Ouça ao vivo
No ar agora

A história de Todas Elas Juntas Num Só Ser, de Carlos Rennó

Novabrasil
09:30 29.01.2023
Jornalismo

A história de Todas Elas Juntas Num Só Ser, de Carlos Rennó

Hoje é aniversário do compositor, letrista, produtor, jornalista e escritor Carlos Rennó. Em sua homenagem, aqui no Saudando Grandes Compositores da MPB, confira as histórias das músicas Escrito nas Estrelas e Todas Elas Juntas Num Só Ser, de sua autoria. Carlos Rennó iniciou sua carreira ao lado de parceiros como Tetê Espíndola e Arrigo Barnabé … Continued

Novabrasil - 29.01.2023 - 09:30
A história de Todas Elas Juntas Num Só Ser, de Carlos Rennó
Carlos Rennó é um dos grandes letristas da nossa MPB | Foto: Divulgação.

Hoje é aniversário do compositor, letrista, produtor, jornalista e escritor Carlos Rennó. Em sua homenagem, aqui no Saudando Grandes Compositores da MPB, confira as histórias das músicas Escrito nas Estrelas e Todas Elas Juntas Num Só Ser, de sua autoria.

Carlos Rennó é um dos grandes letristas da nossa MPB | Foto: Divulgação.

Carlos Rennó iniciou sua carreira ao lado de parceiros como Tetê Espíndola e Arrigo Barnabé

Nascido em São José dos Campos, interior de São Paulo, em 1956, Rennó iniciou sua carreira ao lado de parceiros como Tetê Espíndola e Arrigo Barnabé, na fase da vanguarda paulistana, no início dos anos 80. 

Ao longo de sua carreira, o letrista fez parcerias com outros grandes nomes da MPB como:

  • Gilberto Gil;
  • Lenine;
  • Chico César;
  • Paulinho Moska;
  • João Bosco;
  • Rita Lee;
  • Tom Zé;
  • Pedro Luís;
  • e Roberta Sá.

Foi também gravado por outros grandes nomes como:

  • Gal Costa;
  • Maria Bethânia;
  • Paulinho da Viola;
  • Ney Matogrosso;
  • Margareth Menezes;
  • e Maria Rita.

Rennó e seu trabalho na recriação de músicas clássicas norte-americanas em português

Carlos Rennó também tem um trabalho relevante na recriação, em português, de clássicos da canção norte-americana. Uma das mais famosas é Façamos, Vamos Amar, versão do clássico Let’s Do It Let’s Do It, Let’s Fall in Love, composta por Cole Porter em 1929, e gravada com imenso sucesso por Ella Fitzgerald, em 1956, e por Louis Armstrong, em 1957.

A versão de Rennó foi gravada também com muito sucesso por Chico Buarque e Elza Soares no ano 2000.

Rennó é também autor e organizador de livros sobre canções – suas e de outros compositores como Gilberto Gil e Cole Porter – e ministra palestras, cursos e oficinas sobre canção e composição.

Saudando Grandes Compositores da MPB

Para homenagear o aniversariante do dia e seguir homenageando grandes compositores da nossa música popular brasileira – que são tão importantes e tem uma contribuição tão significativa quando cantores, intérpretes e músicos – nós damos continuidade à série Saudando Grandes Compositores da MPB, em que contamos a história de grandes clássicos das carreiras desses artistas.

Entre os sucessos de Carlos Rennó, falaremos sobre os clássicos  Escrito Nas Estrelas e Todas Elas Juntas Num Só Ser. 

A história da música ‘Escrito Nas Estrelas’, de Carlos Rennó 

Na voz de Tetê Espíndola, a canção Escrito Nas Estrelas – com letra composta por Rennó em cima da melodia de Arnaldo Black – venceu o Festival dos Festivais, da Rede Globo, em 1985, e tornou-se um grande hit, o primeiro grande sucesso nacional de Carlos Rennó.

A melodia de Arnaldo Black, tem uma primeira parte muito simples, em contraste com a segunda que se desenvolve sobre uma escala pentatônica, oferecendo alguma dificuldade a cantores que não alcançam uma região tão aguda como Tetê.

Segundo Rennó, o título Escrito nas Estrelas foi inspirado por It Was Written in the Stars, canção escrita em 1939 por Cole Porter para o musical Du Barry Was a Lady.

Você pode conferir mais detalhes sobre a história da canção na coluna Multiversos, de Roberta Campos, clicando aqui.

Curiosidade: Uma família musical!

Uma curiosidade: a família é toda muito musical. Carlos é pai da cantora e compositora Iara Rennó, fruto de seu relacionamento com a também cantora e compositora Alzira Espíndola, irmã de Tetê. Tetê, por sua vez, é casada com Arnaldo Black – parceiro de Carlos nesta canção – e eles são pais do cantor e compositor Dani Black!

Tetê Espindola durante o Festival dos Festivais, em 1985 | Foto: Reprodução.

A história da música ‘Todas Elas Juntas Num Só Ser’, de Carlos Rennó e Lenine

Composta por Carlos Rennó em parceria com Lenine e lançada o disco Lenine In Cité, em 2004, a canção Todas Elas Juntas Num Só Ser faz uma listagem e enumeração das musas da música popular, brasileira  – e também estrangeira – comparando-as com a “destinatária” para qual a canção foi feita, e julgando-as inferiores a ela.

Não canto mais Bebete nem Domingas Nem Xica nem Tereza, de Ben Jor;

Nem Drão nem Flora, do baiano Gil; 

Não canto mais Luiza, do maior; 

Já não homenageio Januária, Joana, Ana, Bárbara, de Chico; 

Nem Yoko, a nipônica de Lennon; 

Nem a cabocla, de Tinoco e de Tonico;

Só você, hoje eu canto só você.

Todas as musas da MPB juntas

Todas Elas Juntas Num Só Ser não nomeia a sua musa, mas a coloca em um patamar acima de todas as outras musas de todos os outros intérpretes e compositores citados, como pudemos ver nos exemplos acima: 

  • De Jorge Ben Jor:
    • Bebete, de Bebete Vambora, lançada por ele em 1969;
    • Domingas, que aparece na música Domingas, de 1969, mas também em Maria Domingas, de 1971, e em Dumingaz, de 1975;
    • Xica, da canção Xica da Silva, lançada por ele em 1976;
    • E Tereza, de Cadê Tereza, de 1966, mas que também aparece em Tê Tê (Te Te Te Te Tereza), de 1968; País Tropical, de 1969.
  • De Gilberto Gil:
    • Drão, que é o apelido de Sandra Gadelha – a Sandrão, que foi casada com Gil entre 1969 e 1980, e é mãe de Preta Gil e Maria Gil. Drão fala sobre a separação de Gil e Sandra e foi lançada em 1982;
    • Flora, foi lançada em 1981, para a atual esposa de Gil, sua empresária e companheira desde 1981, mãe de Bem, Bela e José Gil.
  • De Tom Jobim, a quem chamam de “o maior”:
    • Ana, da canção Ana Luiza, de 1973;
    • E Luiza, da música Luiza, de 1981.
  • De Chico Buarque:
    • Januária, da canção de mesmo nome, de 1967;
    • Joana, da música Joana Francesa, de 1973;
    • Ana, de Ana de Amsterdam, parceria com Ruy Guerra, de 1972;
    • E Bárbara, da canção homônima, também parceria com Ruy Guerra, de 1972
  • Do Beatle John Lennon:
    • Yoko Ono, sua esposa e grande amor, para quem ele escreveu a canção Dear Yoko, de 1980
  • E, finalmente, de Tonico e Tinoco:
    • Cabocla, da canção Cabocla Tereza, composição de Raul Torres e João Pacífico, que foi sucesso na voz da dupla em 1977.

E essa é só a primeira das mais de 10 estrofes de Todas Elas Juntas Num Só Ser.

Gilberto Gil e Sandra Gadelha foram casados de 1969 a 1980 | Foto: Thereza Eugênia.

“Fiz uma homenagem ao que representa a mulher para mim”

Lenine lembra que a música deu um trabalho danado, por ter sido extraída de um texto longuíssimo do poeta Carlos Rennó.

“Esta é uma canção de letra enumerativa, um procedimento aplicado em vários poemas e presente na obra de grandes compositores. Vislumbrei uma canção sobre canções que falam de tipos femininos”, diz o artista.

Rennó, declarou:

“Fiz uma homenagem ao que representa a mulher para mim”.

Mesmo Todas Elas Juntas Num Só Ser não nomeando a sua musa, nós sabemos que a musa de Lenine é sua companheira há mais de 40 anos e mãe de seus filhos, a jornalista e produtora de TV Anna Barroso.

Inclusive, em um trecho da música ele fala:

Ana do Rei e Ana de Djavan

Ana do outro Rei, o do Baião;

Nenhuma delas hoje cantarei,

só outra reina no meu coração.

Aqui, ele cita a Ana de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, da canção Ana, gravada pelo Rei em 1970; a Ana citada por Djavan na sua música Asa, de 1985; e a Ana Rosa, gravada por Luiz Gonzaga, em 1972, composição de seu parceiro Humberto Teixeira. E deixa implícito o amor por “sua” Anna.

“A mulher que contém em si todas as mulheres e a canção de amor que contém em si todas as canções”

Anna, em entrevista à jornalista Rosane Queiroz, no livro Musas e Músicas – A mulher Por Trás da Canção, declara:

A música Todas Elas Juntas Num Só Ser fala de uma mulher tão espetacular, que fico pensando que musa é algo utópico. Eu não me sinto musa, me sinto uma companheira que dá o esteio emocional para Lenine fazer o trabalho dele de uma forma tranquila. Minha irmã tem um casamento de trinta anos. Ela é musa. É amada. Ela e o marido se complementam, ela o ajuda a viver bem. Musa é toda mulher que ajuda seu amor a criar, não importa se ele é artista ou técnico em informática. (…)  Não sei se sou a musa de ‘Todas Elas…’, quem me dera. Mas, se for todas elas para Lenine, está de bom tamanho.”.

Além da canção ser um poço de culturas e conceitos, é um belo texto para testar o nosso grau de referências. Trabalha diretamente com a intertextualidade, ou –  como diz o poeta e compositor paraibano Bráulio Tavares, em texto extraído do Jornal da Paraíba, em julho de 2005 – Todas Elas Juntas Num Só Ser traz:

“a mulher que contém em si todas as mulheres e a canção de amor que contém em si todas as canções”.

Você consegue reconhecer todas as outras musas e seus autores presentes na canção de Carlos Rennó e Lenine?

Gostou de saber mais sobre as histórias de grandes canções da nossa música popular brasileira? Continue acompanhando a nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB. Hoje, homenageamos o aniversariante Carlos Rennó.

Siga a Novabrasil nas redes

Google News

Tags relacionadas

Alzira Espíndola brasilidade Brasilidades carlor rennó Curiosidades escrito nas estrelas iara rennó Lenine musas da MPB Notas musicais tete espíndola Todas Elas Juntas Num Só Ser
< Notícia Anterior

#1 ForasDeSérie | O RAPPA: A história, formação, músicas e mais

28.01.2023 12:00
#1 ForasDeSérie | O RAPPA: A história, formação, músicas e mais
Próxima Notícia >

#2 ForasDeSérie | O RAPPA: Quando O Rappa protestou condições melhores no Rock in Rio

29.01.2023 12:00
#2 ForasDeSérie | O RAPPA: Quando O Rappa protestou condições melhores no Rock in Rio