
Acidentes com avião acendem alerta sobre fiscalização na jornada de trabalho
Acidentes com avião acendem alerta sobre fiscalização na jornada de trabalho
Presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Henrique Hacklaender, diz quais as práticas para evitar falhas nas operações


Após a queda do avião ATR-72 da companhia aérea Voepass em Vinhedo, São Paulo, relatos surgiram sobre as falhas durante o voo. Durante uma audiência pública na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) em junho de 2024, o piloto Luís Cláudio de Almeida relatou a pressão da empresa Voepass para exceder a jornada de trabalho mesmo em dias de folga. Segundo Almeida, a VoePass frequentemente entra em contato com seus funcionários para voar fora da escala prevista.
Diante disso, especialistas alertam quanto à sobrecarga de trabalho da tripulação em voos domésticos e comerciais.
Ao Jornal Novabrasil, o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Henrique Hacklaender, disse que a melhor forma de fiscalização são as avaliações dos próprios tripulantes das aeronaves.
“Os tripulantes, de forma geral, se enquadram numa das poucas categorias que têm jornada de trabalho de 12 horas e descanso de 12 horas. No início de 2023, o Sindicato promoveu uma pesquisa com mais de 4 mil aeronautas onde ficou indicado que os níveis de fadiga aumentaram”, relatou.
Ainda de acordo com Henrique, um aeronauta pode voar de 80 a 90 horas por mês. Quanto à jornada de trabalho, que envolve todo o trabalho para além do voo, chegam a ser de até mais de 44 horas semanais.
“A verdade é que hoje os tripulantes vivenciam um tempo de solo muito excessivo, pois eles pousam; têm que trocar de aeronave; passam um tempo no aeroporto sem descansar e iniciam uma nova jornada de voo que pode durar de duas a quatro horas”, ressaltou Hacklaender.
Procurada pela imprensa, a Voepass negou as acusações do piloto Luís Cláudio de Almeida, afirmando que cumpre rigorosamente todos os requisitos legais relacionados à jornada e folgas, como estipulado no regulamento brasileiro de Aviação Civil (RBAC-117). A empresa ressaltou que segue a lei e se compromete com a segurança de seus voos.
O trágico acidente aéreo aconteceu em Vinhedo, São Paulo, na última sexta-feira (09), e resultou na morte de 62 pessoas. O avião partia de Cascavel, no Paraná, com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
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Por Heloísa Cipriano