
05 Poemas de Augusto de Campos

05 Poemas de Augusto de Campos
Dia 14 de fevereiro foi aniversário de 94 anos do autor e, por isso, trouxemos 05 poemas de Augusto de Campos para homenageá-lo nesta data especial

Dia 14 de fevereiro foi aniversário de 94 anos do poeta, tradutor, ensaísta, crítico de literatura e de música paulistano Augusto de Campos. Para homenageá-lo nesta data especial, separamos 05 poemas de Augusto de Campos para vocês!
Sobre Augusto de Campos e a Poesia Concreta
Nascido em São Paulo, em 14 de fevereiro de 1931, Augusto de Campos publicou o seu primeiro livro de poemas em 1951, “O Rei Menos o Reino”.
Em 1952, com seu irmão – o também poeta Haroldo de Campos – e Décio Pignatari, lançou a revista literária “Noigandres”, origem do Grupo Noigandres, que iniciou o movimento internacional da Poesia Concreta no Brasil.
O segundo número da revista, em 1955 continha sua série de poemas em cores “Poetamenos”, escritos em 1953, considerados os primeiros exemplos consistentes de poesia concreta no Brasil.
O verso e a sintaxe convencional eram abandonados e as palavras rearranjadas em estruturas gráfico-espaciais, algumas vezes impressas em até seis cores diferentes, sob inspiração da Klangbarbenmelodie (melodia de timbres) de Webern.
O Concretismo tinha como principais objetivos eliminar o intimismo e o eu lírico do poema, retomando procedimentos adotados pelas correntes de vanguarda do começo do século XX, como o Futurismo e o Cubismo.
Expressão máxima de seu estilo, a poesia de Augusto de Campos faz uso de diferentes procedimentos de criação artística: o poeta utiliza recursos da poesia, das artes visuais, da publicidade, da música e das tecnologias digitais (é um grande pesquisador das mídias eletrônicas), sempre unindo palavra, som, imagem e movimento em uma unidade estrutural.
Seu interesse pela dimensão “verbivocovisual” (conceito criado pelo poeta irlandês James Joyce) permeia toda a sua obra, considerada uma das mais representativas e consistentes do movimento concretista.
Em 1956, Augusto de Campos participou da organização da Primeira Exposição Nacional de Arte Concreta (Artes Plásticas e Poesia), no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Obras de Augusto de Campos
A obra de Augusto de Campos veio a ser incluída, posteriormente, em muitas mostras, bem como em antologias internacionais, como as históricas publicações:
– Concrete Poetry: an International Anthology, organizada por Stephen Bann (Londres, 1967)
– Concrete Poetry: a World View, por Mary Ellen Solt (Universidade de Bloomington, Indiana, 1968)
– Anthology of Concrete Poetry, por Emmet Williams (NY, 1968)
A maioria dos seus poemas está reunida em “Viva Vaia” (1979), “Despoesia” (1994) e “NÃO” (com um CDR de seus Clip-Poemas, de 2003).
Outras obras importantes são: “Poemóbiles” (1974) e “Caixa Preta” (1975), coleções de poemas-objetos em colaboração com o artista plástico e designer Julio Plaza.
Como tradutor de poesia, Augusto de Campos especializou-se em recriar a obra de autores de vanguarda como Pound (“Mauberley, The Cantos”), Joyce (“Finnegans Wake”), Gertrude Stein e Cummings, ou os russos Maiakóvski e Khliébnikov.
Traduziu também alguns dos grandes “inventores” do passado: Arnaut Daniel e os trovadores provençais, Donne e os “poetas metafísicos”, Mallarmé e os simbolistas franceses.
Como ensaísta é coautor de “Teoria da Poesia Concreta”, com Haroldo de Campos e Decio Pignatari, de 1965, e autor de outros livros tratando de poesia de vanguarda e de invenção, como:
– Poesia Antipoesia Antropofagia (1978)
– O Anticrítico (1986)
– Linguaviagem (1987)
– À Margem da Margem (1989)

Com Haroldo e Pignatari, Augusto de Campos lutou pela revalorização da obra de Oswald de Andrade, e também redescobriu a obra do poeta maranhense Sousândrade (1832-1902), um precursor da poesia moderna com seu “Inferno de Wall Street” (1877) em “Revisão de Sousândrade”, de 1964.
Já o livro “Balanço da Bossa (E outras Bossas) – 1968-1974”, reuniu seus estudos pioneiros sobre o Tropicalismo e a MPB, assim como as suas intervenções no campo da música contemporânea tratando de Charles Ives, Webern, Schoenberg e os compositores brasileiros do grupo Musica Nova.
A partir de 1980, Augusto de Campos intensificou os experimentos com as novas mídias, apresentando seus poemas em luminosos, videotextos, neon, hologramas e laser, animações computadorizadas e eventos multimídia, abrangendo som e música, como a leitura plurivocal de “Cidadecitycité”, com seu filho, Cid Campos, 1987/1991.
Seus poemas holográficos (em cooperação com Moyses Baumstein) foram incluídos nas exposições “Triluz” (1986) e “Idehologia” (1987).
Augusto de Campos também produziu um videoclipe do poema “Pulsar”, com música de Caetano Veloso, em 1984, com a colaboração do grupo Olhar Eletrônico.
Os poemas “Poema Bomba” e “SOS”, com música de seu filho, Cid Campos, foram animados em uma estação computadorizada Silicon Graphics da Universidade de São Paulo, em 1992.
Sua cooperação com Cid, iniciada em 1987, ficou registrada em “Poesia é Risco, disco editado em 1995 pela PolyGram, e se desenvolveu no espetáculo de mesmo nome, uma performance “verbivocovisual” de poesia/música/imagem com edição de vídeo de Walter Silveira, apresentada em diversas cidades do Brasil e no exterior.
As animações digitais de Augusto de Campos – os “Clippoemas” – foram exibidas em 1997 numa instalação que fez parte da exposição Arte Suporte Computador, na Casa das Rosas, em São Paulo.
Em 25 de Janeiro de 2022, o poeta recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
05 Poemas de Augusto de Campos
1 – O Pulsar, 1975

2 – O Vivo, 1951
“Não queiras ser mais vivo do que és morto.
As sempre-vivas morrem diariamente
Pisadas por teus pés enquanto nasces.
Não queiras ser mais morto do que és vivo.
As mortas-vivas rompem as mortalhas
Miram-se umas nas outras e retornam
(Seus cabelos azuis, como arrastam o vento!)
Para amassar o pão da própria carne.
Ó vivo-morto que escarnecem as paredes,
Queres ouvir e falas.
Queres morrer e dormes.
Há muito que as espadas
Te atravessando lentamente lado a lado
Partiram tua voz. Sorris.
Queres morrer e morres.”
3 – Augusto de Campos: dias dias dias, 1953

4 – Augusto de Campos: amortemor, 1970

5 – Augusto de Campos: Intradução: asa de akhmátova, 1997
