A história do Rap: conheça o estilo musical que une ritmo e poesia
A história do Rap: conheça o estilo musical que une ritmo e poesia
Conheça a história do rap, a forma musical do hip hop, um dos movimentos culturais mais influentes e expressivos da história
O que é o rap? Como ele surgiu? Quais os seus principais nomes? Hoje, vamos conhecer a história do rap e a evolução do estilo musical que une ritmo e poesia, no Brasil e no mundo.
O surgimento do rap no mundo
O hip hop é um dos movimentos culturais mais influentes e expressivos da história. Surgido na Jamaica durante a década de 60, foi levado para os EUA, na década de 70 e se espalhou pelo mundo, impactando a música, a dança, a arte e a sociedade.
O rap teve origem na Jamaica, em meados da década de 1960, quando surgiram os sistemas de som, que eram colocados nas ruas dos guetos jamaicanos para animar bailes. Esses bailes serviam de fundo para o discurso dos “toasters”, autênticos mestres de cerimônia que comentavam – nas suas intervenções – assuntos como a violência das favelas de Kingston e a situação política da Ilha, sem deixar de falar, é claro, de temas como sexo e drogas.
No início da década de 1970 muitos jovens jamaicanos foram obrigados a emigrar para os Estados Unidos, devido a uma crise econômica e social que se abateu sobre a ilha. Eles introduziram as grandes festas populares em grandes galpões, com a prática de ter um MC, que subia no palco junto ao DJ e animava a multidão, gritando e encorajando com as palavras rimadas, até que foi se formando o rap.
Um DJ em especial, o jamaicano Kool Herc, introduziu em Nova Iorque a tradição dos sistemas de som e do canto falado, que se sofisticou com a invenção do scratch, técnica musical utilizada para produzir sons ao “arranhar” o disco de vinil para frente e para trás repetidas vezes em um toca discos para produzir sons percussivos ou rítmicos.
Em 1973, o DJ Kool Herc organizou uma festa que mudaria a história da música mundial. Ele resolveu tocar apenas os trechos instrumentais e as batidas mais fortes das canções de funk e soul, criando um ritmo contínuo e dançante. Esses trechos ficaram conhecidos como breaks, e foram a base para o surgimento do rap, do break dance e do grafite, as três principais manifestações do hip hop.
O hip hop é um movimento cultural que se espalhou pelo mundo, influenciando a música, a dança, a arte e a sociedade. No Brasil, o hip hop chegou na década de 80 e se desenvolveu como uma forma de expressão artística, cultural e política dos jovens das periferias.
O hip hop passou a representar a voz e a resistência das minorias e dos excluídos, uma ferramenta de conscientização
O que é o rap?
O rap é a forma musical do hip hop, que consiste em rimas faladas sobre uma base rítmica. O breakdance é a forma de dança do hip hop, que envolve movimentos acrobáticos e sincronizados com a música. E o grafite é a forma de arte visual do hip hop, que consiste em desenhos e inscrições feitos com spray nas paredes da cidade.
O rap surgiu como uma resposta aos anseios, medos e represálias que a classe dominante exercia e ainda exerce sobre a minoria, seja ela racial ou social, ou ambas.
Essas três formas de expressão se tornaram populares entre os jovens negros e latinos que viviam nas áreas mais pobres e violentas de Nova York. Eles usavam o hip hop como uma forma de protesto, de identidade, e de expressão.
Alguns dos primeiros grupos e artistas que se destacaram no cenário do hip hop foram Grandmaster Flash and the Furious Five, Afrika Bambaataa and the Soulsonic Force, Sugarhill Gang, Kurtis Blow e Run DMC.
O primeiro disco de rap que se tem notícia, foi registrado em vinil e dirigido ao grande mercado (as gravações anteriores eram “piratas”) por volta de 1978, contendo a célebre King Tim III, da banda Fatback.
Na década de 80, o hip hop ganhou mais visibilidade e reconhecimento, graças ao surgimento da MTV, que passou a exibir videoclipes de rap. Além disso, o rap se misturou com outros gêneros musicais, como o rock, o pop e o reggae, criando novas sonoridades e ampliando o seu público.
Nessa época, surgiram nomes como Beastie Boys, LL Cool J, Public Enemy, N.W.A., Salt-N-Pepa e MC Hammer. Na década de 90, o hip hop se consolidou como um fenômeno mundial, alcançando as paradas de sucesso e as premiações mais importantes da indústria musical.
Foi nesse período que surgiram as duas principais vertentes do rap: o gangsta rap e o rap alternativo. O gangsta rap é caracterizado por letras violentas e realistas, que retratam a vida nas ruas e nos guetos. O rap alternativo é caracterizado por letras mais conscientes e críticas, que abordam temas sociais e políticos.
O gangsta rap teve como principais expoentes Tupac Shakur e Notorious B.I.G., que protagonizaram uma rivalidade entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos, que resultou na morte dos dois rappers.
Outros nomes importantes do gangsta rap são Dr. Dre, Snoop Dogg, Ice Cube, Eazy-E e Nas. O rap alternativo tem como principais expoentes A Tribe Called Quest, De La Soul, The Roots, Outkast e Lauryn Hill.
Na década de 2000, o hip hop continuou se reinventando e se diversificando, incorporando novos elementos sonoros e visuais. Alguns dos artistas que se destacaram nesse período foram Eminem, Jay-Z, Kanye West, 50 Cent, Lil Wayne, Drake, Kendrick Lamar, Nicki Minaj, Beyoncé e Rihanna. Eles levaram o hip hop para as grandes arenas e para as mídias digitais, alcançando um público cada vez maior e mais variado.
História do Rap no Brasil
O hip hop chegou ao Brasil no início dos anos 80, trazido por grupos de breakdance que se reuniam na Galeria 24 de Maio e na estação São Bento, no centro de São Paulo. Eles escutavam as músicas americanas e criavam seus próprios passos e coreografias.
Os primeiros a ter contato com o hip hop no Brasil foram os dançarinos de break, chamados de b-boys. Um dos nomes mais importantes dessa cena foi Nelson Triunfo, considerado o pai do hip hop brasileiro.
Além da dança, o rap também começou a ganhar espaço no Brasil. Os primeiros rappers brasileiros foram influenciados pelo funk e pelo soul nacionais, além do reggae e do samba.
Eles usavam o rap como uma forma de expressar suas vivências nas periferias e denunciar as injustiças sociais. Essa música se espalhou pelas periferias do Brasil e se tornou um movimento de conscientização a respeito do racismo e da desigualdade social.
Foi o primeiro grande veículo que conectou as classes operárias às ideias dos intelectuais pretos brasileiros, sendo vinculado a todas as conquistas da classe trabalhadora desde então.
Alguns dos pioneiros do rap brasileiro foram Thaíde e DJ Hum, Racionais MC’s, Planet Hemp, Gabriel O Pensador e MV Bill.
Na década de 90, o rap brasileiro se consolidou como um movimento cultural e político, ganhando mais visibilidade e reconhecimento. O rap se misturou com outros gêneros musicais, como o rock, o pop e o samba.
Alguns dos artistas que se destacaram nesse período foramMarcelo D2, Sabotage, Rappin’ Hood, Emicida, Criolo, Dina Di, DJ Jamaika, GOG, Karol Conkáentre outros.
Na década de 2000, o rap brasileiro continuou se renovando e se diversificando, incorporando novos elementos sonoros e visuais. Alguns dos artistas que se destacaram nesse período foram Rashid, Drik Barbosa, Rael, Flora Matos, Baco Exu do Blues, Djonga, Tribo da Periferia e Linn da Quebrada.
Eles levaram o rap para as plataformas digitais e para os grandes festivais, alcançando um público cada vez maior e mais variado.
Embora a música rap seja vista como sinônimo de denúncia, ela é muito mais. E na busca por sua essência, ela se fundiu ao universo da música popular brasileira – principalmente do samba – de maneira tão intensa, que redefine a existência de ambas.
A despeito do racismo estrutural brasileiro, a cultura hip hop emancipa jovens no país inteiro, inclusive economicamente. E hoje, o ambiente digital possibilita que artistas independentes alcancem feitos raros ou inéditos até então.
Fontes:
Documentário Amarelo – É Tudo Pra Ontem