Lema do ‘atirar primeiro’ é revivido na Polícia Militar de São Paulo, afirma Ouvidor

Decio Caramigo
13:26 21.11.2024
Jornalismo

Lema do ‘atirar primeiro’ é revivido na Polícia Militar de São Paulo, afirma Ouvidor

Ouvidoria da Polícia de São Paulo vai analisar imagens de câmeras corporais após PM matar estudante de medicina

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- 21.11.2024 - 13:26
Lema do ‘atirar primeiro’ é revivido na Polícia Militar de São Paulo, afirma Ouvidor
Foto: Arquivo pessoal.

No feriado desta quarta-feira (20), o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22, foi morto pela Polícia Militar após abordagem repleta de desorganização.

Na confusão, quando um dos policiais tenta chutar a vítima e tem seu pé puxado pela mesma, o parceiro desfere um tiro à queima roupas fatal, em um hotel na zona Sul da cidade de São Paulo.

Tudo registrado por câmeras de segurança do estabelecimento, além das imagens da câmera corporal da corporação.

Diante desse despreparo, a Novabrasil convidou o Ouvidor de Polícia do Estado de São Paulo, Claudio Silva, para comentar o fatídico episódio.

Em conversa com Heródoto Barbeiro, durante o Jornal Novabrasil, Silva disse que “em casos como este, e em todos os casos de morte em decorrência da intervençã policial, a Ouvidoria abre pedido de instauração de inquérito na Corregedoria da Polícia Militar e também pede as imagens de câmeras corporais para que sejam analisadas”.

Claudio afirma ser perceptível nas imagens de segurança interna, que têm circulado nas redes sociais e noticiários, que as câmeras policiais estão com as luzes piscando, “o que significa que estão capturando tudo o que está acontecendo no ambiente com alta resolução de vídeo e captação de áudio”.

Além disso, o ouvidor classifica o acontecido como “um absurdo, tendo em vista que os policiais estavam em maioria numérica, que não precisavam, sequer, ter sacado a arma, pois o rapaz estava sem camisa e demonstrava não estar armado, e poderiam ter feito o uso progressivo da força, descrito, inclusivem nos protocolos de atuação da Polícia”, esclarece.

Existe preparo adequado?

Heródoto Barbeiro perguntou ao ouvidor Claudio Silva se, ao assistir as imagens, a população pode entender que falta preparo na Polícia Miltar de São Paulo. Claudio discorda, pois acredita que, “no geral, os policiais estão preparados, mas o que se vive em São Paulo é uma ordem para que primeiro se atire e depois se verifique de quem se trata a pessoa que foi alvo daquele tiro”.

Silva completa ao dizer que, neste momento, “passamos por um momento muito difícil da política de segurança pública do estado de São Paulo. A gente vem de um histórico de 20 a 25 anos de profissionalização dessa polícia, e neste momento vemos uma desprofissionalização dessa política”.

Veja também:

Segundo ele, “isso é grave, e o caso desse jovem estudante demonstra que a vítima dessa gravidade de atuação da Polícia será toda a sociedade e não apenas a população mais pobre, como a gente vinha vendo até então”, conclui.

Como os policiais responderão pelo crime

Claudio Silva explica que existem dois caminhos após um crime cometido por abuso de força policial.

O policial pode responder criminalmente no meio civil e criminalmente no meio militar, onde “todos os erros cometidos na abordagem serão objetos de inquérito na corregedoria e, posteriormente, na justiça militar. E o caso da morte em si será objeto de inquérito na Polícia Civil”.

O que diz a Secretaria de Segurança Pública

A Novabrasil procurou a Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo para que se posicionasse a respeito do crime cometido por dois de seus soldados. Leia a nota na íntegra enviada à redação da emissora:

“A Polícia Militar é uma instituição legalista, que atua com rigor, e não tolera nenhum desvio de conduta dos seus agentes. A Corregedoria da PM apura todas as ocorrências relacionadas às mortes decorrentes de intervenção policial com a máxima atenção. Os fatos citados são apurados por meio de inquéritos junto à Polícia Civil e à Polícia Militar. Os agentes permanecerão afastados do serviço operacional até o fim das investigações. As imagens das câmeras corporais que registraram o fato serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).”

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