
Educação inclusiva: um caminho para o aprendizado e a empatia


Pensa Comigo com Gabriel Chalita
Escritor, filósofo e professor
Educação inclusiva: um caminho para o aprendizado e a empatia
Incluir é ensinar a viver em sociedade, respeitando as diferenças e promovendo a igualdade de oportunidades


Falei sobre esse tema na edição desta quarta-feira (19) do Nova Manhã e quero reforçar a importância da educação inclusiva como um caminho para um mundo mais justo.
Um mundo onde cada pessoa tem o direito de aprender do seu jeito e no seu tempo. Em minhas experiências como educador, escritor e professor, sempre me deparo com histórias que reforçam a importância de abraçar a diversidade dentro das salas de aula.
Há pais que, por experiências dolorosas do passado, temem que seus filhos com deficiência sofram em ambientes escolares com crianças sem deficiência. Esse receio é compreensível, mas os estudos e a prática pedagógica mostram que a inclusão não só beneficia as crianças com deficiência, mas também todas as outras.
Confira no ‘Nova Manhã’:
Um estudo de Harvard, por exemplo, revelou que alunos sem deficiência aprendem mais quando estão em turmas inclusivas. Isso porque a vida não acontece entre iguais, mas sim entre diferentes. E é nessas diferenças que se desenvolvem valores essenciais como cooperação, respeito e empatia.
Pensemos, por exemplo, em uma criança com Transtorno do Espectro Autista ou com Síndrome de Down. Estar em uma sala de aula convencional, com outras crianças, promove não apenas o aprendizado acadêmico, mas também o desenvolvimento da autonomia, algo fundamental para a vida adulta. Mas para que isso funcione, precisamos de professores preparados.
Não adianta apenas colocar os alunos juntos se os educadores não forem capacitados para essa realidade.
Muitas vezes, um professor pode questionar: “Mas e se essa criança nunca aprender trigonometria?” E eu pergunto: essa é realmente a questão mais importante? Durante muito tempo, nossas escolas valorizaram o excesso de conteúdo memorizado, mas a verdadeira aprendizagem vai além disso. O que realmente importa é o desenvolvimento de três pilares essenciais: razão, emoção e socialização. Todos são inteligentes à sua maneira, e a escola precisa valorizar essas múltiplas inteligências.
Questão social
A inclusão na educação não é apenas uma questão acadêmica, mas também social. Quando vejo jovens com autismo cursando uma faculdade, fico encantado com a beleza da heterogeneidade. Eles podem precisar de um pouco mais de tempo para elaborar respostas, podem ter métodos de aprendizado diferenciados, mas isso não os torna menos capazes. Pelo contrário, são justamente essas particularidades que enriquecem o ambiente acadêmico e profissional.
Infelizmente, ainda vivemos em um mundo que tenta padronizar tudo. Pais muitas vezes se preocupam mais com o desempenho acadêmico dos filhos do que com o desenvolvimento de sua empatia e humanidade. Mas será que ser “o melhor aluno” deve ser o único objetivo? O verdadeiro aprendizado acontece quando ensinamos uma criança a respeitar o outro, a ouvir e a se colocar no lugar do próximo.
E não é só na escola que isso faz diferença. No mercado de trabalho, nas relações pessoais, em qualquer ambiente, a diversidade nos ensina. Imagine um mundo onde todos pensassem e agissem da mesma forma. Seria um mundo pobre em criatividade, em possibilidades e em crescimento.
Precisamos tirar o brilho das telas e trazer de volta o brilho dos olhos. Olhar para o outro, conviver, respeitar e aprender juntos. Essa é a verdadeira essência da educação inclusiva.
E que bom que podemos falar sobre isso. Porque, mais do que um tema educacional, a inclusão é um compromisso de toda a sociedade.
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