Doces brasileiros que contam histórias que você precisa saber

Você sabia que o brigadeiro nasceu de uma campanha política? Ou que a goiabada foi criada como uma solução para a falta de marmelo no Brasil? E que o quindim, apesar da origem portuguesa, tem nome africano?

Os doces brasileiros vão muito além do sabor: cada um deles carrega uma história inesperada, seja por necessidade, tradição ou até acidente culinário.

Das ruas do Nordeste às cozinhas coloniais de Minas Gerais, passando pelas influências indígenas e de imigrantes europeus, percorremos o Brasil em busca dos doces que não só adoçam o paladar, mas revelam capítulos curiosos da nossa história. Prepare-se para uma viagem gastronômica recheada de surpresas.

Goiabada

• Origem: Criada no Brasil Colônia como alternativa à marmelada portuguesa, devido à ausência do marmelo no país.
• História: Tornou-se um clássico nacional, especialmente quando combinada com queijo, formando o famoso “Romeu e Julieta”.
• Curiosidade: Em Minas Gerais, a goiabada cascão, feita com pedaços da casca da fruta, mantém a tradição artesanal e é considerada um Patrimônio Cultural Imaterial do estado.

Paçoca

• Origem: Criada pelos povos indígenas, que trituravam amendoim com farinha de mandioca e sal em pilões.
• História: A versão doce surgiu com a adição de açúcar e se popularizou em todo o Brasil, especialmente nas festas juninas.
• Curiosidade: No Nordeste, há uma versão diferente chamada “paçoca de carne de sol”, que é salgada.

Cocada

• Origem: Criada na Bahia, foi desenvolvida por mulheres escravizadas que utilizavam o coco abundante na região.
• História: Reflete a forte influência africana na doçaria brasileira, variando da versão branca à queimada.
• Curiosidade: No Maranhão, há uma versão feita com coco babaçu, ingrediente típico da região.

Brigadeiro

• Origem: Surgiu na década de 1940, durante a campanha presidencial do Brigadeiro Eduardo Gomes. Para apoiar a sua campanha, uma mulher da sociedade carioca da época criou o doce para arrecadar fundos em festas e eventos para a campanha do candidato.
• História: Criado em tempos de escassez de leite fresco, o doce se popularizou rapidamente e se tornou símbolo das festas brasileiras.
• Curiosidade: O brigadeiro gourmet, com chocolates finos e ingredientes sofisticados, transformou o doce em um item de confeitaria premium.

Doce de Abóbora

• Origem: Sua receita é do período colonial e é amplamente consumida no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
• História: Feito com abóbora, açúcar, coco e especiarias, tornou-se um clássico das festas juninas.
• Curiosidade: Algumas versões do doce vêm moldadas em formatos de coração ou cortadas em cubos cristalizados.

Quindim

• Origem: Inspirado nas receitas portuguesas, originalmente feito apenas com gemas e açúcar.
• História: No Brasil, recebeu a adição do coco ralado, um ingrediente amplamente utilizado pelos africanos escravizados, dando origem à versão que conhecemos hoje.
• Curiosidade: O nome “quindim” provavelmente vem de línguas bantas africanas, significando “encanto” ou “delicadeza”.

Bananada

• Origem: Criada no Brasil Colônia para evitar o desperdício de bananas maduras.
• História: Feita com banana, açúcar e limão, é popular em estados como Goiás e Minas Gerais.
• Curiosidade: Em cidades mineiras, a bananada artesanal ainda é feita em tachos de cobre, uma tradição centenária.

Pé de Moleque

• Origem: Surgiu no período colonial, combinando técnicas portuguesas e ingredientes nativos.
• História: Feito com rapadura e amendoim, se tornou um símbolo das festas juninas em todo o Brasil.
• Curiosidade: Em Minas Gerais, a receita tradicional do pé de moleque é tombada como Patrimônio Cultural Imaterial.

Bolo de Rolo

• Origem: Inspirado no pão de ló português, ganhou uma versão tropical em Pernambuco.
• História: O bolo se diferencia pelo recheio de goiabada e pelas camadas finíssimas de massa, formando um rolo perfeito.
• Curiosidade: É reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial de Pernambuco, sendo um dos doces mais sofisticados do estado.

Cuca

• Origem: Trazida pelos imigrantes alemães que se estabeleceram no Sul do Brasil.
• História: A versão brasileira da cuca se destaca pelo uso de frutas tropicais como banana e uva, adaptando-se ao clima do país.
• Curiosidade: No Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, há festivais dedicados à cuca, para celebrar a tradição.

Do engenho de açúcar à mesa das famílias, do tacho de cobre às confeitarias modernas, esses doces resistiram ao tempo, ganharam novas versões e continuam adoçando a vida dos brasileiros. Mais do que receitas, são narrativas vivas da nossa história, prontas para serem saboreadas.

E aí, qual dessas histórias mais te surpreendeu? Que tal provar um doce típico e viajar pelo Brasil sem sair de casa?