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A Importância de Humberto Teixeira para a MPB

Lívia Nolla
10:10 05.01.2025
Autor

Lívia Nolla

Cantora e Pesquisadora Musical
Música

A Importância de Humberto Teixeira para a MPB

Entenda por quais motivos o artista cearense Humberto Teixeira - que faria aniversário hoje - é um dos maiores nomes da nossa música

Lívia Nolla - 05.01.2025 - 10:10
A Importância de Humberto Teixeira para a MPB
Humberto Teixeira, o doutor do baião | Imagem: Reprodução

Você já ouviu falar de Humberto Teixeira?

Caso a resposta seja negativa, esta música aqui, você conhece, né?

Ai quem me dera voltar

Pros braços do meu xodó

Saudade assim faz roer

E amarga qui nem jiló

Mas ninguém pode dizer

Que me viu triste a chorar

Saudade, o meu remédio é cantar

Ou esta outra aqui?

Quando oiei’ a terra ardendo

Qual fogueira de São João

Eu preguntei’ a Deus do céu, uai

Por que tamanha judiação?

Eu preguntei’ a Deus do céu, uai

Por que tamanha judiação?”

Pois saiba que o compositor dessas e de outras diversas músicas importantíssimas da história da MPB, é um dos grandes gênios da nossa cultura: o compositor, instrumentista, poeta, advogado e político cearense Humberto Teixeira, que nasceu há exatos 109 anos, no dia 05 de janeiro de 1915.

E hoje, nós vamos entender a importância de Humberto Teixeira para a história da música popular brasileira, suas principais composições, e relembrar sua parceira com Luiz Gonzaga – o Rei do Baião – tornando Humberto o Doutor do Baião.

Quem foi Humberto Teixeira?

Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga | Foto: Reprodução

Nascido em Iguatu, município do Ceará, desde cedo,  Humberto Teixeira apresentava aptidões para a música: aos 13 anos já tocava flauta na orquestra que musicava os filmes mudos no Cine Majestic de Fortaleza. Aos 15 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro onde, aos 18 anos, foi premiado no seu primeiro concurso de música carnavalesca. 

Em 1943, Humberto formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesta época, já tinha composto sambas, marchas, xotes, sambas-canções e toadas e tentava lançar o ritmo nordestino “balancê” ou “balanceio” tocado pelo parceiro Lauro Maia, com quem compôs algumas canções.

Em 1945, Humberto Teixeira já tinha gravado sua primeira música, o samba Sinfonia do Café (em parceria com Lírio Panicalli), quando conheceu Luiz Gonzaga e, em uma conversa animada entre os dois, surgiu a intenção de valorizar o ritmo nordestino, que já vinha sendo introduzido no ambiente cultural carioca. 

O pernambucano de Exu já estava fazendo carreira no Rio de Janeiro nesta época, e – depois – veio a tornar-se uma das maiores lendas da música popular brasileira e um dos nomes mais importantes da história do país, por sua contribuição memorável para a nossa cultura.

Gonzagão sintetizou como ninguém os ritmos nordestinos, por meio de uma releitura da cultura popular, que resultou na criação do Baião. O gênero musical atingiu o auge do sucesso nas décadas de 40 e 50, levando – para sempre – a cultura musical nordestina ao Brasil inteiro e também ao mundo. 

Por isso, o cantor, compositor e instrumentista pernambucano ficou conhecido como o Rei do Baião. Além do baião, ele também apresentou ao mundo todo o xote, o xaxado e o forró pé de serra.

Humberto Teixeira foi um dos principais parceiros deLuiz Gonzaga, com quem compôs 27 músicas somente entre os anos de 1947 e 1952. A primeira parceria dos dois foi a canção No Meu Pé de Serra, em 1947. Humberto teve – junto com Luiz Gonzaga – uma grande contribuição para o sucesso do baião, fazendo-o ficar conhecido como o Doutor do Baião.

No primeiro dia em que se encontraram, Gonzagão apresentou sua ideia a Humberto Teixeira: representar a música de sua terra nos grandes centros do país. Nesse mesmo dia, os dois compositores já começaram a dar vida à Asa Branca, o maior sucesso da dupla e grande hino do nordeste brasileiro, que foi lançado também em 1947. 

Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira falando sobre Asa Branca

O Rei e o Doutor do Baião influenciaram uma geração inteira de artistas da música popular brasileira e são referência nos principais movimentos musicais da história do nosso país. Em suas composições, apresentaram o sertão nordestino ao mundo, descrevendo as injustiças, a fome, a seca e a pobreza daquela região, mas também a alegria, a dedicação ao trabalho, a bravura, a beleza e a coragem do povo nordestino

Juntos, compuseram outros grandes clássicos como:

Humberto Teixeira foi eleito – por três anos consecutivos: de 1950 a 1952 – como o Melhor Compositor do Brasil, pela Revista do Rádio Também fundou e presidiu a Academia Brasileira de Música Popular, em 1956, juntamente com o compositor João de Barro.

Teixeira faleceu em 1979, aos 64 anos, vítima de um enfarte de miocárdio, depois de ter atuado também como deputado federal pelo Ceará, quando aprovou a Lei Humberto Teixeira, que permitia maior divulgação da música brasileira no exterior, por meio de caravanas musicais financiadas pelo Governo Federal.

Por todos esses motivos, sua contribuição para a música popular brasileira é imensurável e seu legado é eterno.

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Lívia Nolla é cantora, apresentadora e pesquisadora musical

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