40 anos de uma promessa: SP segue bem atrás de outras cidades globais na despoluição dos seus rios
40 anos de uma promessa: SP segue bem atrás de outras cidades globais na despoluição dos seus rios
Na França, a capital trata 99% do seu esgoto; águas residuais, que são levadas através das enxurradas nos períodos chuvosos
No último dia 19/6, a SOS Mata Atlântica divulgou um estudo que analisou diversos trechos do rio Tietê e apontou que a mancha de poluição do rio quase dobrou desde 2021. De 85km para 160km, em dois anos.
E apesar de o trecho com águas de boa qualidade também ter dobrado, de 60km para 119km, o mau cheiro, as águas escuras e ausência de vida no mais importante rio de São Paulo ainda são uma realidade para os paulistanos.
A promessa de despoluição surgiu em 1992, quando a sociedade civil recolheu mais de 1 milhão de assinaturas durante a Rio92, que foi entregue ao então governador Fleury Filho.
Mas até hoje, foram investidos mais de R$ 3 bilhões, em projetos que não resolveram a questão central, como aponta o engenheiro ambiental e professor da Universidade Federal do ABC Paulista, Ricardo Taniwaki:
“A gente está tentando solucionar um problema em que a causa não está sendo solucionada. Tem muito despejo de esgoto ainda não tratado nos córregos e rios da região metropolitana”, constata o especialista.
Taniwaki ainda apontou as ocupações irregulares e falta de planejamento no processo de urbanização como alguns problemas na capital:
“Se você não tratar o mal pela raiz, nas cabeceiras, e impedir que o esgoto seja lançado lá, você acaba não tendo uma eficiência na calha central do rio”.
Na França, o governo federal e a prefeitura de Paris correm contra o tempo para cumprir uma promessa feita por Emannuel Macron e Anne Hidalgo: liberar o nado no Sena para a realização das Olimpíadas – que começam no dia 26 de julho.
O problema na cidade luz são as águas residuais – águas das chuvas que levam óleo e lixo das ruas para o rio através das enchentes. E a cidade ainda trata cerca de 99% do esgoto antes de devolvê-lo ao Sena.
Mesmo assim, o nado pode ir por água abaixo, como denuncia o jornalista William Buzy:
“Além das questões técnicas e políticas, o Sena tem sido usado por empresas para fins turísticos. Traduzindo, elas não querem compartilhar o rio”.
Porém, na devolução das águas limpas à Natureza, Paris está muito à frente de São Paulo. Em Nanterre, o governo local instalou um Parque de Jardins Filtrantes, que purificam a água deixando-a em condições que permitem uso para tratamento convencional e a existência de peixes.
Camila Goulart Joazeiro, chefe de projetos da empresa Phytorestore, explicou que a área onde se encontra o parque foi recuperada pela prefeitura, que implementou a tecnologia oferecida pela empresa.
A água do rio Sena é direcionada para tanques que contêm plantas nativas que realizam a purificação através de um processo chamado fitorremediação.
Conheça a tecnologia na reportagem especial: