
Mansur: “Americanos x Chineses na IA”; entenda


Mauricio Mansur
Diretor de mkt e inovação, conselheiro e palestrante
Mansur: “Americanos x Chineses na IA”; entenda
Igual Argentina e França na Copa do Mundo. A Disputa Mais Importante e a Gente Sem Saber Para Quem Torcer

A disputa pela liderança na área de inteligência artificial nunca foi tão acirrada. De um lado, os americanos com a OpenAI, Meta e outras gigantes. Do outro, os chineses com o DeepSeek e o recém-lançado Qwen da Alibaba.
Enquanto os “especialistas” de IA comentam sobre custos, performance e outros aspectos técnicos, gostaria de convidá-lo a uma reflexão diferente: se, para as empresas, a questão é qual tecnologia adotar para ganhar competitividade, qual seria a decisão estratégica para o Brasil?
O Brasil deve escolher um lado e se aliar a ele, ou usar o que há de melhor nos dois mundos e adotar uma postura agnóstica em relação à origem da tecnologia?
Está mais do que claro que o país enfrenta uma limitação gigantesca em termos de tecnologia de ponta. Não podemos competir com os gigantes desse jogo, seja em recursos financeiros ou em talentos. Então, qual pode ser o nosso papel?
Para se tornar relevante no mercado global de IA, o Brasil precisa focar em uma política de longo prazo que aproveite suas vantagens naturais. Se não temos condições de competir diretamente em tecnologia, podemos nos tornar um centro de dados global.
A energia é um dos maiores desafios para o funcionamento de data centers, e com nosso potencial de geração de energia limpa e abundante – seja a partir de sol, vento, hidrelétricas ou até petróleo – podemos atrair investimentos para essa área. Ao construir uma infraestrutura robusta de energia e data centers, o Brasil não só pode se tornar um hub de armazenamento e processamento de dados, mas também contribuir para a cadeia global de IA, fornecendo a base necessária para a execução dessas tecnologias.
Em vez de replicar a polarização política entre esquerda e direita, defendendo cegamente americanos ou chineses, devemos focar no que é melhor para o país. Se não temos capacidade para jogar o jogo diretamente (infelizmente), temos condições de ser uma das principais sedes desse jogo. Essa abordagem poderia tornar o Brasil um player relevante no cenário mundial, oferecendo não apenas recursos naturais, mas também a infraestrutura necessária para suportar o crescimento das tecnologias emergentes.
É essencial que o Brasil adote uma abordagem pragmática e de longo prazo, pensando em sua posição como facilitador no ecossistema global de IA. Com a construção de uma política estratégica de energia e infraestrutura, podemos não só participar desse futuro tecnológico, mas ser um ponto central na cadeia de valor global, aproveitando nossas vantagens competitivas.
Em vez de se envolver em disputas ideológicas, o Brasil pode escolher um caminho mais realista e vantajoso: se tornar uma peça-chave na infraestrutura global de IA.
Deixo uma última pergunta: como cada um de nós pode contribuir nessa discussão e não deixar esse assunto apenas nas mãos dos nossos políticos?
Economia criativa nas periferias: projetos que transformam comunidades
Mais Preta: Dino D'Santiago reflete sobre música, identidade e racismo

Mauricio Mansur