Dia de Rita Lee, a mãe do Rock’n Roll brasileiro

Hoje seria aniversário de um dos nomes mais importantes da história da música popular brasileira: Rita Lee, completaria 77 anos neste 31 de dezembro de 2024.

A mãe do rock brasileiro nos deixou em maio do ano passado, mas segue sendo uma lenda da nossa cultura e seu legado ainda viverá por gerações e gerações.

No dia em que Rita celebraria mais um ano de uma vida bem vivida, vamos fazer uma retrospectiva de fatos memoráveis da sua trajetória e relembrar outras homenagens que já fizemos para a nossa eterna roqueira favorita!

Tudo sobre Rita Lee

A cantora, compositora, multi-instrumentista e escritora paulistana Rita Lee Jones de Carvalho vendeu mais 55 milhões de discos ao longo quase 60 anos anos de carreira, estando entre os cinco artistas que mais venderam discos na história da nossa música e sendo uma das mulheres mais influentes do país, conhecida nacional e internacionalmente.

Versátil, além do rock’n roll, Rita passeou brilhantemente por vários outros gêneros musicais como o pop, as baladas, a música eletrônica, o psicodélico e a bossa nova.

Com mais de 300 composições, foi uma das primeiras mulheres roqueiras no Brasil, um meio antes totalmente dominado por homens, e se tornou referência para uma centena de mulheres artistas que vieram depois dela na música brasileira. É raro encontrar uma cantora brasileira que não tenha se inspirado em Rita Lee.  

Ativista e feminista, Rita não participou somente de revoluções na música, mas também no que diz respeito à sociedade como um todo e ao comportamento, posicionamento, independência e liberdade sexual das mulheres. Suas letras livres, fortes e questionadoras foram fundamentais para este movimento, sempre rompendo com as convenções sociais impostas. 

Outra área em que Rita Lee atuou ativamente foi na dos direitos dos animais e da preservação do meio ambiente. 

Paulistana nascida na Vila Mariana, Rita era filha de pai norte-americano e mãe brasileira e falava fluentemente diversas línguas. Começou a estudar piano ainda criança, mas se interessou mais fortemente por música na adolescência, quando escutava desde os internacionais Beatles e Elvis Presley, aos brasileiros Ângela Maria e João Gilberto.

Ainda adolescente, começou a compor suas primeiras canções e, em 1963, formou sua primeira banda, com duas amigas, passando a tocar em festinhas de escola. Em 1966, passou a se apresentar, ao lado dos irmãos Arnaldo Baptista, no baixo, e Sérgio Dias, na guitarra, como elenco fixo do programa do Ronnie Von. Ali, nasciam Os Mutantes. 

Os Mutantes foram a primeira banda do Brasil a fazer uma espécie de rock psicodélico, inovador e experimental. Na banda, Rita Lee – além de cantar e compor – tocava flauta, teclados, percussão, banjo e fazia performances com sintetizadores e objetos inusitados.

Com o trio, se apresentou nos grandes festivais de música brasileira, e acompanhou Gilberto Gil na histórica apresentação de Domingo no Parque e – depois – Caetano Velosoem É Proibido Proibir, se juntando a eles e a outros grandes nomes como Gal CostaeTom Zéna consolidação de um movimento de contracultura que transformou a música brasileira para sempre: o Tropicalismo, e participando do antológico disco Tropicália ou Panis Et Circensis.

Com os Mutantes, Rita gravou quase 10 discos e eternizou canções clássicas como Ando Meio Desligado, 2001, Tecnicolor, Top Top e Balada do Louco.

Uma trajetória e tanto

Em 1973, ano seguinte de sua saída dos Mutantes, Rita se juntou à cantora, compositora e guitarrista Lúcia Turnbull, ao guitarrista Luis Sérgio Carlini, ao baixista Lee Marcucci e a outros músicos, para formar a banda Tutti Frutti. Esta foi a banda que acompanhou Rita Lee nos seus primeiros anos de carreira solo. 

Nesta fase, ela lançou clássicos como Mamãe Natureza e Menino Bonito e o histórico álbum Fruto Proibido, considerado uma obra prima e um dos principais discos do rock brasileiro, que traz vários grandes sucessos da carreira da cantora como Agora Só Falta Você, Esse Tal de Roque Enrow eOvelha Negra, consolidando Rita Lee definitivamente como uma das maiores artistas do nosso país, sendo chamada – a partir de aí – de Rainha do Rock Brasileiro (título que ela sempre achou cafona, preferindo Mãe do Rock Brasileiro e – mais tarde – Vovó do Rock Brasileiro).

Em 1976, Rita conheceu o multi-instrumentista e compositor Roberto de Carvalho, que entrou para sua banda como tecladista e se tornou seu grande parceiro na música e na vida desde então, e até os últimos dias da sua jornada neste plano. Juntos, eles tiveram três filhos, entre eles o músico Beto Lee, que também entrou como parte da banda de Rita mais para frente e hoje toca com os Titãs.

Nos anos seguintes, Rita lançou mais e mais clássicos – como Jardins da Babilônia e Eu & Meu Gato – sofreu perseguição por conta da ditadura militar e chegou a ser presa, grávida do seu primeiro filho. Já sem a banda Tutti Frutti, passou a trabalhar cada vez mais em parceria com Roberto e a assinar alguns discos com o nome dos dois.  

Em seguida, vieram turnês internacionais e mais grandes sucessos, como: 

• Mania de Você
• Chega Mais
• Papai Me Empresta O Carro
• Doce Vampiro
• Lança Perfume
• Bem-me-Quer
• Caso Sério
• Nem Luxo, Nem Lixo
• Baila Comigo
• Orra Meu
• Saúde
• Banho de Espuma
• Cor-de-Rosa Choque
• Desculpe o Auê
• Alô, Alô Marciano
• Erva Venenosa
• Pagu 
• E tantos outros que não caberiam em uma só matéria!

Com o disco 3001, Rita Lee venceu – em 2001 – o Grammy Latino de Melhor álbum de Rock em Língua Portuguesa. No mesmo ano, lançou um disco inteiro com versões e regravações de canções dos Beatles em bossa nova.

Nos anos 2000, vieram novos hits como Amor e Sexo, Tudo Vira Bosta e  Reza. Em 2010, Rita – então com 65 anos e uma trajetória e tanto na música brasileira – anunciou a sua aposentadoria dos palcos. Mas, da música, jamais!

Rita também trabalhou como atriz e apresentadora e foi uma excelente escritora, tendo escrito, além de sua famosa autobiografia (e a continuação dela), diversos livros infantis que falam sobre a natureza e o meio ambiente. Também foi lançado um livro póstumo da cantora, neste ano de 2024: “O mito do mito – De fã e de louco, todo mundo tem um pouco”.

Sua trajetória inspirou dois musicais estrelados por Mel Lisboa e uma exposição histórica no Museu da Imagem e do Som de São Paulo.

Já avó e mais reclusa desde que se aposentou dos palcos, em 2021, Rita Lee deu um susto em todos ao anunciar que estava tratando um câncer no pulmão, aos 73 anos de idade. 

Em 2023, esse furacão chamado Rita Lee partiu, aos 75 anos, deixando o Brasil inteiro abalado. Acontece que mesmo não estando mais neste plano, nossa eterna Ritinha continua cheia de graça e fazendo um monte de gente feliz!

Obrigada por sua existência, Rita!

Homenagens da Novabrasil à Mãe do Rock Brasileiro, Rita Lee

1 – Podcast Acervo MPB

Rita Lee foi uma das artistas homenageadas na série de áudio-biografias exclusiva Novabrasil: Acervo MPB. Nela, nós contamos a história da vida e da obra de grandes nomes da música popular brasileira, como uma verdadeira enciclopédia da nossa MPB. O episódio sobre Rita está especial e nós nos orgulhamos muito de ter homenageado esta gigante da nossa música ainda em vida.

 2 – Playlist com os 40 maiores sucessos de Rita Lee

Uma Playlist Especial, com os 40 maiores sucessos da artista, que marcaram gerações e gerações.

3 – Multiversos Especial Rita Lee

A cantora e compositora mineira Roberta Campos, preparou sua coluna especial Multiversos inteiramente em homenagem à obra de Rita Lee.

4 – Foras de Série com Rita Lee

Ritinha também foi uma das artistas celebradas pelo nosso especial Foras de Série, que traz grandes nomes brasileiros que fizeram história com suas trajetórias inigualáveis. Em oito capítulos, o especial passou por diversos momentos da trajetória de Rita Lee.

5 – Histórias das músicas de Rita Lee

No ano passado, no dia do aniversário do parceiro de vida e de música de Rita Lee, Roberto de Carvalho, nós contamos a história de dois grandes sucessos da dupla: Alô, Alô Marciano e Banho de Espuma.

6 – Nosso texto de despedida

E, para finalizar, releia o texto que nossa pesquisadora musical e apresentadora, Lívia Nolla, escreveu no dia da morte de Rita, para nos despedir da cantora com todo o amor e gratidão à eterna musa de todos nós.