“Mulheres no Forró” é tema do Sons da Nova; ouça aqui!

Em junho e julho, o Sons da Nova – programa que traz texturas musicais nas suas noites de sexta-feira – está sob o comando da querida Mariana Aydar. Com base nos ritmos nordestinos durante a temporada, a artista elaborou um episódio totalmente dedicado às “Mulheres no Forró”.

De Marinês, passando por Elba Ramalho até Juliana Linhares, Mariana perpassa a história do gênero musical tipicamente brasileiro e reforça a importância da contribuição das mulheres.

Nesta matéria, confira mais detalhes sobre a vida e obra de quatro das artistas homenageadas, além de ouvir o episódio na íntegra:

As Mulheres no Forró

Anastácia

Se Rita Lee é a Rainha do Rock, nós temos também uma Rainha do Forró: Anastácia.

Nascida em Recife, em 1940, Anastácia fez história como uma das maiores e mais produtivas compositoras do gênero. Começou a se interessar por música aos sete anos de idade, aos 13 já cantava profissionalmente e aos 14 foi contratada pela principal rádio da cidade.

Anastácia tem mais de 30 discos lançados e já compôs mais de mil canções, sendo que aproximadamente 250 delas foram em parceria com Dominguinhos, com quem foi casada de 1966 a 1978. Eles começaram o relacionamento quando ambos acompanhavam Luiz Gonzaga em uma turnê.

Anastácia já teve suas músicas gravadas por artistas como:

• Gal Costa;
• Gilberto Gil;
• Jair Rodrigues;
• Ângela Maria;
• e Luiz Gonzaga,

E foi ainda indicada ao Grammy Latino, na categoria Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa, no ano de 2018, pelo disco Daquele Jeito.

Marinês

Marinês e seu marido, o sanfoneiro Abdias, formaram a dupla Casal da Alegria, em 1949. Juntamente aos dois, somou-se o zabumbeiro Cacau, formando um trio que chegou a abrir os shows de Luiz Gonzaga pelo Nordeste. Porém, até então não tinham se encontrado pessoalmente.

A primeira vez que Marinês se encontrou a Luiz Gonzaga foi em Propriá (Sergipe), onde eles fizeram um show junto com Luiz Gonzaga, que apoiou a carreira de Marinês e lhe ensinou o xaxado. Inclusive, foi Gonzagão que coroou a cantora e instrumentista como Rainha do Xaxado.

Em 1956, Marinês gravou seu primeiro disco, já como Marinês e sua Gente. No ano seguinte, acompanhou Luiz Gonzaga no Rio de Janeiro, se apresentando em programas de rádio. Pisa na fulô e Peba na pimenta foram alguns dos sucessos lançados pela cantora, com cerca de 30 discos em sua discografia total.

Elba Ramalho

Cantora, compositora, atriz e multi-instrumentista, Elba Ramalho é uma das maiores vozes da música brasileira. Começou a sua carreira no teatro, em um grupo formado ainda na escola, quando ela tinha 14 anos.

O Coral Falado Manuel Bandeira, fazia encenações híbridas da poética nacional e internacional, misturando música, dança e teatro. Mais tarde, ultrapassou as fronteiras do ambiente escolar e transformou-se em uma Fundação Artístico-Cultural em que Elba atua como uma das principais diretoras e atrizes.

Também na escola, Elba montou a sua primeira banda, formada apenas por mulheres, em que ela tocava guitarra e bateria. Dona de uma bela e poderosa voz, para começar a cantar, foi um pulo!

Ao longo dos seus mais de 40 anos de carreira, participou de diversas montagens no teatro e no cinema e vendeu mais de 10 milhões de discos, tornando-se uma das maiores artistas da nossa MPB e grande representante da cultura nordestina em nosso país.

Com 6 indicações ao Grammy Latino, Elba Ramalho gravou e conviveu com nomes como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Dominguinhos. Na Festa de São João de Campina Grande, considerada a maior do mundo e realizada anualmente na cidade, a presença da cantora é tradicional e seu show é o mais esperado todo ano.

Juliana Linhares

Juliana Linhares é uma cantora, compositora e atriz, que lançou o seu primeiro álbum como cantora profissional em março de 2021, chamado Nordeste Ficção, que tem a direção artística de Marcus Preto e produção musical de Elísio Freitas.

O álbum de estreia da cantora foi imaginado da mesma forma que um roteiro de teatro, tendo romance de autoficção e também um documentário/drama cinematográfico. Nas 11 faixas do álbum, é apresentado um trabalho que lembra os LP’s de nomes clássicos como:

• Elba Ramalho;
• Amelinha;
• Cátia de França;
• e Terezinha de Jesus.

Além disso, Nordeste Ficção tem uma melodia e poesia que tem base em Alceu Valença, Fagner, Belchior, Ednardo e Zé Ramalho, dialogando também com nomes dos anos 90 como Rita Ribeiro, Lenine e Chico César. O disco traz um espaço para questionamentos sobre o que é e como é a vivência nordestina hoje em dia.

Juliana Linhares nasceu em Natal, capital do Rio Grande do Norte, e se mudou para o Rio de Janeiro em 2010. Essa mudança fez com que Juliana tivesse um lugar de observação mais privilegiado do que os demais sobre todos os clichês que o resto do Brasil enxerga no Nordeste.

Por conta de todos esses estereótipos, Juliana conseguiu um material completo para o começo das suas criações do seu álbum de estreia. Ela pensou na música de Belchior e lembrou que se o Nordeste é uma invenção, a arte segue sendo a maneira correta para desconstruir essas narrativas e criar outros nordestes possíveis.

Ouça o episódio do Sons da Nova sobre as Mulheres no Forró na íntegra:

Sons da Nova

Sons da Nova é o programa da Faixa das Dez com experimentações sonoras e texturas musicais que mapeia as tendências rítmicas das cinco regiões do país.

A cada dois meses, o Sons da Nova terá um novo apresentar com total liberdade para fazer a programação musical baseado em suas vivências e experiências.

O programa vai ao ar toda sexta-feira, ás 22h.