
A História da ‘Maria, Maria’, de Milton Nascimento e Fernando Brant
A História da ‘Maria, Maria’, de Milton Nascimento e Fernando Brant
A canção Maria, Maria, de Milton Nascimento e Fernando Brant, é o retrato de um Brasil. Mas é preciso ter força, é preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria mistura a dor e a alegria Composta por Milton Nascimento, que fez aniversário ontem, e Fernando Brant … Continued

A canção Maria, Maria, de Milton Nascimento e Fernando Brant, é o retrato de um Brasil.
Mas é preciso ter força, é preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria mistura a dor e a alegria
Composta por Milton Nascimento, que fez aniversário ontem, e Fernando Brant – e lançada no importante álbum Clube da Esquina 2, de 1978 – a música fala como ninguém sobre a luta, a resiliência e a força da mulher brasileira, principalmente da mulher negra brasileira.
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A parceria de Milton Nascimento e Fernando Brant
O poeta e compositor mineiro Fernando Brant e o carioca mais mineiro que existe – Milton Nascimento – já eram grandes amigos e parceiros, e já haviam composto juntos imensos sucessos da nossa música, como:
- Travessia;
- Aqui é o País do Futebol;
- Ponta de Areia;
- e San Vicente.
Participaram também juntos da fundação do Clube da Esquina – acompanhados de outros artistas mineiros como os irmãos Márcio e Lô Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, Tavinho Moura e Toninho Horta – um dos maiores e mais importantes movimentos da música popular brasileira, que trouxe uma sonoridade inovadora para a música popular brasileira, por meio da fundição das inovações propostas pela bossa nova com elementos do jazz, do rock (principalmente dos ingleses The Beatles), da música folclórica, da música regional mineira, erudita e hispânica.
O primeiro disco do Clube da Esquina havia sido lançado em 1972, influenciando tudo o que veio a ser feito na música daí pra frente. Em 2022, ele foi considerado o maior disco de MPB de todos os tempos.

A História da Maria, Maria
Até que, em 1976, os dois artistas se unem mais uma vez, para a produção do primeiro espetáculo do Grupo Corpo, importante grupo de dança mineiro. O espetáculo – que falava sobre a figura dessa mulher brasileira batalhadora – chamava Maria, Maria e contava com roteiro de Fernando Brant, música de Milton Nascimento e coreografia de Oscar Araiz, tendo ficado em cartaz por 10 anos e passado por 14 países.
A princípio, a canção – que entrou para esse espetáculo do Grupo Corpo – não tinha letra: era apenas a voz de Milton cantando uma bela melodia em cima da harmonia composta por ele. Só depois, inspirado pela história do espetáculo e também por uma mulher real que vivia na beira dos trilhos da cidade onde cresceu – Diamantina, no interior mineiro – que Fernando Brant compôs a letra.
Apesar da situação de vulnerabilidade, a mulher fazia de tudo pelos filhos, inclusive insistir que continuassem na escola para que tivessem um futuro melhor que o dela.
Maria, Maria traduz a força da mulher brasileira
Maria, Maria traduz como poucas músicas a força da mulher brasileira, principalmente da mulher negra brasileira. É uma canção sobre resiliência, entrega, força, coragem, batalha, fé, sonhos. Sobre tantas e tantas mulheres que criam seus filhos sozinhas, enfrentando as dificuldades da vida e, mesmo assim, não deixam de acreditar e sonhar.
A música com letra entrou para o disco Clube da Esquina 2, de 1978. Dois anos depois, em 1980, Elis Regina – uma das mulheres mais importantes da vida de Milton, por quem ele sempre teve profunda admiração – gravou a canção, com muito sucesso, no álbum Saudade do Brasil. Elis, por sua vez, dizia:
“Se Deus canta, ele tem a voz de Milton Nascimento”.
Maria, Maria tornou-se um hino do universo feminino, principalmente depois de regravada na voz de Elis.
Gostou de saber mais sobre a história dessa poderosa canção de Milton que ganhou ainda mais força depois da interpretação magistral de Elis?
Para conhecer outras histórias da vida e da obra desses dois gigantes da nossa música, acesse o Acervo MPB de Milton Nascimento e de Elis Regina. Uma série original de áudio-biografias produzida pela Novabrasil, que já contou a história de 50 grandes nomes da nossa música popular brasileira.