A importância de Marília Medalha para a MPB
A importância de Marília Medalha para a MPB
Afastada da música desde 1992, quando lançou o seu último álbum, Bodas de Vidro, Marília Medalha – cantora e compositora que completou 79 anos no último dia 25 de julho – é um nome muito importante para a música popular brasileira. Segue o fio (ou a thread!) para entender a grandiosidade da aniversariante do dia … Continued
Afastada da música desde 1992, quando lançou o seu último álbum, Bodas de Vidro, Marília Medalha – cantora e compositora que completou 79 anos no último dia 25 de julho – é um nome muito importante para a música popular brasileira.
Segue o fio (ou a thread!) para entender a grandiosidade da aniversariante do dia para a nossa história, por meio de 4 momentos de destaque em sua contribuição para a MPB:
1 – Arena Conta Zumbi
Nascida em Niterói, no Rio de Janeiro – Marília Medalha iniciou sua carreira artística na década de 1960, apresentando-se em sua cidade natal, ao lado de Tião Neto e Sérgio Mendes.
Mas foi em 1965 que participou, em São Paulo, da montagem que dá início em sua trajetória como uma das grandes vozes do nosso país: ela participa do antológico espetáculo teatral Arena Conta Zumbi, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, com música de Edu Lobo.
A peça coloca em cena um episódio complexo da história brasileira: a luta de resistência dos quilombolas de Palmares, liderados por Zumbi, para fazer uma crítica aguda às classes dominantes, em pleno estopim da Ditadura Militar no Brasil.
Diante da escassez de recursos materiais, Boal criava, no Teatro de Arena, o Sistema Coringa, em que qualquer ator poderia desempenhar o papel de qualquer personagem.
Por sua atuação, Marília Medalha foi contemplada com o prêmio de Atriz Revelação do ano, conferido pela Associação Paulista de Críticos Teatrais.
2 – Ponteio – III Festival de Música Popular Brasileira
Dois anos depois, em 1967, a cantora participou do antológico III Festival de Música Popular Brasileira, na TV Record, interpretando – com Edu Lobo – a música Ponteio (composição de Edu Lobo e Capinam), classificada em 1º lugar. Gilberto Gil ficou em 2º lugar com Domingo no Parque e Caetano Veloso em 3º, com Alegria Alegria.
A partir da apresentação de Ponteio, a carreira de Marília Medalha foi ganhando cada vez mais projeção. No mesmo ano, ela gravou seu primeiro disco – chamado Marília Medalha – e, no ano seguinte, participou de mais uma edição do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, classificando em segundo lugar a canção Memórias de Marta Saré (de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri).
Ainda em 1968, se classificou em 3º lugar na I Bienal do Samba, também da TV Record, com a canção Pressentimento (de Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho), incluída no segundo álbum de Marília, lançado nesse mesmo ano.
3 – A única mulher a ser parceira de composição de Vinicius de Moraes
Em 1970, a cantora se apresentou com Vinicius de Moraes e Toquinho em um espetáculo que gerou o famoso LP Como Dizia o Poeta – Vinicius, Toquinho e Marília Medalha, com parcerias de Vinicius com Marília, como as canções Valsa Para o Ausente e O Grande Apelo.
Marília Medalha foi a única mulher a ser parceira de composição do poeta Vinicius de Moraes, que teve parceria com diversos compositores homens, como – além de Toquinho – Tom Jobim, Chico Buarque, Baden Powell, Carlos Lyra e tantos outros.
Nos dois anos seguintes, Marília Medalha excursionou pelo exterior com Vinicius e Toquinho. Em 1971, lançou o álbum Marília / Vinicius – A Canção e a Voz de Marília Medalha na Poesia de Vinicius de Moraes, produzido pelo poeta, e, em 1972, lançou o Encontro e Desencontro – Marília Medalha e Vinicius de Moraes, em que registrou exclusivamente canções de sua autoria com letras do poeta, como: Se o Amor Pudesse e Mr. Toquinho.
Nesse mesmo ano, gravou o LP Caminhada, que inclui composições próprias e de outros autores.
4 – Show Opinião
Em 1974, Marília participou – ao lado de Zé Kéti e João do Vale – da nova montagem do emblemático show de protesto Opinião, de Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes e Armando Costa, e dirigida por Bibi Ferreira, realizada no Teatro Opinião, do Rio de Janeiro.
A primeira versão do espetáculo havia sido montada 10 anos antes, e encenada por Maria Bethânia, Zé Keti e João do Vale, com direção de Augusto Boal, no Teatro de Arena, em São Paulo. Bethânia entrou na montagem para substituir Nara Leão – que teve um problema nas cordas vocais – e ali, com 19 anos, iniciou sua trajetória brilhante na MPB.