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Para ministro da Família, discussão sobre PL do Aborto é secundária

Michelle Trombelli
22:25 19.06.2024
Jornalismo

Para ministro da Família, discussão sobre PL do Aborto é secundária

Wellington Dias entende a gravidade do assunto, mas acredita que debater esse texto interessa àqueles que optam por criar factóides

Michelle Trombelli - 19.06.2024 - 22:25
Para ministro da Família, discussão sobre PL do Aborto é secundária
Manifestantes dizem que projeto coloca em risco crianças e adolescentes. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O PL do Aborto tem sido tema de muita discussão, seja no Congresso, em casa ou no ambiente de trabalho. O texto, apresentado pelo Deputado Federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), equipara a pena para o crime de aborto ao de homicídio simples. Para o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, essa é uma questão importante, mas que deveria dar lugar a outros assuntos mais urgentes para o Brasil.

“Sou a favor da vida, acho que o Brasil tem uma boa regulamentação sobre esse tema, mas percebo que o Congresso, a cada instante, em vez de avançar em pautas humanitárias, trava muito mais uma disputa ideológica. Nós temos problemas de Segurança, de Economia, para lidar com o equilíbrio fiscal, a inflação, os juros, enfim… e estamos trocando pautas relevantes para a população por outras que criam oportunidades de factóides, que causam divisões num momento em que o país precisa de unidade”, disse Wellington Dias em entrevista à Michelle Trombelli, Roberto Nonato e Heródoto Barbeiro, durante o Jornal Novabrasil, na edição desta quarta-feira (19).

Senador licenciado, o ministro destacou durante a conversa que está confiante que o Brasil optará pelo diálogo para encontrar o caminho do desenvolvimento econômico e social, e afirmou que tem se encontrado com seus pares para promover essa linha de raciocínio.

Extremos climáticos, queimadas e a fome

Questionado sobre os efeitos da mudança de clima no Brasil e os projetos do Governo para garantir a comida na mesa dos brasileiros, o ministro Wellington Dias afirmou que os extremos climáticos são um assunto antigo e que sofreram mutações nas temporadas mais recentes. “Você tinha uma seca no Nordeste que era forte, mas demorava até que viesse outro período semelhante. No próprio Rio Grande do Sul já tivemos situações de ciclone e, também, de seca, em ciclos sempre mais alongados. Mas, nos últimos dez anos, nós temos uma situação atrás da outra. Ou seja, estive em fevereiro do ano passado no Rio Grande do Sul, e era o terceiro ano de seca. Em maio foi o primeiro ciclone. Logo depois, em junho, um novo ciclone. E depois o estado gaúcho abre o ano de 2024 com enchente”, pondera.

Durante a entrevista, o ministro explana com diversos exemplos Brasil afora e cita regiões que enfrentam extremos em pouco espaço de tempo. Em sua avaliação, essas questões afetam o preço dos alimentos e forçam ações emergenciais do Governo, pois arrastam as pessoas para situações de vulnerabilidade social. “No caso do estado gaúcho, 21 mil famílias foram atendidas em programas sociais, como o Bolsa Família, e que, em condições normais, não precisam dos benefícios. Eu não falo apenas dos mais pobres, tem classe média e alta”, explica Wellington Dias.

No entanto, na avaliação do ministro, há anos, o Brasil e o mundo pouco têm realizado para combater o problema de maneira eficaz. Dias relembra que, ainda no começo do século, em meados dos anos 2001, as questões climáticas já eram assunto e os cientistas alertavam a todos sobre os problemas que poderiam acontecer se não fossem aplicadas medidas de preservação ambiental, e “foi só em 2015 que se fechou uma aliança global com os objetivos do desenvolvimento sustentável, e um deles foi sobre como conter a mudança climática, com a transição energética de combustíveis fósseis para o elétrico. Está acontecendo, mas muito lentamente”, finaliza Wellington Dias.

A esse respeito, em abril o Brasil se tornou o país que mais importa carros elétricos e híbridos da China. Nos primeiros quatro meses do ano, o Brasil adquiriu 88,32 mil unidades desse tipo de automóvel. A Bélgica, que ocupa a segunda posição no ranking, importou algumas unidades a menos, sendo 88,16 mil. Os dados são da Administração Geral de Alfândega da China e consideram veículos destinados, principalmente, ao transporte de passageiros.

Em agosto do ano passado, o Governo Federal retomou o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC). A iniciativa, fruto de parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), assegura recursos para apoiar projetos, estudos e empreendimentos que promovam a redução de emissões de gases de efeito estufa e a adaptação aos efeitos da mudança do clima.

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