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A história de ‘O Bêbado e a Equilibrista’, na voz de Elis Regina

Novabrasil
12:00 03.11.2022
Jornalismo

A história de ‘O Bêbado e a Equilibrista’, na voz de Elis Regina

Sucesso eternizado na voz de Elis Regina – e gravado no disco Elis, Essa Mulher, de 1979 – a canção O Bêbado e a Equilibrista, de Aldir Blanc e João Bosco, é um dos maiores clássicos da música popular brasileira de todos os tempos.  Meu Brasil Que sonha com a volta do irmão do Henfil … Continued

Novabrasil - 03.11.2022 - 12:00
A história de ‘O Bêbado e a Equilibrista’, na voz de Elis Regina
A história de ‘O Bêbado e a Equilibrista’, na voz de Elis Regina

Sucesso eternizado na voz de Elis Regina – e gravado no disco Elis, Essa Mulher, de 1979 – a canção O Bêbado e a Equilibrista, de Aldir Blanc e João Bosco, é um dos maiores clássicos da música popular brasileira de todos os tempos. 

Meu Brasil

Que sonha com a volta do irmão do Henfil

Com tanta gente que partiu

Num rabo de foguete

Chora

A nossa Pátria mãe gentil

Choram Marias e Clarisses

No solo do Brasil

O Bêbado e a Equilibrista – Aldir Blanc e João Bosco

A canção (que já havia sido lançada por João Bosco no seu disco Linha de Passe, do mesmo ano) tornou-se um hino sobre o período da Anistia no Brasil e o início do declínio da ditadura militar.

A história da música O Bêbado e a Equilibrista

“Choram Marias e Clarisses”

A letra possui várias referências a eventos e personalidades ligadas ao período duro de repressão pelo qual o Brasil estava passando: “Marias e Clarices” são referências à Maria, filha do metalúrgico Manuel Fiel Filho, e à Clarisse Herzog, esposa do jornalista e dramaturgo Vladmir Herzog, ambos mortos nos porões do DOI-CODI, por fazerem parte da oposição ao governo militar.

“A volta do irmão do Henfil”, faz referência ao sociólogo e ativista pelos direitos humanos Herbert José de Sousa, o Betinho – irmão do cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro Henfil – que esteve exilado de 1971 até 1979, quando pôde, finalmente, voltar ao Brasil.

Em tempos duros de repressão, no auge da ditadura militar, foi instaurado, em 1968, o Ato Institucional nº 5, que cerceava as liberdades democráticas, de expressão e das criações libertárias, fazendo com que Betinho sofresse forte perseguição, sendo obrigado a se exilar no Chile, até 1979, quando entrou em vigor a Lei da Anistia, que garantia anistia (perdão) ampla, geral e irrestrita a todas as pessoas que resistiram ou se rebelaram contra a ditadura militar brasileira e que foram punidas com base em Atos Institucionais.

João Bosco e Aldir Blanc (1982) | Foto: Luiz A. Barros / Agência O Globo

Herbert José de Sousa, o Betinho

Mineiro, Betinho formou-se em Sociologia na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais e, durante o governo de João Goulart assessorou o MEC, chefiou a Assessoria do Ministro Paulo de Tarso Santos, e defendeu as Reformas de base, sobretudo a reforma agrária. 

Com o Golpe Militar, em 1964, mobilizou-se contra a ditadura, sempre lutando pelas causas sociais. No Chile, assessorou Salvador Allende, até sua deposição em 1973. Conseguiu escapar do golpe de Pinochet refugiando-se na embaixada panamenha. Posteriormente morou no Canadá e no México. Durante esse período foram reforçadas as suas convicções sobre a democracia – que ele julgava ser incompatível com o sistema capitalista. 

Em 1981, junto com os economistas Carlos Afonso e Marcos Arruda, fundou o IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, e passou a se dedicar à luta pela reforma agrária, sendo um de seus principais articuladores.

Betinho também integrou as forças que resultaram no impeachment do Presidente da República Fernando Collor de Mello. Mas o seu projeto de maior destaque foi a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, movimento e organização não-governamental criada em 1993, que estimula a participação cidadã na construção e melhoria das políticas públicas sociais.

Hoje, dia 3 de novembro, Betinho completaria 87 anos

Em 1986, um ano depois do fim da ditadura militar no Brasil, Betinho descobriu ter contraído o vírus da imunodeficiência humana em uma das transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter periodicamente devido à hemofilia, doença que ele e os irmãos Henfil e Chico Mário (músico) herdaram da mãe no nascimento. Em sua vida pública, esse fato repercutiu na criação de movimentos de defesa dos direitos dos portadores do vírus da AIDS.

Junto com outros membros da sociedade civil, fundou e presidiu até a sua morte – em 1997, aos 61 anos –  a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Henfil e Chico Mário morreram em 1988, por consequência de complicações causadas pela doença. Hoje, Betinho completaria 87 anos.

Sobre O Bêbado e a Equilibrista, João Bosco conta que, inicialmente, a ideia era compor uma canção em homenagem a Charles Chaplin, que havia morrido pouco tempo antes. Apesar de ser um samba, a harmonia da música tem passagens melódicas inspiradas na música Smile, escrita por Chaplin para o filme Tempos Modernos

Mas Aldir Blanc sugeriu, por conta dos tempos duros de repressão que ainda se vivia no Brasil, que fosse um…

personagem chapliniano, que, no fundo, falasse da condição dos mortos, torturados e exilados pela ditadura. Por isso: ‘Um bêbado trajando luto, me lembrou Carlitos’.

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