesso, entrando para a história como o melhor álbum brasileiros de todos os tempos (eleito pela revista brasileira Rolling Stone, em 2007.

No disco, desenvolvido durante o tempo em que o grupo viveu em comunidade no famoso sítio de Jacarepaguá, estão as clássicas:

  • Acabou Chorare;
  • Preta Pretinha;
  • Mistério do Planeta;
  • A Menina Dança;
  • e Tinindo Trincando (todas citadas são parcerias do poeta Luiz Galvão com Moraes Moreira);
  • Além de Swing de Campo Grande, da dupla com Paulinho Boca de Cantor;
  • e Besta É Tu, da dupla com Pepeu Gomes. 

No ano seguinte, a banda lançou o disco Novos Baianos F.C. (os integrantes dos Novos Baianos também tinham um time de futebol – grande paixão de Galvão – e jogavam diariamente no sítio de Jacarepaguá);, que traz as clássicas Sorrir E Cantar Como Bahia, também de Galvão e Moraes; e Os ”Pingo” da Chuva, da dupla com Pepeu Gomes.

Foram mais seis discos até 1978, quando a banda resolveu parar as suas atividades para seus integrantes dedicarem-se às suas carreiras solo (Moraes já tinha saído em 1975). 

Galvão e suas obras literárias

Anos 70: Novos e Baianos

Durante o tempo em que não esteve com os Novos Baianos, Galvão dedicou-se à poesia e aos romances. Publicou, em 1997, o livro Anos 70: Novos e Baianos, lançado pela Editora 34, relatando a trajetória do grupo. Neste mesmo ano, os Novos Baianos voltaram a se reunir para gravar o disco Infinito Circular, com sucessos do grupo.

Depois, em 2015, os Novos Baianos anunciaram o seu retorno, depois de anos afastados dos palcos. A turnê Acabou Chorare – Novos Baianos Se Encontram teve sucesso absoluto e durou até 2018, tendo gerado um disco em 2017.

Galvão também é autor dos livros:

  • Novos Baianos: A história do grupo que mudou a MPB;
  • João Gilberto: A Bossa;
  • e Anos 80: A história de uma amizade na década perdida.

O poeta também lançou o disco solo Galvão, A Palavra dos Novos Baianos.

Veja também:

Galvão estava internado desde setembro, de 2022

Luiz Galvão estava internado desde setembro, quando deu entrada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com suspeita de uma hemorragia gastrointestinal. Depois, ele foi transferido para o Instituto do Coração, onde faleceu.

Segundo a família, o músico vinha passando por problemas de saúde nos últimos anos. Ele era diabético, havia sofrido um AVC e um infarto. Antes da internação, ele já estava acamado.

Seu parceiro de Novos Baianos, Moraes Moreira, já havia nos deixado em maio de 2021, aos 72 anos, após sofrer um infarto agudo do miocárdio.

Sua outra companheira de banda, Baby do Brasil, publicou uma homenagem ao poeta em seu Instagram oficial:

“Já imortalizado na arte por suas letras maravilhosas, sua identidade poética, seu estilo inconfundível, o poeta Galvão, não apenas escreveu letras maravilhosas, mas escreveu uma das mais importantes páginas da nossa música brasileira: com o disco ‘Acabou Chorare’. (…) Investimos com extrema dedicação no propósito de fazermos uma música genuína, com as melhores influências de todos e, de todos os tempos e sobretudo brasileiríssima! Nosso desejo era que a nossa música se tornasse, um dia, “como uma seta no caminho de casa” da música brasileira, para as futuras gerações. Conseguimos!”.

Pepeu Gomes também fez sua homenagem:

Foram anos de convívio, amizade, futebol, música, inspirações e poesia. Poeta será recebido ao som de acordes bonitos! Aproveite e dê um beijo em todos os baianos, Moraes e João Gilberto por mim”. 

Paulinho Boca de Cantor escreveu:

“Um compositor único, só ele mesmo pra traduzir a experiência coletiva, a vivência e a beleza da nova família que inventamos e que foi responsável, pela inspiração e pelas criações antológicas desse grande ser. Vamos estar juntos todas as vezes que cantarmos suas canções, todas as vezes que a sua poesia, tocar nos nossos corações.”

Vá em paz, poeta! Seu legado é eterno!

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