Ouça ao vivo
No ar agora

Gigantes da MPB: Maria Rita e Ana Carolina fazem aniversário

Lívia Nolla
10:00 09.09.2024
Autor

Lívia Nolla

Cantora e Pesquisadora Musical
Música

Gigantes da MPB: Maria Rita e Ana Carolina fazem aniversário

O dia 09 de setembro é um dia muito especial para a música brasileira: aniversário de duas gigantes da MPB, Maria Rita e Ana Carolina

Lívia Nolla - 09.09.2024 - 10:00
Gigantes da MPB: Maria Rita e Ana Carolina fazem aniversário
Gigantes da MPB: Maria Rita e Ana Carolina fazem aniversário

Dia 09 de setembro é muito especial para a música popular brasileira: duas gigantes da nossa MPB nasceram neste dia: Maria Rita e Ana Carolina.

Então vem com a gente, celebrar a vida dessas cantoras maravilhosas, no dia de seu aniversário!

A cantora Maria Rita | Imagem: Divulgação

Tudo sobre Maria Rita

O talento e a musicalidade vem de berço: Maria Rita é filha de – ninguém mais ninguém menos – que Elis Regina, uma das maiores cantoras da história da música brasileira (e também do mundo!), e do grande arranjador e pianista César Camargo Mariano.

A cantora, compositora e produtora musical Maria Rita tem milhões de discos vendidos no Brasil e no mundo, é vencedora de oito Grammy Latinos (é a cantora brasileira que mais vezes recebeu o prêmio, além de ter sido indicada outras quatro vezes) e uma das maiores representantes da MPB nos tempos atuais.

Apesar disso, Maria Rita seguiu seu caminho com muita calma, propósito e dedicação. Começou a cantar profissionalmente aos 24 anos, depois de passar por importantes processos e reflexões acerca do peso, da cobrança e da responsabilidade de ser filha de Elis – e também da semelhança vocal (de técnica impecável e expressividade absurda) e física entre as duas.

Filha de peixe… peixinho é!

Maria Rita nasceu em São Paulo, no dia 09 de setembro de 1977 e – com apenas quatro anos de idade – perdeu a mãe. 

Elis Regina deixou órfãos de sua presença, de forma inesperada – não só Maria e seus dois irmãos mais velhos – o produtor musical João Marcello Bôscoli (fruto do casamento de Elis com o músico, produtor e compositor Ronaldo Bôscoli) e o cantor, compositor e instrumentista Pedro Camargo Mariano (irmão de pai e mãe) – mas também o Brasil inteiro, que tinha profunda admiração por aquela que era a maior voz brasileira dos últimos tempos.

Aos 13 anos, Maria Rita chegou a ser backing vocal da banda de seu irmão Pedro, mas a ideia de embarcar em uma carreira musical ainda lhe parecia amedrontadora, pela grande proporção que tinha o nome de sua mãe. 

Muito solicitada a soltar a voz desde cedo, esperou ter a certeza de que a música era essencial em sua vida. Antes de se tornar cantora, Maria Rita formou-se em Comunicação Social e em Estudos Latino-Americanos na Universidade de Nova York, nos EUA, onde morou desde os 16 anos (por conta do trabalho de seu pai), até o fim dos cursos. Antes de ir para Nova York, chegou a fazer estágio na Revista Capricho.

Durante o período da faculdade, Maria Rita fez estágio no departamento de divulgação da Warner Music, gravadora que assinaria contrato como cantora anos depois. Na faculdade, ela já tinha a voz admirada pelos amigos, que insistiam para que participasse de shows de calouros. 

A estadia nos Estados Unidos, onde sua família não era famosa, permitiu a busca de conquistas próprias e a segurança que precisava para voltar ao Brasil e se tornar, enfim, cantora.

Quando voltou ao Brasil, Maria Rita foi produtora musical do irmão Pedro Mariano. Em suas palavras, a partir desse momento, sentia-se “no lugar certo fazendo a coisa errada“, e, em pouco tempo, adquiriu a certeza da necessidade de cantar. Maria Rita começou a cantar profissionalmente aos 24 anos e não acha que foi tarde. 

A artista conta, em seu site oficial, que ouviu desde cedo que tinha o dever de cantar, mas resistiu durante algum tempo: “Encaro a vida como um grande processo construído por pequenos processos no caminho. Sempre quis cantar. Mas a questão não era querer, era por quê. Não gosto de fazer nada sem ter um porquê. Fica mais fácil quando você tem um objetivo, uma meta. Tal objetivo passou a existir quando percebi que ficaria louca se não cantasse”.

Maria Rita no início da carreira | Foto: Reprodução

O início oficial de Maria Rita na carreira musical

Maria Rita começou se apresentando profissionalmente junto com o guitarrista Chico Pinheiro e a cantora Luciana Alves e, logo, passou a fazer shows solo. 

Em seguida, foi apadrinhada por Milton Nascimento – grande amigo de Elis, que tornou-se seu grande amigo também – e foi convidada por ele para cantar em seu disco Pietá, nas canções Tristesse (de Milton e Telo Borges), Voa Bicho (de Telo e Márcio Borges) e Vozes do Vento (de Milton e Kiko Continentino), e também participou de alguns shows de Milton.

Não demorou muito para que Maria Rita atraísse a atenção da indústria da música e fosse sondada por várias gravadoras. No ano seguinte, 2003, a artista assinou contrato com a Warner Music Brasil, não sem antes ganhar o Troféu APCA de Artista Revelação de 2002, sem nem ainda ter gravado o seu primeiro disco.

Seu primeiro álbum foi lançado em 2003, fruto de pleno direito e por mérito próprio – quando Maria Rita entendeu que não podia fazer outra coisa de sua vida, senão cantar e mostrar a sua voz, cheia de personalidade e verdade, e seu amor à música ao mundo. 

O disco – chamado Maria Rita e coproduzido pela cantora, junto com Tom Capone e Marco da Costa – vendeu mais de um milhão de cópias (ganhando disco triplo de platina) e trouxe grandes sucessos como:

A Festa (de Milton Nascimento

Encontros e Despedidas (de Milton e Fernando Brant);

Cara Valente, Veja Bem Meu Bem e Santa Chuva (todas de Marcelo Camelo);

Menininha do Portão (de Nonato Buzar e Paulinho Tapajós); 

– Não Vale a Pena (de Jean e Paulo Garfunkel);

– Lavadeira do Rio (de Lenine e Bráulio Tavares); 

– Agora Só Falta Você (de Rita Lee e Luiz Carlini); e 

– Pagu (de Rita e Zélia Duncan).

Maria Rita logo foi aclamada pelo público e pela crítica. Com esse disco – lançado em mais de 30 países e que deu origem também ao primeiro DVD da sua carreira (que foi o segundo DVD mais vendido do ano) – venceu o Grammy Latino de Melhor Artista Revelação, a única brasileira na história a vencer essa categoria, e também o Grammy Latino de Melhor Álbum de MPB

A música A Festa ficou com o prêmio de Melhor Canção de Língua Portuguesa.

Durante a turnê do primeiro álbum, a cantora teve 160 shows completamente lotados ao longo de 18 meses.

Maria Rita em show da turnê Samba Meu | Foto: Reprodução

O Segundo de muitos sucessos

Em 2005, Maria Rita lançou o seu segundo disco – que foi batizado de Segundo – produzido por ela e por Lenine e que também ganhou um registro em DVD. 

Entre as faixas, mais alguns grandes sucessos: 

– Caminho das Águas e Recado (ambas de Rodrigo Maranhão); 

– Casa Pré-Fabricada (de Marcelo Camelo); 

– Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero) (sucesso da banda O Rappa, de Marcelo Yuka, Marcelo Falcão, Xandão, Marcelo Lobato e Lauro Farias); 

– Muito Pouco (Paulinho Moska); e 

– Conta Outra (de Edu Tedeschi).

Premiado com o Grammy Latino, nas categorias de Melhor Álbum de MPB e Melhor Canção de Língua Portuguesa (Caminho das Águas), Segundo vendeu mais de 350 mil cópias no país, sendo certificado com disco de platina duplo

Juntamente com a pré-venda do CD em lojas online, foi feita a “venda digital” do single da música, uma novidade no mercado brasileiro de discos até então. O resultado: foram tantos downloads, que houve congestionamento já na data de lançamento.

O novo trabalho rendeu à cantora uma extensa turnê no Brasil, participações especiais em diversos discos nacionais, shows nacionais e mais de 50 apresentações no exterior, com sucesso absoluto de público e crítica, como no Montreux Jazz Festival e San Francisco Jazz Festival.

O Samba de Maria Rita

Em 2007, Maria Rita celebrou a sua proximidade com o samba, universo pelo qual transitou de forma primorosa, e lançou o disco Samba Meu, produzido por ela e por Leandro Sapucahy.

O álbum traz vários grandes hits como: 

– O Homem Falou (Gonzaguinha)

– Maltratar Não É Direito e Tá Perdoado (ambas de Arlindo Cruz e Franco); 

– Num Corpo Só (Arlindo Cruz e Picolé); 

– Cria (Serginho Meriti e César Belieny); 

– O Que É O Amor (Arlindo Cruz, Serginho Meriti e Fred Camacho); 

– Trajetória (Arlindo Cruz, Serginho Meriti e Fanco); 

– Novo Amor e Maria do Socorro (ambas de Edu Krieger);

Corpitcho (Luiz Cláudio Picolé e Ronaldo Barcellos);

– A faixa-título (de Rodrigo Bittencourt).

Samba Meu foi premiado com disco de platina e rendeu à Maria Rita o Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode

Em 2011, veio o álbum Elo, em que a artista regravou canções que gostaria muito de cantar, como: 

Coração a Batucar (Davi Moraes e Alvaro Lancellotti); 

Só de Você (Rita Lee e Roberto de Carvalho);

– Coração em Desalinho (Monarco e Alcino Correa).

Com o álbum, que ganhou disco de platina, Maria Rita se apresentou novamente no Montreux Jazz Festival e é aplaudida de pé pelo público presente.

Maria Rita durante show da turnê Viva Elis | Foto: Rubens Cerqueira

Viva Elis e Viva Maria!

No final de 2011, Maria Rita começou a preparar um show em homenagem a sua mãe, 30 anos depois de sua morte, que fazia parte do projeto Viva Elis, patrocinado pela Nivea

A princípio, seriam cinco apresentações gratuitas ao longo do primeiro semestre de 2012, em diferentes cidades brasileiras. O sucesso foi tão grande, que a cantora decidiu seguir com o show, rebatizando-o de Redescobrir, e saiu em turnê pelo Brasil. 

Além disso, o espetáculo foi gravado e lançado em CD ao vivo, duplo, e DVD, que receberam disco de platina. O álbum ganhou o Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira 

Em 2012, foi lançado o documentário Maria Rita – Canto Encanto Tanto, dirigido por Bruno Levinson, e que mostra a artista falando sobre sua trajetória profissional, música e vida.

Em 2014, a artista lançou o sexto álbum da carreira, Coração a Batucar, produzido pela própria Maria Rita e sendo seu segundo álbum totalmente dedicado ao samba. Com o álbum, que ganhou disco de ouro, conquistou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode

No mesmo ano, Maria Rita foi convidada a cantar, pela primeira vez, no Réveillon de Copacabana, no Rio de Janeiro, para um público de cerca de dois milhões de pessoas.

Em 2015, a cantora apresentou o show Samba da Maria, uma proposta intimista e com repertório especialmente pensado para recriar a atmosfera das tradicionais rodas de samba cariocas. 

No ano seguinte, o registro do show virou CD e DVD: O Samba Em Mim  – Ao Vivo na Lapa – com os principais sambas já interpretados por Maria Rita ao longo de sua carreira. 

Em 2018, foi a vez de comemorar 15 anos de carreira, lançando o disco Amor e Música, o qual também dirigiu e produziu (junto com Pretinho da Serrinha) e que ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode

Os trabalhos mais recentes da cantora – que não pára! – foram o EP Desse Jeito, em 2022, sobre o qual falamos com mais profundidade em uma matéria em nosso site, e o disco duplo e ao vivo Samba da Maria, com os maiores sucessos de sua carreira, lançado em 2023.

Viva, Maria Rita!

A cantora Ana Carolina | Foto: Daryan Dornelles

Tudo sobre Ana Carolina

A cantora, compositora, produtora e multi-instrumentista Ana Carolina nasceuem Juiz de Fora, Minas Gerais, em 09 de setembro de 1974, e começou a sua relação de amor com a música desde a infância: a avó era cantora de rádio, o avô cantava em igreja e os tios-avós eram músicos.

Ana iniciou a sua carreira profissional aos 18 anos, tocando em bares da sua cidade natal e região, interpretando clássicos de seus grandes ídolos, como Chico Buarque, Tom Jobim, Maria Bethânia e João Bosco. Chegou a cursar a faculdade de Letras na Universidade Federal de Juiz de Fora, mas por pouco tempo.

Com o tempo, com repertório de composições próprias, seu violão tocado de forma inconfundível e o timbre de voz potente e cheio de personalidade, Ana Carolina passou a fazer apresentações no Mistura Fina, no Rio de Janeiro, e chamou a atenção de Luciana, filha de Vinicius de Moraes, que pediu a ela uma fita demo. 

Em apenas 15 dias, Ana assinou seu primeiro contrato fonográfico, com a gravadora BMG.

Ana no início da carreira | Foto: Reprodução

O sucesso dos primeiros álbuns 

Em 1999, lançou o seu primeiro álbum, com o qual já foi indicada ao Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo: Ana Carolina

Entre as canções do álbum – que ganhou disco de ouro, depois de platina, ultrapassando a marca de 300 mil cópias – estão os super hits: 

– Garganta e Tô Saindo (ambas de Antonio Villeroy, grande parceiro da cantora); 

– A Canção Tocou na Hora Errada (de sua autoria); 

– Nada Pra Mim (de John Ulhoa, do Pato Fu); e

– Agora ou Nunca (Arnaldo Antunes).

Beatriz (Edu Lobo e Chico Buarque

Desde então, a cantora lançou sucessivos álbuns de sucesso de público e crítica: são mais de cinco milhões de discos vendidos, tornando-se uma das cantoras mais tocadas no Brasil, além de formar parcerias sólidas e ter muitas das suas composições gravadas por grandes nomes da nossa música popular brasileira.

Ana Carolina também ganhou diversos prêmios ao longo de seus quase 30 anos de carreira e sua voz embalou a trilha de inúmeras novelas: mais de 20!

Em 2001, Ana Carolina lançou o seu segundo disco: Ana Rita Joana Iracema e Carolina, com onze canções compostas por ela e que ganhou disco de ouro e de platina. O nome do álbum traz várias mulheres criadas por Chico Buarque em suas letras, em uma homenagem que Ana faz ao seu grande ídolo. 

Entre os sucessos, está o grande hit Quem De Nós Dois (versão de Ana Carolina e Dudu Falcão para a canção italiana La Mia Storia Tra Le Dita, de Gianluca Grignani e Massimo Luca), um dos maiores sucessos da carreira da artista e a música mais executada do Brasil naquele ano.

Além disso, o segundo álbum da cantora –  que tem a participação especial de Alcione – traz outros sucessos, como: 

– Ela É Bamba (de Antônio Villeroy); 

– Confesso (de Ana e Antônio); 

– Pra Terminar (de Herbert Vianna); Que Será (de Marino Pinto e Mário Rossi); e 

– Me Sento na Rua (de Ana e Vanessa da Mata).

Neste mesmo ano, Ana Carolina compôs duas canções para o filme Amores Possíveis, de Sandra Werneck: Velas e Vento (em parceria com João Nabuco, que ela mesma interpreta) e Margem da Pele (em parceria com João Nabuco e Antônio Villeroy, interpretada por Paula Lima).

Ana Carolina | Foto: Priscila Prade

Estampado

Em 2003, a artista lançou seu terceiro disco: Estampado. Mais rock’n roll e também com elementos do pop rock, das 15 faixas do álbum, 13 são autorais ou tem participação de Ana na composição, junto com parceiros. 

A artista também ganhou disco de ouro com este trabalho, que traz grandes sucessos, como:

Encostar na Tua e Elevador (Livro do Esquecimento), ambas composições solo de Ana Carolina

– Nua (de Ana e Vitor Ramil); 

– Uma Louca Tempestade (Antônio Villeroy e Bebeto Alves); e

– Pra Rua Me Levar (Ana e Villeroy);

Além disso, o álbum traz uma nova parceria que tornaria-se uma das maiores e mais importantes da carreira de Ana Carolina: Seu Jorge, nas canções Não Fale Desse Jeito e O Beat da Beata (da qual ele participa da gravação).

Estampado também virou DVD, em 2003 – o primeiro da carreira de Ana – dividido em três partes: Voz e Violão, em que a artista canta algumas músicas sozinha em voz e violão; Filme, que traz depoimentos de fãs, admiradores e amigos da cantora sobre a sua carreira, e alguns trechos da cantora narrando o processo de composição de algumas das canções (as quais ela canta ao final de cada bloco, acompanhada de participações especiais de Chico Buarque, Maria Bethânia, Seu Jorge, Chico César e João Bosco); e Largo e o Show, que traz um pequeno show aberto no Largo da Lapa, no Rio de Janeiro.

Em 2004, Ana  lançou outro DVD, desta vez o ao vivo Estampado – Um Instante Que Não Pára, em que a artista canta 19 sucessos já consagrados em seus três primeiros discos, nas rádios e em seus shows anteriores. 

Ana Carolina e Seu Jorge | Foto: Leo Aversa

Seu Jorge e outras parcerias

Em 2005, Seu Jorge convidou Ana Carolina para uma parceria em duas apresentações no projeto Tom Acústico, em São Paulo. Dessa parceria resultaram um CD e um DVD de imenso sucesso: Ana & Jorge, que transformou-se no maior fenômeno de vendas e execuções de 2005 e ganhou disco de platina triplo, superando a marca de um milhão de discos vendidos.

O maior sucesso do álbum é a canção É Isso Aí, versão de Ana Carolina para a canção The Blower’s Daughter, do irlandês Damien Rice. Além dela, o disco conta com sucessos já consagrados das carreiras dos dois artistas, além de outras canções interpretadas por Ana e Jorge.

O disco foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Disco de Música Popular Brasileira.

No ano de 2006, Ana integrou o time de apresentadoras do programa Saia Justa, do canal GNT. Neste mesmo ano, Maria Bethânia gravou a canção Eu Que Não Sei Quase Nada Do Mar, parceria de Ana Carolina e Jorge Vercillo (que Ana também gravou alguns anos depois). 

Mart’nália estourou nas rádios com a música Cabide, outro grande sucesso composto por Ana Carolina (que também gravou a canção anos depois), e Luiza Possi lançou o disco Escuta, cuja faixa-título é uma composição de Ana.

Ana Carolina | Foto: Priscila Prade

Dois Quartos e N9ve

Ainda em 2006, Ana Carolina lançou o CD duplo Dois Quartos, o trabalho mais autoral de sua carreira. Além de assinar a composição de 23 das 24 canções dos álbuns, Ana também participou da produção do disco, em que a cantora se supera, em maturidade, criatividade e ousadia.

Assim como nos antigos discos de vinil, o álbum tem dois lados, com personalidades diferentes: o primeiro, Quarto, traz faixas de trabalho e o pop tradicional da cantora, conhecido pelas rádios e pelos fãs. No segundo, Quartinho, Ana ousou outras linguagens e novos formatos. 

Entre as faixas, que trazem à tona questões como a bissexualidade, o desejo, discussões políticas e sociais, estão os sucessos: 

– Rosas (de Antônio Villeroy, que foi indicada ao Grammy Latino de Melhor Canção Brasileira)

– Aqui, Tolerância e Ruas de Outono (todas de Ana e Villeroy);

Vai (de Mona Saback); 

– Eu Comi a Madonna (de Ana, Villeroy e Mano Melo); e

Homens e Mulheres (apenas de Ana).

Em 2008, Ana Carolina estreou o seu selo Armazém e lançou o CD e DVD Dois Quartos – Multishow ao Vivo Ana Carolina, com sucessos já consagrados da sua carreira.

Em 2009, em comemoração aos seus 10 anos de carreira e sucesso, Ana lançou o álbum N9ve, que ganhou disco de ouro e conta com o grande hit Entreolhares (The Way You Look At Me), parceria de Ana Carolina, Antônio Villeroy e do cantor norte-americano John Legend, que participa da gravação, em dueto com Ana, cantado em português e inglês. A canção alcançou o topo da Billboard Hot Songs e o 34° lugar na Billboard Hot 100 Airplay.

N9ve tem vários significados:é a quantidade de faixas do disco, também a data de nascimento de Ana (9/9/1974). Além disso, seu primeiro álbum foi lançado em 1999, com uma tiragem de 99.999 cópias no lançamento. Na capa de N9ve, existe um quadro com um relógio dentro, marcando exatamente 09 horas.

O show do disco mostra várias facetas de Ana: roqueira, dramática, bem humorada, sambista, romântica, e traz estilos musicais diversos também, como o samba e o rock. 

Também em 2009,  a artista lançou – em CD e DVD – a coletânea de canções Ana Car9lina + Um  – Multishow Registro, com duas canções inéditas e a participação de vários artistas consagrados, que a acompanham em cada uma das canções: Luiz Melodia, Ângela Ro Ro, Maria Gadú, Maria Bethânia, Roberta Sá, Zizi Possi, Gilberto Gil, Seu Jorge, Antônio Villeroy, Chiara Civello, Esperanza Spalding  e John Legend.

Os múltiplos talentos de Carolina

Em 2010, a cantora estreou o projeto Ensaio de Cores, que nasceu de uma grande paixão de Ana Carolina pela pintura, e mistura sua música com a apresentação – em primeira mão – de telas pintadas por ela. 

“A pintura se instalou fortemente em mim em meados de 2002, pouco antes do lançamento de Estampado, um álbum tão emocionalmente conturbado, que cheguei ao ponto de criar uma tela para cada canção. Para aliviar a sensação aflitiva do registro das canções em estúdio, eu pintava para ver aquelas canções que só ouvia. De lá pra cá não parei mais”, conta Ana Carolina em seu site. 

“A pintura elimina involuntariamente os limites que conheço e que invento para a música. Não estou em busca somente da beleza, quero, sobretudo, a comunicabilidade visual”.

Além de sucessos e canções inéditas, o show trouxe algumas surpresas, como interpretações de músicas de outros compositores, todas em um formato acústico, intimista e com o acompanhamento de uma banda de mulheres. Em 2011, Ana lançou o disco Ensaio de Cores Ao Vivo. 

Em 2013, Ana Carolina lançou o álbum de inéditas #AC, bem pop, que foi indicado ao Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro.

Em 2015, lançou o CD e DVD Ana Carolina #AC Ao Vivo e apareceu em destaque como artista internacional, estampando o caderno Arts & Entertainment, do The Wall Street Journal, ilustrando uma matéria sobre o Festival Lusófono, promovido pelo World Music Institute, onde Ana Carolina participou como representante dos artistas de Países de Língua Portuguesa.

Em  2016, a cantora voltou em turnê com o cantor Seu Jorge, para comemorar os 10 anos do sucesso do projeto original. O encontro traz o sucesso inédito da dupla: Mais uma Vez (Nós Dois).

Em 2017, Ana Carolina lançou o EP Som (Ruído Branco) com quatro músicas inéditas, compostas por ela a partir de poemas do seu primeiro livro: Ruído Branco, lançado em 2016, onde apresenta mais de 50 poesias, prosas e letras inéditas escritas ao longo da sua vida. 

Em 2019, completou 20 anos de carreira e lançou o seu mais recente álbum Fogueira em Alto Mar, com 12 canções inéditas.

Viva, Ana Carolina!

por Lívia Nolla

Siga a Nova Brasil nas redes

Google News

Tags relacionadas

Ana Carolina Aniversariantes cantoras festa lívia nolla Maria Rita MPB Música Brasileira música popular brasileira nove de setembro
< Notícia Anterior

Fernando Barra: "A importância do pensamento crítico num mundo cada vez mais conectado"

09.09.2024 08:40
Fernando Barra: "A importância do pensamento crítico num mundo cada vez mais conectado"
Próxima Notícia >

Diego Amorim: E o Juscelino?

09.09.2024 11:34
Diego Amorim: E o Juscelino?
colunista

Lívia Nolla

Lívia Nolla é cantora, apresentadora e pesquisadora musical

Suas redes

© 2024 - novabrasil - Todos os direitos reservados
Com inteligência e tecnologia: PYXYS - Reinventing Media Business