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Ronaldo Bastos: 76 Anos de Poesia em Notas Musicais

Isabella Oliveira
09:00 21.01.2024
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Ronaldo Bastos: 76 Anos de Poesia em Notas Musicais

No dia 21 de janeiro do ano passado, nós homenageamos o aniversariante do dia, Ronaldo Bastos, dentro da nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB, contando a história de duas de suas composições mais famosas: Cais (em parceira com Milton Nascimento) e O Sal da Terra (em parceria com Beto Guedes).  Ao longo do ano, … Continued

Isabella Oliveira - 21.01.2024 - 09:00
Ronaldo Bastos: 76 Anos de Poesia em Notas Musicais
Reprodução: Divulgação/ Açougue Editorial

No dia 21 de janeiro do ano passado, nós homenageamos o aniversariante do dia, Ronaldo Bastos, dentro da nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB, contando a história de duas de suas composições mais famosas: Cais (em parceira com Milton Nascimento) e O Sal da Terra (em parceria com Beto Guedes). 

Ao longo do ano, também contamos histórias de parcerias suas com Lô Borges (O Trem Azul) e com Celso Fonseca (Sorte). 

Neste ano, nós voltamos a homenagear o compositor e produtor musical carioca, no dia do seu aniversário de 76 anos, contando a história de mais um grande clássico desse que é um dos maiores compositores da nossa música: Sol de Primavera, parceria de Ronaldo Bastos com Beto Guedes. 

Primeiro, vamos contar um pouco mais sobre a história de Ronaldo Bastos, para que vocês conheçam mais sobre este grande artista. 

 

Sobre Ronaldo Bastos  

Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1948, Ronaldo Bastos começou a escrever suas primeiras canções, marchinhas de carnaval, com seus colegas de colégio, na adolescência,  

Em 1964, mudou-se com os pais para Recife, e – no ano seguinte – voltou para o Rio de Janeiro decidido a se tornar compositor popular. Pouco tempo depois, foi apresentado por amigos em comum a Milton Nascimento, com quem rapidamente começou uma parceria musical.  

Ronaldo foi, ao lado de Milton – e de artistas mineiros como e Márcio Borges, Beto Guedes, Fernando Brant, Wagner Tiso, Tavinho Moura, Toninho Horta – um dos fundadores do movimento musical Clube da Esquina no início dos anos 70: um dos maiores e mais importantes movimentos da música popular brasileira, formado também por Milton Nasciment0.

Elis Regina, Milton Nascimento e Ronaldo Bastos durante a gravação do disco Clube da Esquina II. Reprodução: Elis Vive

A sonoridade inovadora do Clube da Esquina trazia a fundição das inovações propostas pela Bossa Nova com elementos do jazz, do rock (principalmente dos ingleses The Beatles), da música folclórica, da música regional mineira, erudita e hispânica. Essas influências permeiam todo o trabalho musical do Clube: desde a composição, aos arranjos, às letras, processos de gravação em estúdio e shows.  

O grupo é referência de qualidade na MPB, pelo alto nível de sua performance, e por disseminar suas inovações e influência nacional e internacionalmente. 

Ronaldo Bastos também fez parte do coletivo de poetas e artistas Nuvem Cigana, no Rio de Janeiro. Na década de 1990, fundou a gravadora Dubas Música, um dos mais longevos selos independentes do Brasil, que se tornou referência pela curadoria musical e design de seus lançamentos. 

Reprodução: O Tempo

Considerado um dos maiores e mais prolíficos compositores brasileiros da segunda metade do século XX em diante, escreveu canções em parceria com nomes como Milton Nascimento (Cais, Nada Será Como Antes e Fé Cega, Faca Amolada, entre muitas outras); Beto Guedes (Amor de Índio, O Sal da Terra e Sol de Primavera; entre outras); Lô Borges (O Trem Azul e Nuvem Cigana, entre outras); Flávio Venturini (Todo Azul do Mar e Noites Com Sol, entre outras); Lulu Santos (Um Certo Alguém); Tom Jobim; Edu Lobo; Caetano Veloso; Guilherme Arantes; Toninho Horta, Marina Lima, João Donato, Ed Motta; entre outros.  

Suas composições foram gravadas também por grandes nomes como Gal Costa (Chuva de Prata, parceria com Ed Wilson, e Sorte, parceria com Celso Fonseca, um lindo dueto com Caetano Veloso);  Simone (Cigarra, parceria com Milton Nascimento, que originou o apelido da cantora); Elis Regina, Nana Caymmi, Roupa Nova, Marina Lima, Chico Buarque, Ney Matogrosso, entre outros, além de inúmeras vezes terem sido regravadas em espanhol e em inglês. Sua contribuição e legado para a música popular brasileira são imensuráveis. 

Vamos então à história de mais um dos sucessos compostos por Ronaldo Bastos? 

 

A história da música Sol de Primavera 

Sol de Primavera é uma das muitas parcerias de sucesso entre Ronaldo Bastos e Beto Guedes. 

Beto compôs a música ao piano e deu para Ronaldo colocar a letra. Mas, o que poucos sabem e que a neta de Beto Guedes, a compositora, instrumentista, artista visual e cantora Júlia Guedes contou em um vídeo no seu canal do Youtube, é que a melodia dessa música foi composta no Bar Brasil, um famoso bar Belo Horizonte, em que os integrantes do Clube da Esquina costumavam se reunir. 

Beto Guedes e sua esposa, a musicista Silvana Guedes (avó de Júlia), costumavam ir antes e depois chegava o resto da turma. Um belo dia, Júlia conta que o avô começou a cantarolar essa melodia no bar e a avó – que tem um ouvido maravilhoso – foi anotando a melodia em um guardanapo. 

Os dois ficaram no bar noite afora, beberam com os amigos, se divertiram, chegaram tarde em casa, dormiram e – no outro dia – Beto perguntou se Silvana lembrava daquela linda melodia que ele havia cantarolado na noite anterior, e Silvana – para a sorte de Beto – mostrou o guardanapo em que tinha anotado a canção. 

Foi então que o músico transpôs a melodia para o piano e depois a entregou para o seu amigo Ronaldo Bastos colocar uma belíssima letra, cheia de esperança em um futuro, em uma retomada da democracia, uma renovação, depois de anos de um país tomado pela Ditadura Militar. 

Sol de Primavera foi lançada em 1979, em um álbum de mesmo nome, de Beto Guedes, colocando o artista no auge de sua carreira. Neste mesmo ano, foi promulgada – em 28 de agosto, pelo então presidente João Batista Figueiredo a Lei 6.683 ou Lei da Anistia, que deu início à transição da ditadura para a democracia.  

Após intensa mobilização social, que levou milhares de pessoas às ruas, a norma conhecida como Lei da Anistia anulou condenações e acusações de pessoas processadas pelo governo militar por crimes políticos ou conexos, bem como de crimes eleitorais. O texto, aprovado com uma margem estreita no Congresso, fez com que vários presos e exilados retornassem ao Brasil, e também devolveu os cargos de servidores públicos cassados pelo regime, nas administrações direta se indireta. Mas deixou brechas para que responsáveis pelo crime de tortura não fossem punidos, o que até hoje é tema de ações na Justiça. 

E foi justamente sobre este momento que Ronaldo Bastos falou na letra que escreveu para a melodia de Beto Guedes, em Sol de Setembro: 

 

Quando entrar setembro 

E a boa nova andar nos campos 

Quero ver brotar o perdão 

Onde a gente plantou juntos outra vez 

 

Já sonhamos juntos 

Semeando as canções no vento 

Quero ver crescer nossa voz 

No que falta sonhar 

 

Já choramos muito 

Muitos se perderam no caminho 

Mesmo assim, não custa inventar 

Uma nova canção que venha nos trazer 

 

Sol de primavera 

Abre as janelas do meu peito 

A lição sabemos de cor 

Só nos resta aprender 

 

Gostou de saber mais sobre as histórias de grandes canções da nossa música popular brasileira? Continue acompanhando a nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB. Hoje, homenageamos o aniversariante Ronaldo Bastos. 

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