Especial Milton Nascimento e Belchior; gigantes da MPB que nasceram em 26 de outubro
Especial Milton Nascimento e Belchior; gigantes da MPB que nasceram em 26 de outubro
Milton completa 82 anos de idade e Belchior celebraria 78 anos; confira especial do site da Novabrasil
Dia 26 de outubro é um dia muito especial para a música popular brasileira! Dois dos seus maiores nomes de todos os tempos nasceram nesta data: Milton Nascimento e Belchior.
Parte do panteão da MPB, Milton completa 82 anos de idade hoje e Belchior celebraria seus 78 anos neste 26 de outubro, se não tivesse nos deixado em abril de 2017, vítima de um aneurisma.
Tudo sobre Milton Nascimento
Milton Nascimento é um dos maiores artistas do mundo e uma das maiores vozes da música popular brasileira.
Grande compositor, excelente cantor, importante intérprete e multi-instrumentista, Milton é reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos artistas de todos os tempos.
Vencedor de três Grammy Latinos e um Grammy Award, suas canções já foram regravadas por quase todos os maiores nomes da MPB, como Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque, além de grandes nomes internacionais como Sarah Vaughan, Peter Gabriel e Bjork. Milton Nascimento influencia e é inspiração para uma geração de artistas da música brasileira.
Considerado pela revista Rolling Stone Brasil como a 10ª maior voz brasileira de todos os tempos e o 20º maior artista brasileiro de todos os tempos, Milton Nascimento já se apresentou pelo mundo todo, em países da América do Sul e do Norte, da Ásia, África e Europa.
Praticamente um patrimônio vivo da cultura do nosso país, Bituca – como é chamado pelos íntimos e seu apelido desde a infância, por conta dos bicos que fazia quando era contrariado – influencia e é inspiração para várias gerações de artistas da música brasileira.
Carreira musical
Nascido em uma comunidade do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, Milton Nascimento mudou-se para Três Pontas, em Minas Gerais, ainda muito criança, local que considera sua terra natal e pelo qual tem muito carinho, sendo um dos maiores representantes da música mineira. Milton diz que é o mais mineiro de todos os cariocas!
O artista conviveu com a música de perto, desde muito cedo, e logo desenvolveu seu talento como cantor, compositor e instrumentista. Primeiro em Três Pontas, depois em Belo Horizonte – onde conheceu os irmãos Borges (Lô, Márcio e companhia) e todo o pessoal do Clube da Esquina – e depois conquistando o Brasil inteiro e o mundo.
Em 1966, Elis Regina gravou a sua música Canção do Sal, marcando o início da sua projeção nacional. No ano seguinte, Travessia, sua canção em parceria com Fernando Brant, ficou em segundo lugar no II Festival Internacional da Canção (FIC), tornando-se – depois – uma das músicas mais conhecidas e gravadas de Milton, no Brasil e no exterior.
Logo após o FIC, Bituca gravou seu primeiro disco solo e – desde então – não parou mais de nos presentear com suas composições e com sua voz divinal.
Com o Clube da Esquina e os discos lançados em 1972 e 1978, Milton e outros artistas mineiros formaram um dos maiores e mais importantes movimentos da MPB. Sua sonoridade trazia a fundição das inovações propostas pela Bossa Nova com elementos do jazz, do rock (principalmente dos ingleses The Beatles), da música folclórica, da música regional mineira, erudita e hispânica.
São muitos os grandes clássicos da carreira de Milton Nascimento, como:
- Nos Bailes da Vida; Canção da América; San Vicente; Canções e Momentos; Ponta de Areia; Bola de Meia; Bola de Gude e Maria, Maria (todas parcerias com Fernando Brant);
- Caçador de Mim (composição de Luiz Carlos Sá e Sérgio Magrão);
- Paula e Bebeto (parceria com Caetano Veloso);
- Coração de Estudante (parceria com Wagner Tiso);
- Três Pontas, Nada Será Como Antes, Cais e Fé Cega, Faca Amolada (todas parcerias com Ronaldo Bastos);
- Tudo Que Você Podia Ser (composição de Lô e Márcio Borges);
- Os Tambores de Minas (parceria com Márcio Borges);
- O Que Foi Feito Devera (De Vera) (parceria com Fernando Brant e com Márcio Borges)
Já escutou nossa audiobiografia exclusiva dos grandes artistas da MPB?
Viva, Bituca! Você é gigante!
Tudo sobre Belchior
O cantor, compositor, produtor, instrumentista, artista plástico e professor cearense Antônio Carlos Belchior é um dos maiores e mais importantes artistas da história do nosso país.
Belchior era um estudioso da palavra, um poeta. Suas composições inteligentíssimas e cheias de personalidade traduzem a urgência e a inquietude do jovem brasileiro de sua época. Cantava temas filosóficos, geracionais e humanos, em uma obra de forte caráter crítico, político e poético.
Dono de uma voz inconfundível e interpretação intensa, Belchior rejuvenesce todos os dias, atravessando gerações com a sua obra necessária e imortal, revisitada recentemente – e brilhantemente – por Ana Cañas, mas também em outros momentos por artistas contemporâneos como Emicida e Los Hermanos.
Seu legado e sua contribuição notória para o cancioneiro popular brasileiro são gigantescos.
Carreira Musical
Nordestino do Sobral, no Ceará, Belchior começou a carreira participando de festivais de música em sua cidade e juntou-se a um grupo de jovens compositores como Fagner e Amelinha, que se intitulavam Pessoal do Ceará.
O sucesso começou em 1971, quando Belchior venceu um Festival Universitário da TV Tupi.
Seu segundo álbum, Alucinação, de 1976, é considerado um dos mais revolucionários da história da música brasileira, uma obra prima, e lançou Belchior ao estrelato, acompanhado pelo fato de duas de suas composições terem sido gravadas por Elis Regina, no LP Falso Brilhante, do mesmo ano.
Em 42 anos de carreira, o artista nos presenteou com mais de 20 discos, com sucessos antológicos e imortais, como:
- Apenas um rapaz Latino Americano
- Como nossos pais
- À Palo Seco
- Galos, Noites e Quintais
- Sujeito de Sorte
- Na Hora do Almoço
- Paralelas
- Alucinação
- Velha Roupa Colorida
- Fotografia 3×4
Belchior não foi apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior. Seu legado e sua contribuição notória para o cancioneiro popular brasileiro são gigantescos.
Ele quis que seu canto torto, feito faca, cortasse a nossa carne e entrasse em nossas almas. Nos mostrou que no presente, a mente, o corpo é diferente e o passado é uma roupa que não nos serve mais. E que, apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais.
Pois é, Belchior. Você nos ensinou que viver é melhor que sonhar. Que o que há algum tempo era jovem e novo, hoje é antigo e que precisamos todos rejuvenescer. Sempre!
E para saber mais sobre a vida e a obra do aniversariante de hoje, acesse o Acervo MPB Especial Belchior, nossa série exclusiva Novabrasil de áudio-biografias de grandes nomes da nossa música. Uma verdadeira enciclopédia da MPB!
por Lívia Nolla