Aniversário de Wilson das Neves, um dos maiores bateristas da história
Aniversário de Wilson das Neves, um dos maiores bateristas da história
Se não tivesse nos deixado aos 81 anos, em agosto de 2017 – após lutar contra um câncer durante vários anos – o cantor, compositor e um dos maiores bateristas e percussionistas da história da música popular brasileira, Wilson das Neves, teria completado 87 anos no último dia 13 de junho. Em homenagem, conheça mais … Continued
Se não tivesse nos deixado aos 81 anos, em agosto de 2017 – após lutar contra um câncer durante vários anos – o cantor, compositor e um dos maiores bateristas e percussionistas da história da música popular brasileira, Wilson das Neves, teria completado 87 anos no último dia 13 de junho.
Em homenagem, conheça mais sobre sua carreira e obra.
Wilson das Neves
Nascido no Rio de Janeiro, em 1936, Wilson desde jovem já demonstrava talento para a música. Começou a tocar bateria aos 14 anos e, aos 18, já era um baterista profissional. Inicialmente, tocou em bailes e acompanhou artistas da chamada “era de ouro” do rádio brasileiro.
Sua carreira profissional se consolidou na década de 1960, quando se tornou um músico muito requisitado para gravações em estúdio e também para shows ao vivo.
Wilson das Neves participou de diversas gravações de discos de artistas renomados, como:
- Elis Regina;
- Chico Buarque;
- Martinho da Vila;
- Wilson Simonal;
- Elizeth Cardoso;
- Roberto Carlos;
- João Nogueira;
- Clara Nunes;
- entre outros.
Entre esses notáveis trabalhos estão:
- o álbum Elza Soares, Baterista: Wilson das Neves, de 1968;
- em 1975, a participação na gravação dos discos Lugar Comum, de João Donato, e Meu Primeiro Amor, de Nara Leão;
- e, em 1976, tocou timbales no antológico álbum África Brasil, de Jorge Ben Jor.
Os álbuns
Além de seu trabalho como baterista e percussionista, Wilson das Neves também era um excelente cantor e compositor.
Lançou diversos álbuns solo ao longo de sua carreira, sendo o mais conhecido deles O Som Sagrado de Wilson das Neves, em 2001. Nesse trabalho, ele mistura samba, funk, jazz e outros ritmos, sempre com letras inteligentes e marcantes.
Reconhecido por sua técnica apurada, suingue inconfundível e presença de palco carismática, Wilson das Neves trazia batidas precisas e um estilo único de tocar a bateria, que fizeram dele uma referência para gerações de músicos brasileiros. Além disso, sua voz grave e potente conquistou o público e se tornou uma marca registrada de suas interpretações.
Prêmios e reconhecimentos
Ao longo de sua trajetória, o artista recebeu diversos prêmios e reconhecimentos. Foi agraciado com a Medalha da Ordem do Mérito Cultural, concedida pelo Ministério da Cultura do Brasil, e também foi homenageado em vida por diversas escolas de samba e agremiações carnavalescas.
Figura presente no samba, Wilson das Neves foi ritmista na escola de samba Império Serrano, onde tocava tamborim.
Em 2010, o artista lançou – no Brasil e Europa – seu terceiro álbum como cantor e compositor: Pra Gente Fazer Mais um Samba, com o qual foi indicado a Melhor Cantor pelo Prêmio da Música Brasileira e com o qual venceu a categoria Melhor álbum de Samba.
A amizade com Emicida
Em 2013, Wilson fez uma participação na música Trepadeira, do álbum O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui, de Emicida. O cantor, compositor e rapper sempre foi muito fã de Wilson das Neves e os tornara-se muito amigos a partir daí.
No São Paulo Fashion Week de 2016, Emicida – juntamente com seu irmão Fióti e com o estilista João Pimenta – lançaram na sua marca Laboratório Fantasma uma coleção de roupas intitulada LAB. Wilson das Neves participou do desfile na edição seguinte, com o tema era “herança”, e as roupas utilizavam influências do rap e do samba, com bordados da mãe de Emicida e Fióti, Dona Jacira.
Quem Tem Um Amigo Tem Tudo
Em 2019, no seu famoso álbum Amarelo, Emicida incluiu uma canção em homenagem ao amigo falecido em 2017: Quem Tem Um Amigo Tem Tudo…, que conta com a participação de Zeca Pagodinho, foi composta pelo rapper a partir de uma melodia enviada para ele em fita cassete, por Wilson das Neves, antes de falecer:
Na música, Emicida cita o bordão “Ô, sorte!”, a mais conhecida pérola de Wilson Das Neves, que ele repetia sempre, nas mais diversas situações.
Mas a autoria da expressão nem é dele: foi uma apropriação de uma frase dita por seu amigo, também sambista, Roberto Ribeiro, quando este descobriu que Wilson também era, assim como ele, da Império Serrano.
A partir dali, sempre que os dois se encontravam, diziam em uníssono “Ô sorte”. E, dali para a vida, a frase seguiu com o baterista:
Alô Madureira
Alô bateria
Ô sorteQuem tem um amigo tem tudo
Se o poço devorar, ele busca no fundo
É tão dez que junto todo stress é miúdo
É um ponto pra escorar quando for absurdoQuem tem um amigo tem tudo
Se a bala come, mano, ele se põe de escudo
Pronto pro que vier mesmo a qualquer segundo
É um ombro pra chorar depois do fim do mundoSer mano igual Gil e Caetano
Nesse mundo louco é pra poucos, tanto sufoco insano encontrei
Voltar pra esse plano e vamos estar voltando
É tipo Rococó, Barroco em que Aleijadinho era reiÉ presente dos deuses, rimos quantas vezes?
Como em catequeses, logo perguntei
Pra Oxalá e pra Nossa Senhora
Em que altura você mora agora, um dia lhe visitareiTantas idas e vindas cantam histórias lindas
Samba que toca ainda, camba desde Cabinda
Classe Aruanda brinda, plantas, água e moringa
Sabe, um bamba não finda, acampa no colo da dindaE volta como o Sol
Cheio de luz, inspiração rompendo a escuridão
Quem divide o que tem é quem vive pra sempre
E a gente humildemente lembra no refrão
Assim, óQuem tem um amigo tem tudo
Se o poço devorar, ele busca no fundo
É tão dez que junto todo stress é miúdo
É um ponto pra escorar quando for absurdoQuem tem um amigo tem tudo
Se a bala come, mano, ele se põe de escudo
Pronto pro que vier mesmo a qualquer segundo
É um ombro pra chorar depois do fim do mundoO amigo é um mago do meigo abraço
É mega afago, abrigo em laço
Oásis nas piores fases quando some o chão e as bases
Quando tudo vai pro espaço, é isso
Quem tem um amigo tem tudo (valeu, meu eterno parceiro Wilson das Neves)
Quem tem um amigo tem tudo (o orixá que tivemos a honra de conhecer em vida)
Quem tem (oh, sorte)
https://www.youtube.com/watch?v=hxsWMlVPdWg