‘Qual o impacto da PEC das drogas para dependentes químicos?

O coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ronaldo Laranjeira, acredita que a aprovação pelo Senado da Proposta de Emenda à Constituição que criminaliza o porte e a posse de drogas, independentemente da quantidade, poderá colocar um limite no pequeno tráfico de drogas no país que “praticamente foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal”, segundo ele.

Em entrevista a Heródoto Barbeiro, nesta quarta-feira (17), no Jornal Novabrasil, Ronaldo Laranjeira afirmou que a tendência liberalizante do STF, com a discussão nos últimos dez anos da mudança na lei das drogas, fez mal ao país e contaminou os tribunais inferiores, que estão, segundo ele, liberando traficantes nas audiências de custódia após a prisão pela polícia.

Confira entrevista abaixo:

Segundo o coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Unifesp, não há no mundo uma tendência liberalizante das drogas, como alegam os que defendem a iniciativa em discussão no Supremo Tribunal Federal, em
um julgamento que pode descriminalizar o porte de maconha, em pequena quantidade, para uso pessoal.

Laranjeira diz que nos Estados Unidos há iniciativas para voltar a criminalizar a posse de drogas, como, por exemplo, no estado do Oregon, depois do fracasso da liberalização que resultou no aumento do número de usuários, mortes e também do crime organizado. “Os países nórdicos, o Japão, a China, todo o Oriente Médio e países da Europa continuam com a criminalização da posse de drogas”, disse o psiquiatra.

Para Ronaldo Laranjeira, se prevalecesse a tendência do Supremo Tribunal Federal em poucas semanas o Brasil viveria uma restrição em relação ao uso do cigarro, mas a maconha poderia ser usada nas ruas, supermercados, escolas e shoppings centers, sem nenhum tipo de impedimento, o que não seria aceito pelo sociedade. A PEC das Drogas, aprovada nesta terça-feira (16) em dois turnos no Senado agora segue para discussão na Câmara dos Deputados.