A história da música Tributo a Martin Luther King, de Wilson Simonal

Novabrasil
09:30 16.01.2023
Jornalismo

A história da música Tributo a Martin Luther King, de Wilson Simonal

Desde 1986, o Dia de Martin Luther King Jr é celebrado nos Estados Unidos como feriado nacional na terceira segunda-feira do mês de janeiro, ou seja: hoje. A data foi escolhida por ser próxima ao aniversário de Martin Luther King Jr, que nasceu no dia 15 de janeiro de 1929. Sobre Martin Luther King Jr … Continued

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- 16.01.2023 - 09:30
A história da música Tributo a Martin Luther King, de Wilson Simonal
Martin Luther King denunciou a guerra do Vietnã e convocou uma marcha inter-racial de pessoas pobres em Washington - Wikimedia Commons

Desde 1986, o Dia de Martin Luther King Jr é celebrado nos Estados Unidos como feriado nacional na terceira segunda-feira do mês de janeiro, ou seja: hoje. A data foi escolhida por ser próxima ao aniversário de Martin Luther King Jr, que nasceu no dia 15 de janeiro de 1929.

Martin Luther King foi um líder dos direitos civis nos Estados Unidos durante a década de 1950 e 1960 | Foto: Wikimedia Commons

Sobre Martin Luther King Jr

Luther King Jr. foi um líder dos direitos civis nos Estados Unidos durante a década de 1950 e 1960. Ele liderou várias campanhas nacionais de desegregação e foi um defensor da igualdade racial e dos direitos dos afro-americanos. Ele é conhecido principalmente por sua liderança no movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e por sua defesa dos direitos humanos de todos.

Nasceu em Atlanta, na Georgia, em uma família de classe média, ele estudou teologia e se tornou pastor baptista. Em 1955, juntou-se à luta pelos direitos civis em Montgomery, Alabama, onde se opôs à discriminação racial nos transportes públicos. Durante este período ele se destacou como líder e orador, e foi presidente da Southern Christian Leadership Conference (SCLC), organização que foi criada para apoiar a luta pelos direitos civis.

I Have a Dream (Eu Tenho um Sonho)

Em 1957, King e a SCLC organizaram uma campanha nacional de desegregação. Ele também liderou a Marcha sobre Washington em 1963, onde pronunciou seu famoso discurso I Have a Dream (Eu Tenho um Sonho), em que ele expressou sua esperança de que um dia os afro-americanos pudessem viver com igualdade e respeito, que os negros tivessem os mesmos direitos civis dos brancos.

King continuou sua luta pelos direitos civis até sua morte, em abril 1968, quando foi assassinado em Memphis, Tennessee, aos 39 anos, um dia depois do seu último e também famoso discurso: Estive no Topo da Montanha.

A história da música Tributo a Martin Luther King, de Wilson Simonal

Enquanto isso, no Brasil, um ano antes – no início de 1967 – aproveitando um intervalo do show Magnífico Simonal, o cantor e compositor Wilson Simonal – um dos maiores nomes da música popular brasileira de todos os tempos – mostrava ao pianista César Camargo Mariano um tema que tinha composto junto com Ronaldo Bôscoli, algumas horas antes. 

Bôscoli e Luís Carlos Miele eram os produtores do espetáculo e César Camargo Mariano, o arranjador.

Wilson Simonal é um dos grandes nomes da nossa MPB | Foto: Correio da Manhã/Acervo Arquivo Nacional

“O que te peço é luta sim”

César ficou arrepiado com a seriedade da canção e rapidamente criou um arranjo pesado, compatível com a dor descrita na letra. Simonal, entretanto, pediu para que César fizesse o contrário, com algo mais leve e suingado que pudesse servir de contraponto à seriedade da letra. O resultado foi um arranjo bem ritmado e pontuado por frases de metais e coros. 

Sim, sou um negro de cor

Meu irmão de minha cor

O que te peço é luta sim

Luta mais!

Que a luta está no fim…

 

Cada negro que for

Mais um negro virá

Para lutar

Com sangue ou não

Com uma canção

Também se luta irmão

Veja também:

Ouvir minha voz

Oh Yes!

Lutar por nós…

 

Luta negra demais

É lutar pela paz

Luta negra demais

Para sermos iguais

Lá Lá Lá Lá Lá Lá Lá!

A primeira apresentação da canção foi durante a temporada do show, antes mesmo de ser registrada em estúdio. Após a gravação da canção, entretanto, ela ficou retida por quatro meses na censura da Ditadura Militar.

Simonal cantou publicamente ‘Tributo a Martin Luther King’ pela primeira vez quando nem havia sido liberada pela censura ainda

Em março de 1967, quando convidado para se apresentar na festa de entrega do Troféu Roquete Pinto, para os melhores do ano – exibido pela TV Record – Simonal resolveu cantar Tributo a Martin Luther King, que nem havia sido liberada pela censura ainda, para surpresa geral. Em pleno horário nobre e em cadeia nacional, o artista fez ainda um discurso impactante, emocionante e necessário:

“Eu compus uma música de parceria com meu amigo Ronaldo Bôscoli e intitulei Tributo a Martin Luther King. Martin Luther King é um negro norte-americano. O mérito maior de Martin Luther King é lutar cada vez mais pelos direitos das raças. Essa música, eu peço permissão a vocês, porque eu dediquei ao meu filho, esperando que no futuro ele não encontre nunca aqueles problemas que eu encontrei. E tenho às vezes encontrado, apesar de me chamar Wilson Simonal de Castro.”

Assista:

O filho, que tinha três anos na época, era Wilson Simoninha, que depois veio a tornar-se um grande cantor, compositor e produtor musical, e gravou a canção do pai em homenagem a Martin Luther King, em 2000.

Martin Luther King faleceu em abril de 1968

Voltando para os anos 60, a canção foi liberada pela censura e lançada por Simonal em junho de 1967. Martin Luther King foi cruelmente assassinado meses depois, em abril de 1968.

Sua morte ainda é cercada por muitas dúvidas. A família de King e muitos americanos acreditam que o assassinato foi parte de uma conspiração entre o governo americano, a máfia e a polícia. Porém, o atirador, fugitivo da Penitenciária Estadual do Missouri e supremacista branco James Earl Ray foi condenado pelo crime e morreu na prisão em 1998, aos 70 anos de idade.

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