
5 influenciadores indígenas para seguir no Dia dos Povos Indígenas
5 influenciadores indígenas para seguir no Dia dos Povos Indígenas
No 19 de abril, conheça vozes que resgatam tradições e inovam na arte, música, moda e ativismo digital


O 19 de abril carrega uma história pouco contada. Criado em 1943 por um decreto de Getúlio Vargas, o chamado “Dia do Índio” nasceu de um modelo assimilacionista, que buscava integrar os povos originários à sociedade nacional, ou melhor, que buscava fazer com que os povos originários se integrassem à cultura dominante da sociedade, absorvendo seus valores, linguagem e hábitos – muitas vezes à força.
Por décadas, escolas reproduziram imagens caricatas, com cocares de papel e rostos pintados, enquanto as verdadeiras lutas indígenas eram apagadas.
Hoje, a data é ressignificada como Dia dos Povos Indígenas – um marco de luta, orgulho e visibilidade. Não se trata de folclore, mas de sobrevivência:
As batalhas atuais dos povos originários
- ▸ Demarcação Já! – Mais de 800 terras indígenas aguardam homologação, enquanto o avanço do agronegócio e garimpo ilegal ameaça territórios sagrados.
- ▸ Genocídio Digital – Comunidades são alvo de fake news e discurso de ódio online, mas também usam a internet para contra-atacar, como Alice Pataxó no TikTok.
- ▸ Representação Real – Do cinema à moda, artistas indígenas estão descolonizando espaços antes negados, como Denilson Baniwa nas galerias de arte e Cristian Wariu na SPFW.
Neste contexto, surgem vozes que resgatam o passado para construir o futuro. São poetas, músicos, estilistas e ativistas que, além de preservar tradições, as reinventam e mostram que cultura indígena é dinâmica, potente e essencial para o Brasil.
Conheça agora 5 desses revolucionários, que estão transformando o país a partir de suas raízes.
1. Denilson Baniwa

Artista visual multimídia do povo Baniwa, Denilson mistura grafite, arte digital e elementos tradicionais em obras que desafiam estereótipos. Suas criações já rodaram o mundo, do MAM-SP à Bienal de Veneza.

Cantora e compositora do povo Guajajara/Tentehar, Kaê funde rap com melodias tradicionais em letras que falam de terra, identidade e empoderamento feminino indígena. Foi a primeira artista indígena a se apresentar no Lollapalooza Brasil.

Do povo Xavante do Mato Grosso, Cristian Wariu Tseremey’wa se tornou um dos principais criadores de conteúdo indígena do Brasil. Com seu canal no YouTube e vídeos virais no TikTok, combate estereótipos seculares com linguagem jovem. Seu canal do YouTube está aqui e seu TikTok é esse aqui.
4. Alice Pataxó
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Representa a juventude indígena em eventos como a COP26 e integra a lista das 100 mulheres mais inspiradoras da BBC, indicada por Malala. Nas redes, Alice combate estereótipos e mostra que a luta indígena também é feita de afetos: “Quero ver mulheres como eu falando de maquiagem, piadas e território. Não somos só resistência, somos vida”. Para ela, a internet é uma trincheira, mas ainda falta segurança, Alice conta que aprendeu a filtrar o ódio, mas que é preciso construir espaços onde seja possível existir sem medo.
5. Ziel Karapató (@zielkarapato) – Palavras Que Curam
Artista visual, curador e realizador audiovisual da etnia Karapotó, Ziel conjuga em seu trabalho a sabedoria ancestral com linguagens artísticas contemporâneas. Formado pela UFPE, já levou sua criação a espaços como a 60ª Bienal de Veneza (2024), onde apresentou a instalação “Cardume II”, e a festivais internacionais com o premiado curta “O verbo se fez carne” (2019).
Natural de Alagoas e radicado em Pernambuco, integrou grupos de pesquisa sobre ciência e arte indígena nas universidades federais de Pernambuco e Bahia. Como coordenador da Associação Karaxuwanassu, fortalece a presença indígena em contextos urbanos, transformando a arte em ferramenta de resistência anticolonial.
O futuro é ancestral
O 19 de abril, mais do que uma data simbólica, revela-se um espelho do Brasil real: plural, insurgente e em constante transformação. Os cinco criadores indígenas aqui apresentados — Denilson Baniwa, Kaê Guajajara, Cristian Wariu, Alice Pataxó e Ziel Karapató — são faróis desse movimento. Com arte, música, ativismo digital e cinema, eles desmontam estereótipos seculares e provam que a cultura indígena não está confinada ao passado, mas pulsa no presente, reinventando-se.
São guerreiros contemporâneos cujas armas são pincéis, microfones, câmeras e algoritmos. Lutam por demarcação de terras, mas também por demarcação de imaginários. Resistência, para eles, não é só sobreviver — é criar. E ao fazerem isso, reconectam o país às suas raízes mais profundas, lembrando-nos que o futuro só será viável se for ancestral.
Seguir seu trabalho é mais que um ato de curiosidade: é um passo necessário para descolonizar olhares e participar da construção de um Brasil que finalmente se enxergue em toda sua diversidade. Afinal, como ensina Alice Pataxó, “não somos só resistência, somos vida” — e essa vida, vibrante e múltipla, merece ser celebrada todos os dias.
Que tal começar hoje? Siga, compartilhe e amplifique essas vozes. O antídoto contra o apagamento está na sua timeline.