
Samba de gafieira: o que é, origem e tipos da dança

Samba de gafieira: o que é, origem e tipos da dança
Conheça mais sobre a história do Samba de Gafieira, estilo de dança de salão brasileira com origens africanas


Hoje vamos saber um pouco mais sobre o Samba de Gafieira, estilo de dança de salão brasileira com origens africanas.
O samba é a paixão nacional do brasileiro e um dos maiores ícones da cultura popular do Brasil. Em 2005, o Samba de Roda da Bahia foi merecidamente reconhecido ao receber o título concedido pela UNESCO de Patrimônio Imaterial da Humanidade.
Quando pensamos em dança relacionada ao samba, para muitos a ideia que vem primeiro à mente é a do samba no pé, presente fortemente no Carnaval. Mas existe também uma outra modalidade de samba, dançado em pares e presente nas danças de salão, que é o Samba de Gafieira.
O Samba de Gafieira é tanto um gênero musical, quanto uma dança. Enquanto gênero musical, ou música composta pensando nos passos dos dançarinos, ele inclui o samba-choro (especialmente o chamado choro de gafieira), o samba de breque e o samba sincopado.
Instrumentos de cordas (violão e cavaquinho) e instrumentos de percussão dão vida ao samba de gafieira que também foi influenciado, após a Segunda Guerra Mundial, pelas orquestras americanas, incorporando instrumentos em alta na época, como trompetes e trombones. O Choro também teve sua contribuição, adicionando a clarineta e a flauta à gafieira.
A origem do Samba de Gafieira
Acredita-se que o Samba de Gafieira tenha surgido de ritmos de origem africana como o batuque e o lundu, e que a dança seja derivada do maxixe.
O batuque africano, dança africana que era dançada na Bahia em filas ou rodas acompanhado de palmas, é considerado a raiz do samba. Em 1888, com a chamada “abolição da escravidão” e com a instituição da República em 1889, houve uma grande migração de negros ex-escravizados da Bahia para a capital da República na época, o Rio de Janeiro, em busca de trabalho e oportunidades.
Com isso, a cultura afro-brasileira passou a influenciar fortemente a cultura popular carioca. Os recém chegados se instalaram principalmente nos bairros cariocas da Gamboa e da Saúde e começaram a propagar o samba como um ritmo urbano.
O samba então nasceu e se desenvolveu no Rio de Janeiro durante as primeiras décadas do século XX e a dança que acompanhava os versos e refrões foi sendo moldada. Os gêneros que já faziam parte da cidade como o Maxixe, Xote, Polca e Lundu, foram integrados a essa dança.
Foi mais precisamente a partir da década de 40 e ao longo da década de 50 que o samba passou a sofrer as influências de ritmos americanos e latinos. O estilo musical se difundiu pelo país, estimulado pela política nacionalista de Getúlio Vargas, nos anos 1930. Daí surgiu o Samba de Gafieira, que é a forma de tocar o samba com instrumentos de orquestras americanas e que passou a ser o ritmo para ser dançado a dois pelos salões.
No início do século XX, as camadas mais pobres da sociedade carioca, constituida majoritariamente por negros ex-escravizados, mas nunca realmente “libertos” e inseridos na sociedade, não tinha permissão para frequentar os bailes da alta sociedade, que – por motivos óbvios – eram frequentados por pessoas brancas.
Impedidos de se divertir nesses ambientes barrados pelo preconceito racial, o povo preto criou seus próprios bailes, levando ao surgimento das Gafieiras no Rio de Janeiro. O Samba de Gafieira não era aceito pela sociedade, pois, como se dizia, “não correspondia à moral e aos bons costumes da época”.
Na dança, a bailarina é conduzida pelo bailarino, que – junto com os passos – traz também uma malandragem e faz brincadeiras com a bailarina, enquanto ela, usa movimentos precisos que evocam bastante sensualidade.
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A preocupação com a imagem e a posição social fez com que os dirigentes das gafieiras usassem de extrema rigidez, numa tentativa de fazer com que esses locais sofressem menos discriminação.
As normas de conduta eram de fato respeitadas nas gafieiras. Essas famosas e rígidas regras foram descritas pelo compositor Billy Blanco na música, “Estatuto da Gafieira“, de 2002, depois interpretada magistralmente por Elza Soares:
Isso era nada menos que a classe abastada e dominante tentando conter as expressões da cultura negra pois temiam que isso pudesse colocar em risco seus interesses econômicos e sociais.
Assim como os negros eram tidos como seres inferiores aos brancos, práticas de tradições africanas e tudo mais que se originava da cultura negra era diminuida e oprimida. Em contrapartida, a cultura européia era enaltecida e aceita como o modelo ideal de nação civilizada.
Assim como outras manifestações da cultura negra, o samba é um ritmo de resistência que sobreviveu as delimitações impostas pelo colonialismo. E segue resistindo.
Acredita-se que o cenário só começou a mudar de fato nos anos 1930 quando, estimulado pela política nacionalista de Getúlio Vargas, o samba tornou-se símbolo da nacionalidade. O carnaval e as escolas de samba foram incentivados e o samba alcançou as rádios.
Nos anos 1940, o samba ganhou notoriedade internacional e passou de manifestação popular inferior e reprovável para símbolo da miscigenação e brasilidade. Entre os anos 1940 e 1960, os salões de gafieira eram ainda lugares onde apenas a população de baixa renda, constituida em sua maior parte por negros, se divertia a noite. Foi a partir nos anos 60 que os bailes passaram a ser frequentados por todas as classes sociais.
A dança deixou de ser vista com preconceito e passou a ser considerada um ritmo elegante e que exige bastante técnica dos dançarinos.
A coreografia do Samba de Gafieira segue uma música em compasso binário e ritmo sincopado e uma das suas principais características é a atitude do dançarino em relação à sua parceira: malícia, proteção, elegância e ritmo.