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A importância de Martinho da Vila para a música popular brasileira

Lívia Nolla
13:43 11.02.2025
Autor

Lívia Nolla

Cantora e Pesquisadora Musical
Curiosidades

A importância de Martinho da Vila para a música popular brasileira

Aniversariante da semana, a importância do cantor, compositor e escritor para a música popular brasileira é imensurável; confira

Lívia Nolla - 11.02.2025 - 13:43
A importância de Martinho da Vila para a música popular brasileira
O sambista Martinho da Vila | Imagem: MIRO (Divulgação) Leia mais em: https://vejario.abril.com.br/beira-mar/a-gente-tem-que-pensar-como-chegou-aqui-diz-martinho-da-vila

Dia 12 de fevereiro o sambista, cantor, compositor, instrumentista e escritor Martinho da Vila, um dos maiores nomes da música popular brasileira completa 87 anos.

Praticamente um patrimônio vivo cultural brasileiro, Martinho da Vila transformou para sempre a história da cultura do nosso país com seu trabalho desenvolvido com o samba e tornou-se conhecido internacionalmente, levando o samba brasileiro para o mundo e sendo gravado por artistas nacionais e estrangeiros.

Por isso, nós trouxemos uma matéria especial para homenageá-lo, destacando a importância de Martinho da Vila para a MPB e para a cultura brasileira.

A importância de Martinho da Vila para a música popular brasileira

Nascido em Duas Barras e criado na Serra dos Pretos Forros – Boca do Mato, Lins de Vasconcelos, RJ – filho de lavradores, Martinho da Vila formou-se Auxiliar de Químico Industrial, pelo SENAIServiço Nacional de Aprendizagem Industrial.

Na juventude, alistou-se no Exército como voluntário – no Segundo Batalhão de Carros de Combate, destinado ao Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército – onde pretendia ser funcionário público, mas decidiu-se pela carreira militar. 

Foi cabo, sargento e cursou a Escola de Instrução Especializada, onde se formou em contabilidade. Exerceu funções burocráticas na Diretoria Geral de Engenharia e Comunicações, como escrevente-contador, e pediu baixa para se tornar cantor profissional.

Martinho da Vila tornou-se conhecido do grande público em 1967, ao apresentar-se no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, defendendo o partido-alto “Menina Moça”

No ano seguinte, na quarta edição do mesmo Festival, o artista lançou o clássico “Casa de Bamba”, seu primeiro grande sucesso, seguido de “O Pequeno Burguês”, em 1969.

Essas duas últimas canções entraram para o primeiro álbum do artista, que levou o seu nome, em 1969, junto com outros grandes sucessos como: “Quem é Do Mar Não Enjoa” e “Pra Que Dinheiro”, todos composições solo de Martinho.

O disco de estreia atingiu o primeiro lugar na parada musical radiofônica e foi o recorde de vendas daquele ano. Logo, Martinho da Vila consagrou-se como um dos artistas mais respeitados do Brasil, sambista do primeiro escalão, entre os maiores da música popular brasileira.

Entre seus mais de 50 álbuns lançados ao longo de quase 60 anos de carreira, Martinho da Vila consagrou outros imensos sucessos como: 

  • Canta, Canta Minha Gente (1974),
  • Disritmia (1974)
  • Ex Amor (1981)
  • Madalena do Jucu (1989)

Em 1995, Martinho da Vila consagrou-se como o primeiro sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas em tempo recorde, com o álbum “Tá delícia, Tá gostoso”, que conta com os super sucessos “Devagar Devagarinho” (composição de Eraldo Divagar) e “Mulheres” (de Toninho Geraes).

Martinho da Vila no início da carreira | Foto: Reprodução / Arquivo

Prêmios, livros e nomeações

Ativista cultural, Martinho também é escritor e publicou mais de 10 livros de sucesso, entre  infantis, infanto-juvenis, biografias e romances. É membro efetivo da Academia Carioca de Letras, do PEN CLUB e da Divine Académie Française des Arts, Letres e Culture.

Recebeu o título honorário de Embaixador Cultural de Angola e Embaixador da Boa Vontade da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), por ser um incentivador das relações linguísticas do português e divulgador da lusofonia. 

No Brasil foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura e recebeu as comendas mineiras Tiradentes e JK. É Comendador da República da Ordem do Barão do Rio Branco, em grau de Oficial.

Foi membro do Conselho Estadual de Cultura e da Comissão de Apoio à Cultura, do MinC, e responsável pelo projeto “O Canto Livre de Angola” que, em 1982, trouxe os primeiros artistas africanos ao Brasil. Liderou também o Grupo Kizomba, promotor do pioneiro Encontros Internacionais de Artes Negras.

Recebeu o título honorário de Embaixador Cultural de Angola e Embaixador da Boa Vontade da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, além de receber a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura

Em setembro de 2000, Martinho concretizou, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, um dos seus projetos mais relevantes neste sentido: a apresentação do “Concerto Negro”. Idealizado por ele e pelo maestro Leonardo Bruno, o espetáculo enfoca a participação da cultura negra na música erudita. 

Martinho da Vila em desfile da Vila Isabel | Foto: Alexandre Durão / G1

A Vila Isabel e Martinho da Vila

A sua dedicação à escola de samba do coração, Unidos de Vila Isabel, iniciou em 1965. Antes disso, Martinho participava da extinta Aprendizes da Boca do Mato

A história da Unidos de Vila Isabel se confunde com a de Martinho, que passou a ser chamado de “da Vila” por causa dela. 

Ele nunca exerceu oficialmente a presidência administrativa da escola, mas por várias vezes esteve à frente da agremiação da qual é o Presidente de Honra, com busto de bronze na entrada da quadra de ensaios e eventos. Os sambas-enredo mais consagrados da escola são de sua autoria.

Legado e uma família de artistas

Na casa de Martinho da Vila, “todo mundo é bamba”: vários de seus oito filhos seguiram os passos do pai, como – por exemplo – as cantoras, compositoras e instrumentistas Martnália e Maíra Freitas.

Martinho venceu quatro vezes o Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode

  • 2005, com o álbum Brasilatinidade);
  • 2009, com O Pequeno Burguês;
  • 2016, com De Bem com a Vida);
  • E 2023, com Negra Ópera

O espírito de pesquisador incansável do sambista vem desde o álbum “O Canto das Lavadeiras”, baseado na cultura brasileira, lançado em 1989, até o mais recente trabalho inédito, “Negra Ópera”, passando por “Lusofonia”, lançado no início de 2000, reunindo canções de todos os países de língua portuguesa. 

Seu mais recente trabalho é o álbum “Violões e Cavaquinhos”, de 2024, que traz os principais sucessos de sua carreira e conta com participações de Preta Gil, Lennon, Mart’nália e Alegria Ferreira.

Viva Martinho da Vila!

Martinho da Vila em estúdio com os filhos — Foto: Reprodução / Instagram Mart’nália

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Lívia Nolla é cantora, apresentadora e pesquisadora musical

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