
Mata Atlântica perde 200 mil campos de futebol de florestas em 10 anos
Mata Atlântica perde 200 mil campos de futebol de florestas em 10 anos
Estudo revela que desmatamento avança sobre florestas ameaçando biodiversidade e agravando impactos climáticos causado pelo agro e turismo

A Mata Atlântica perdeu 1,9 mil km² de florestas maduras entre 2010 e 2020, o equivalente a quase 200 mil campos de futebol. O dado alarmante faz parte de um estudo publicado na Nature Sustainability e foi debatido no Jornal NovaBrasil, com participação do diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto.
“O desmatamento persiste mesmo nas florestas mais protegidas, aquelas com maior biodiversidade e estocagem de carbono”, alertou Pinto durante a entrevista ao jornalista Herodoto Barbeiro. Segundo ele, os estados mais afetados foram Minas Gerais (34%) e Bahia (26%), onde o desmate tem avançado para criação de pastagens e silvicultura.
Ao mesmo tempo, o estudo aponta que 73% da destruição ocorreu em propriedades privadas e há fortes indícios de ilegalidade, já que a Lei da Mata Atlântica proíbe o corte dessas áreas. “Nosso estudo indica que todo o desmatamento registrado tem sinais de ilegalidade”, afirmou o diretor da SOS Mata Atlântica.
Além da agropecuária, o turismo também exerce pressão sobre o bioma, especialmente em regiões litorâneas. Já em 2022, por exemplo, o Ceará perdeu 350 hectares de Mata Atlântica, possivelmente para expansão turística. “Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Rio de Janeiro e outras capitais brasileiras estão dentro da Mata Atlântica e sofrem essa pressão”, explicou Pinto.
Assim, a devastação da floresta agrava a crise climática e compromete a qualidade de vida das populações locais. “A melhor forma de adaptação às mudanças climáticas é preservar esse capital natural que temos”, destacou o pesquisador da USP Jean Paul Metzger, um dos autores do estudo.
Apesar dos desafios, especialistas acreditam que o Brasil pode liderar a preservação. “Podemos ser o primeiro país do mundo a alcançar o desmatamento zero numa floresta tropical. A ciência já indica os caminhos”, concluiu Pinto.
Confira a entrevista: