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40 anos sem Clara Nunes

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09:30 02.04.2023
Brasilidade

40 anos sem Clara Nunes

Hoje, dia 02 de abril de 2022, completamos exatos 40 anos sem Clara Nunes. Sua partida precoce não a impediu de fazer história como uma das mais belas e importantes vozes da nossa história. Considerada a nona maior voz do música popular brasileira, pela Revista Rolling Stone Brasil, Clara Nunes era também compositora e uma … Continued

F.Content - 02.04.2023 - 09:30
40 anos sem Clara Nunes
Clara Nunes. | Foto: Wilton Moreira/Divulgação.

Hoje, dia 02 de abril de 2022, completamos exatos 40 anos sem Clara Nunes.

Sua partida precoce não a impediu de fazer história como uma das mais belas e importantes vozes da nossa história.

Considerada a nona maior voz do música popular brasileira, pela Revista Rolling Stone Brasil, Clara Nunes era também compositora e uma grande pesquisadora da música popular brasileira, de ritmos nativos e principalmente da cultura afro-brasileira, não limitando-se apenas à música, mas aos costumes, tradições, credos, vestimentas e danças.

Clara Nunes
Clara Nunes. | Foto: Wilton Moreira/Divulgação.

Clara foi a primeira mulher brasileira a vender mais de 100 mil discos, marca antes somente atingida por homens, quebrando um tabu de que mulheres não vendiam álbuns. Ao todo, durante sua carreira, vendeu quatro milhões e quatrocentos mil discos.

A artista sempre teve um estilo e identidade muito próprios e singulares na música. Firmou a sua carreira no samba – foi uma das principais intérpretes de compositores da Portela, sua escola do coração – mas teve influências da música romântica, principalmente do samba-canção, e referências como Elizeth Cardoso, Dalva de Oliveira e Ângela Maria.

Clara Nunes trazia em suas pesquisas e nas canções que escolhia defender, uma proposta de reflexões imprescindíveis acerca da identidade de gênero, etnia e credo.

Levantou debates sobre o preconceito étnico-racial e a intolerância religiosa, quando esses temas ainda se apresentavam timidamente no Brasil,  trazendo luz à história sociopolítica e sociocultural do país.

Em toda a sua obra, temas afro-brasileiros marcam presença em letras e arranjos que sempre remetem aos elos que unem Brasil e África. Desempenhou importante papel na popularização e desmistificação das religiões de matriz africana, colaborando para o rompimento dos estigmas e preconceitos que, até então, prevaleciam em relação aos seus adeptos em nossa sociedade.

Para celebrar a existência e matar a saudade da artista, nós preparamos duas matérias especiais sobre Clara Nunes para vocês. A segunda irá ao ar amanhã, 12h, aqui no site da novabrasil. Aproveitem!

A infância de Clara Nunes e o início na música

Nascida em 1942, em uma família humilde da cidade de Caetanópolis, no interior de Minas Gerais, Clara era a última filha de sete irmãos. Seu pai, com quem ela mal chegou a conviver, era violeiro e marceneiro. Ele faleceu quando Clara tinha apenas dois anos de idade – vítima de um atropelamento – e, quatro anos depois, a mãe dela também morreu, de câncer, após sofrer uma forte depressão em razão da morte do marido.

Aos seis anos, Clara Nunes era órfã de pai e mãe e criada pelo irmão e pela irmã mais velhos. Já nesta época, a menina cantava no coro da igreja da cidade.

Em 1952, com apenas 10 anos, venceu um concurso de Caetanópolis, interpretando a canção, Recuerdos de Ypacaraí (de Demetrio Ortiz e Zulema De Mirkin). Aos 14 anos, começou a trabalhar como tecelã na fábrica de tecidos da cidade, para ajudar a família.

Em 1957, com 16 anos, muda-se para Belo Horizonte e passa a trabalhar como tecelã de dia e fazer o curso para formação de professoras à noite. Aos finais de semana, canta no coro da igreja, mas aos poucos vai se afastando do catolicismo e se aproximando do kardecismo.

Nesta época, Clara Nunes conheceu o violonista Jadir Ambrósio – famoso por ter composto o hino do time de futebol do Cruzeiro – e ele se encantou com a voz da menina, começando a levá-la para participar de programas de rádio da cidade, ainda se apresentava com o nome de batismo: Clara Francisca.

No início de 1960, Clara conheceu Aurino Araújo, irmão do cantor da Jovem Guarda, Eduardo Araújo, e eles começaram a namorar, um relacionamento que durou 10 anos. Aurino e Jadir introduziram Clara no meio artístico e, a partir daí, seu imenso talento e originalidade a levaram para um carreira de estrondoso sucesso.

Projeção nacional e o Candomblé

Por sugestão de um produtor musical, a artista passa a usar o sobrenome da mãe no nome artístico, estreando Clara Nunes naquele mesmo ano e vencendo a etapa mineira do concurso A Voz de Ouro ABC, com a música Serenata do Adeus (de Vinicius de Moraes). A cantora ficou em terceiro lugar na final nacional, com a canção Só Adeus (de Jair Amorim e Evaldo Gouveia).

Até essa ocasião, ela ainda dividia-se entre o trabalho de tecelã e a música. Mas logo começou a cantar na Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte, e – por conta dos compromissos profissionais artísticos e as constantes viagens – largou o emprego na fábrica de tecidos e também os estudos.

Clara Nunes passou a se apresentar como crooner em clubes e eventos da capital mineira e a fazer muito sucesso no estado. Durante três anos seguidos, foi considerada a melhor cantora de Minas Gerais.

Nesta época, fez a sua primeira aparição na TV, no programa da Hebe Camargo e, em 1963, passou a ter o seu próprio programa em uma rede mineira de televisão – o Clara Nunes Apresenta – que ficou um ano e meio no ar e recebia convidados já consagrados na música nacional como Ângela Maria e Altemar Dutra.

Em 1965, Clara mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estavam as principais emissoras de rádio e de televisão do país, e começou a se apresentar em vários programas importantes como Chacrinha e Almoço com as Estrelas. Nessa época, Clara ainda se apresentava cantando principalmente boleros e sambas-canção, sua primeira influência desde a infância.

A artista passa então a se apresentar em escolas de samba, clubes e casas noturnas do subúrbio do Rio, onde entra em contato com terreiros de religião de matriz africana e decide deixar o espiritismo para se converter ao candomblé.

Neste mesmo ano, passa em um teste a gravadora Odeon e encanta a todos com sua potente voz, fazendo a sua primeira participação na gravação de um disco, junto com outros artistas da gravadora. No ano seguinte, foi contratada pela Odeon, onde ficou até o fim da sua vida.

Os primeiros discos de Clara Nunes

Ainda em 1966, a cantora lançou o seu primeiro álbum, A Voz Adorável de Clara Nunes, em que também apresenta boleros e sambas-canção, como os clássicos: Convite (Anísio Pessanha e Marco Polo) e Canção de Sorrir de Chorar (Tito Madi).

Mas é em 1968, que Clara Nunes atinge o seu primeiro grande sucesso nas rádios, quando grava a canção Você Passa Eu Acho Graça (de Ataulfo Alves e Carlos Imperial), em seu segundo disco, que tinha a faixa como título e já trazia uma Clara Nunes com foco no samba. Além da canção, outros sucessos como Sabiá (de Tom Jobim e Chico Buarque), Grande Amor (de Martinho da Vila) e Pra Esquecer (de Noel Rosa).

Em 1969, lançou seu terceiro disco, A Beleza Que Canta, com clássicos como Guerreiro de Oxalá (Carlos Imperial), Meus Tempos de Criança (Ataulfo Alves) e De Esquina em Esquina (Aldir Blanc e César Costa Filho).

Em 1971, lançou o seu quarto disco, Clara Nunes, que traz um dos grandes sucessos da carreira da cantora: a canção Ê Baiana (de Fabrício da Silva, Baianinho, Ênio Santos Ribeiro e Miguel Pancrácio). Também estão no disco as canções Sabiá (de Luiz Gonzaga e Zé Dantas) e Feitiço de Oração (Noel Rosa e Vadico).

A ligação com a Umbanda e com as tradições afro-brasileiras

No ano seguinte, Clara Nunes deixou o candomblé e ligou-se à umbanda, religião afro-brasileira a qual dedicou-se até o fim de sua vida. A partir daí, começa a usar vestes brancas e turbantes e  lança o disco Clara Clarice Clara, que traz um resgate do samba e das tradições afro-brasileiras, consolidando o sucesso e a identidade da artista nacionalmente.

Entre as canções do disco, estão: Sempre Mangueira (Nelson Cavaquinho e Geraldo Queiroz), Alvorada (Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio de Carvalho), Morena do Mar (Dorival Caymmi), Anjo Moreno (Candeia), Vendedor de Caranguejo (Gordurinha) e a canção que dá título ao disco: Clarice (de Caetano Veloso e Capinan).

Em 1973, o disco Clara Nunes, trouxe o grande sucesso Tristeza, Pé no Chão (de Armando Fernandes), além das canções É Doce Morrer no Mar (Dorival Caymmi e Jorge Amado) e Minha Festa (de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito).

O Poeta, A Moça e o Violão e o sucesso internacional

Ainda em 1973, Clara apresentou o espetáculo O Poeta, A Moça e o Violão, ao lado de Toquinho e Vinicius de Moraes e, neste mesmo ano, a cantora faz uma temporada na Europa, onde passa a fazer muito sucesso. O sucesso nacional atinge proporções internacionais, em vários continentes.

Amanhã, aqui no site da Novabrasil, você confere mais uma matéria especial em homenagem a Clara Nunes, com direito a uma lista com 40 sucessos em sua voz!

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