Mundo se despede do Papa Francisco

Um papa que fez história antes mesmo de iniciar seu pontificado. Francisco escolheu olhar para os lugares enquanto a maioria dos líderes mundiais não olham, a começar por sua terra de origem, a América Latina, o fim do mundo, como o último pontífice ironicamente se referiu.

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, onde o governo Milei decretou luto de sete dias. O atual presidente se referiu a Francisco como “um homem de bondade e sabedoria“. Milei afirmou que “apesar de diferenças passadas, reconhece sua dedicação aos mais vulneráveis e seu papel transformador na Igreja“.

Repercussão

O jornal La Nación destacou:

‘Adeus ao Papa do fim do mundo, Francisco foi um militante do diálogo entre diferentes’.

Jornal La Nación

O presidente Lula declarou que “Assim como ensinado na oração de São Francisco de Assis, o Papa buscou de forma incansável levar o amor onde existia o ódio. A união, onde havia a discórdia.“

Já o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse que o Papa Francisco era um grande amigo que sempre esteve ao lado dos mais vulneráveis. Francisco teve um papel importante num acordo de paz entre o governo colombiano e as Farc. Gabriel Boric, presidente chileno, destacou que o pontífice fez um esforço genuíno para aproximar a igreja das pessoas em um mundo onde o espiritual parece ter ficado em segundo plano.

Igualmente, Claudia Sheinbaum, presidente do México, disse que ele foi um humanista que apostou nos pobres, na paz e na igualdade. Em Cuba, o presidente Miguel Díaz-Canel lamentou a morte e destacou sua proximidade com Cuba. Foi o Papa Franciso quem conseguiu mediar um diálogo entre Estados Unidos e a ilha resultando na atenuação dos embargos.

Europa

Na Europa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou que Francisco “inspirou milhões por sua humildade e seu amor tão puros pelos mais desfavorecidos“.

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, declarou sentir um grande vazio com a perda do ponto de referência que Francisco era. Logo depois, o líder italiano enfatizou que o seu ensinamento recordou a mensagem evangélica, a solidariedade entre as pessoas, cooperação internacional, e a humanidade.

Inclusive, Mattarella afirmou que “A gratidão para com ele deve ser traduzida com a responsabilidade de trabalhar, como ele, Francisco, fez constantemente, por esses objetivos”. O rei Charles III, chefe da igreja anglicana, destacou que o papa serviu ao mundo com devoção durante toda a sua vida.

Ao mesmo tempo, o Papa Francisco também se debruçou para tentar resolver dois dos conflitos mais midiáticos do mundo: a Guerra na Ucrânia e em Gaza. Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, relembrou que Francisco rezou pela paz na Ucrânia e que ele “sabia dar esperança e promover a unidade“.

Logo, Vladimir Putin descreveu Francisco como um “dirigente sábio” e um “defensor constante dos mais altos valores do humanismo e da justiça“. E ainda pontuou que Francisco “contribuiu ativamente para o desenvolvimento do diálogo entre as Igrejas Ortodoxa russa e Católica“.

Oriente Médio

No Oriente Médio, O presidente de Israel, Isaac Herzog disse que Francisco foi “um homem de profunda fé e compaixão sem fim“. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, o homenageou como “um amigo fiel do povo palestino“. Abbas relembrou que o papa reconheceu a Palestina como Estado e condenou desde sempre a perseguição, bem como os ataques desmedidos e desumanos de Israel.

Desde o primeiro dia da guerra Israel e Hamas, Francisco ligou constantemente para a paróquia de Gaza através de chamadas de vídeo. Foram mais de 500. E a União Africana prestou homenagem a um “defensor inabalável da paz“.

Imediatamente, o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fez um pronunciamento. Ele destacou que o Papa Francisco entendeu que proteger nossa casa comum, como o Papa se referia ao planeta, era uma profunda missão moral.

Já no Iraque, o Grande Aiatolá Ali al-Sistani, líder xiita do país, disse que “O Papa alcançou um elevado status espiritual entre muitos povos do mundo.” Talvez esta viagem, que ocorreu durante a pandemia, foi uma das mais arriscadas de Francisco. Ele visitou o país para levar o diálogo para a minoria católica e demais religiões.

Outras religiões

O Congresso Judaico Europeu declarou que “o Papa Francisco foi um defensor inabalável do diálogo inter-religioso e do respeito mútuo entre religiões. Seu compromisso em combater o antissemitismo e fomentar um espírito de fraternidade entre cristãos e judeus será lembrado com gratidão e admiração.” ​

Já Organizações judaicas em Israel lamentaram o que chamaram de perda de um amigo do povo judeu. “Apesar de algumas divergências recentes, reconhecemos sua dedicação ao diálogo e à compreensão mútua.” O Líder da Comunidade Muçulmana Ahmadiyya Recordou o acolhimento caloroso de representantes Ahmadis pelo Papa no Vaticano, expressando condolências em nome de toda a comunidade aos seguidores da Igreja Católica.

No Islamismo, o Ahmed el-Tayeb, Grande Imã de Al-Azhar, do Egito, afirmou que Francisco era um irmão seu na humanidade. “Ele apoiou as causas dos fracos e promoveu o diálogo entre diferentes religiões e culturas“, ressaltou.

Na índia, país de grande maioria de praticantes do hinduísmo, O primeiro-ministro Narendra Modi afirmou que o papa foi um “modelo de compaixão, humildade e valor espiritual“.

Igualmente, o porta-voz da diplomacia iraniana, Esmail Baghai, ofereceu suas “condolências a todos os cristãos do mundo” e disse “rezar para Deus todo-poderoso pela paz” do papa Francisco.

O que o Papa Francisco pregava, sobretudo, a igreja como casa universal, ele fez e sempre disse: Todos são bem-vindos, todos. Do mesmo modo em que o papa sempre pediu para que os fieis orassem por ele, desde sua partida, o mundo reza por Francisco.