Diego Amorim: “Diário do conclave”

Diego Amorim
12:41 06.05.2025
Conclave 2025

Diego Amorim: “Diário do conclave”

Está praticamente tudo pronto na Capela Sistina, fechada para os turistas e aberta para os cardeais

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- 06.05.2025 - 12:41
Diego Amorim: “Diário do conclave”
Foto: Vatican News.

Roma/Vaticano – Esta é a minha quarta vez em Roma, sendo a terceira a trabalho. Em 2013, cobri o conclave que elegeu o papa Francisco. No ano seguinte, voltei para a cobertura das canonizações de João Paulo II e João XXIII, e para uma temporada como voluntário na Rádio Vaticano. Agora, cá estou novamente para acompanhar meu segundo conclave consecutivo, que começará nesta quarta-feira (7).

Está praticamente tudo pronto na Capela Sistina, fechada para os turistas e aberta para os cardeais. A chaminé de onde sairá a fumaça branca anunciando o início de um novo pontificado está instalada, assim como a cortina vermelha que se abrirá, na varanda principal da Basílica de São Pedro, para o papa de número 267.

A partir da manhã desta terça-feira (6), ainda madrugada no Brasil, os 133 cardeais com menos de 80 anos — outros dois com idade para votar, pelas regras atuais da Igreja, desistiram de participar por motivos de saúde — puderam começar a se mudar para a chamada Casa Santa Marta, local de hospedagem dentro dos muros do Vaticano.

João Paulo II havia estipulado um limite de 120 cardeais votantes. Francisco, porém, alterou essa regra depois de promover a cardeal uma série de bispos pelo mundo. Aliás, religiosos de 15 nações, como Haiti, Cabo Verde e Suécia, vão estrear neste conclave.

Os cardeais, chamados por aqui de ‘purpurados’ e ‘príncipes da Igreja’, participarão de uma missa na manhã desta quarta e, em seguida, ficarão, em tese, sem qualquer contato com o mundo exterior. Nada de celular e televisão, por exemplo, garante o Vaticano. A ideia é zerar ou ao menos minimizar nestes dias as influências, digamos assim, ‘não sobrenaturais’.

Além dos cardeais votantes, entre eles 7 brasileiros, um número restrito de funcionários do Vaticano, incluindo médicos e auxiliares de serviços gerais, estarão trancados na Capela Sistina durante as votações — ponho no plural porque é realmente muito difícil um papa ser eleito de primeira. Todos eles fizeram o juramento de não abrirem a boca, nem mesmo após o anúncio do novo papa, sobre o que virem e ouvirem ali.

O processo de votação de um papa, a despeito de fatos que instigaram a imaginação de católicos e não católicos ao longo da história, é “muito simples”, como me definiu em entrevista, antes de eu embarcar para Roma, o padre Antônio Xavier Batista, vice-reitor do Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília. Ele tem razão.

O voto no conclave é arcaicamente impresso. Cada cardeal escreve o nome do seu preferido numa cédula, que é depositada numa urna ali mesmo, diante dos demais. Ao fim de cada rodada, os papéis são conferidos. Se um nome aparecer em pelo menos dois terços das cédulas — neste conclave, o mínimo serão 89 votos –, fumaça branca e fim: ‘habemus papa!’. Caso contrário, repete-se a votação.

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A primeira votação será ainda na quarta-feira. A partir de quinta, se necessário, serão dois escrutínios pela manhã e dois pela tarde. A média de duração dos últimos três conclaves foi de três dias, o que deve se repetir desta vez, segundo estimam vaticanistas.

Favoritos sempre há, claro. Mas, em se tratando de conclave, tudo realmente pode acontecer. O fato de o papa Francisco ter ficado um bom tempo doente antes de morrer com certeza fez com que as movimentações para a sucessão começassem antes mesmo das 11 congregações gerais, as reuniões preparatórias que antecedem o conclave.

Convido você a acompanhar a cobertura do conclave aqui no site, no Instagram @jornalismonovabrasil, nas rádios e nas TVs do Grupo Thathi de Comunicação.

Arrivederci!

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