
História da música “É Doce Morrer no Mar”, no aniversário de Dorival Caymmi

História da música “É Doce Morrer no Mar”, no aniversário de Dorival Caymmi
Uma das grandes canções do aniversariante do dia, o artista baiano de múltiplos talentos; confira


Um dos maiores nomes da música popular brasileira de todos os tempos, Dorival Caymmi, é responsável por alguns dos grandes sucessos da nossa história. Hoje, vamos conhecer a história da música“É Doce Morrer no Mar”, lançada pelo baiano em 1945.
Sobre Dorival Caymmi
Dorival Caymmi foi um artista de múltiplos talentos: cantor, compositor, instrumentista, poeta, pintor e ator. Nascido em Salvador, começou a se interessar por música e pintura ainda menino. O pai era músico amador e a mãe cantava muito bem.
Aos 20 anos, estreou como cantor e violonista em programas da Rádio Clube da Bahia e logo passou a apresentar o musical “Caymmi e Suas Canções Praieiras”. Com 22 anos, venceu, como compositor, o concurso de músicas de carnaval com o samba “A Bahia Também Dá”.
Logo, Caymmi mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a cantar suas composições na rádio e em programas de calouro. Em 1938, aos 24 anos, compôs o grande clássico “O Que É Que a Baiana Tem?”, que virou um grande sucesso na voz de Carmen Miranda, em sua interpretação para o filme “Banana da Terra”. Com a canção, a Pequena Notável ganhou projeção internacional e seguiu carreira em Hollywood.
A partir daí, Dorival Caymmi foi responsável por compor inúmeros sucessos que transformaram para sempre a história da cultura do nosso país. Além dos temas importantes que retratava, suas canções eram poesia pura e dispunham de uma impressionante riqueza rítmica e melódica, tendo uma relevância imensa para a formação do que se chamou de música popular brasileira.
Caymmi compunha como ninguém sobre os hábitos, costumes e tradições da sua terra, a Bahia, e do povo baiano, tendo forte influência da música e da cultura negra, reforçando a ancestralidade africana. Ele também é muito conhecido sobre suas canções praieira e sobre o mar.
Com a forte influência e relevância de Dorival Caymmi, sua família tornou-se um verdadeiro caldeirão musical: seus três filhos são Dori, Danilo e Nana Caymmi – nomes importantíssimos da nossa música brasileira – e suas netas Alice e Juliana seguiram o mesmo caminho. Sua esposa, Stella Maris, também era cantora de rádio.
O baiano foi gravado pelos principais nomes da música brasileira e influenciou uma geração inteira de artistas que vieram depois.
Dorival Caymmi nos deixou em 2008, aos 94 anos, tendo transformado para sempre a história da música popular brasileira e deixado um legado imensurável para o nosso povo e nossa cultura.
Entre os seus principais sucessos estão alguns dos maiores clássicos da MPB, como:
- Saudade da Bahia;
- Samba da Minha Terra;
- Vatapá;
- Você Já Foi à Bahia?;
- Só Louco;
- Suíte do Pescador;
- Doralice (parceria com Antônio Almeida);
- Marina;
- Maracangalha;
- Oração de Mãe Menininha;
- Modinha para Gabriela (feita especialmente para a novela Gabriela, inspirada no romance Gabriela Cravo e Canela, do também baiano Jorge Amado);
- A Lenda do Abaeté;
- Saudade de Itapoã;
- O Mar;
- Rosa Morena;
- Dora;
- É Doce Morrer no Mar (música sua para os versos de Jorge Amado); , canção sobre a qual vamos saber a história hoje)
Hoje, vamos conhecer a história da canção “É Doce Morrer no Mar”, um dos grandes sucessos do baiano que mudou para sempre a história da cultura brasileira.
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A história da música “É Doce Morrer no Mar”, de Dorival Caymmi
Segundo Dorival Caymmi, a canção “É Doce Morrer no Mar” nasceu durante uma reunião de amigos, na casa do coronel João Amado de Faria, pai do escritor também baiano Jorge Amado.
No calor da festa, Caymmi criou a canção inspirado em “Mar Morto”, romance de Jorge Amado publicado em 1936, cujo tema central retrata a vida dos marinheiros no cais de Salvador, com sua rica mitologia que gira em torno de Iemanjá.
Com grande lirismo, Jorge Amado narra esse cotidiano de trabalho árduo, marcado pelo risco de vida que se apresenta a todo momento. Homens e mulheres do cais da Bahia vivem cada dia como se fosse o último. Paixão e trabalho, instinto e sobrevivência se conjugam de maneira trágica, formando um painel lírico e trágico sobre a luta diária desses trabalhadores pela sobrevivência.
O mote “Como é doce morrer no mar”, se repete ao longo do romance, e se transformou no tema da canção de Caymmi. No calor da festa, o cantor e compositor baiano criou os versos: “É doce morrer no mar / nas ondas verdes do mar”.
Imediatamente, o amigo Jorge Amado compôs mais alguns versos, completando a canção: “Nas ondas verdes do mar, meu bem / ele foi se afogar / fez sua cama de noivo / no colo de Iemanjá…”. DorivalCaymmi conta que chegou a haver um concurso entre versos escritos por outros convidados presentes na reunião, mas acabaram prevalecendo os versos de Jorge Amado.
“É Doce Morrer no Mar” foi lançada por Dorival Caymmi, em 1941. Depois, foi regravada por outros grandes nomes como: Clara Nunes; Inezita Barroso; Ney Matogrosso; Lenine; e Nana Caymmi.
Em 2001, a novela global “Porto do Milagres”, inspirada em “Mar Morto”, contou com a canção – interpretada por Dori Caymmi, filho de Dorival – em sua trilha.