A história da música “Caju”, de Liniker
A história da música “Caju”, de Liniker
Artista acaba de lançar o aclamadíssimo álbum "Caju". O site da Novabrasil traz aqui alguns segredos da canção que dá nome ao 2º trabalho da cantora
Que CAJU, o recém lançado segundo álbum da Liniker está bombando e é um dos melhores discos dos últimos tempos, a gente já sabe!
Agora, você sabe a história por trás da música que dá nome a este trabalho brilhante da cantora e compositora paulista? A gente te conta!
O álbum CAJU
“Esse disco é o lugar mais próspero que eu quero chegar na minha vida, porque eu mereço e eu quero alcançar tudo o que eu escrevi ali”, disse Liniker ao programa Conversa Com Bial no dia do lançamento de CAJU, 19 de agosto.
Já em entrevista à Foquinha, na Dia TV, Liniker contou como surgiu o nome CAJU e o conceito do disco: disse que estava dançando em uma festa e uma moça falou que a boca dela parecia um caju. “Comecei a pensar nessa boca de caju e a pesquisar caju… a fruta brasileira mais exportada… todas as propriedades do caju. E aí comecei a pensar ‘se eu fosse uma outra pessoa, CAJU seria um bom nome para um alter ego’. Comecei a montar uma história através dessa personagem, quem ela era, quantos anos ela tinha, qual era o signo da Caju…”
Por meio desse alter-ego, Liniker conta suas histórias pessoais com mais liberdade.
Foi assim que nasceu o conceito do álbum: “CAJU nasce dessa força de querer me enxergar com mais carinho. Com quase 10 anos de carreira, entendi que tenho de ser dona da minha narrativa (…) “Por muito tempo, eu me vi no vórtice de ‘preciso provar quem eu sou’, ‘preciso ser validada’… ”.
“Índigo Borboleta Anil (o primeiro álbum, com o qual a cantora se tornou a primeira artista trans brasileira a ganhar um Grammy Latino) me colocou em pé. Agora, CAJU vai me fazer correr, me dar movimento”.
“CAJU tem uma textura de encontros e desejos de lugares específicos em que eu quero chegar. Me permiti viver coisas que eu nunca tive aval, tanto do outro, quanto de mim. Sinto que eu precisei ter maturidade para poder construir essa obra”, complementa.
O novo disco entrega relatos extremamente pessoais de Liniker, em uma mistura de estilos que vai do pop, samba, jazz e house ao pagode, arrocha, disco e reggae. Também conta – entre as 14 faixas – com as participações de Lulu Santos, BaianaSystem, ANAVITÓRIA, Pabllo Vittar, Priscila Senna, Melly, Tropkillaz e Amaro Freitas.
A produção musical de CAJU é assinada por Liniker, Fejuca e Gustavo Ruiz, mesma trinca responsável pelo álbum de estreia-solo da cantora.
A história da música CAJU
Com a música que abre o disco e que dá nome a ele, Liniker conta que queria que as pessoas entendessem que a CAJU – essa personagem que é seu alter ego – passou por muita coisa para chegar aonde está agora.
O início da música traz o áudio em japonês de uma comissária de bordo – criado por inteligência artificial – dizendo que o voo partiu do Japão e passará por vários destinos, até chegar no destino de CAJU, no Brasil.
O voo do Japão para o Brasil dura quase 24 horas, ou seja, CAJU está em um lugar muito longe e terá muito tempo para chegar aonde deseja. Isso remete aos processos terapêuticos que Liniker precisou passar para entender quem realmente era e onde realmente queria chegar.
É uma metáfora do quão longo foi o processo para que Liniker chegasse até CAJU, que é esse momento de sucesso e consagração.
A faixa – que tem coprodução de Iuri Rio Branco – dá início à jornada da protagonista CAJU por esse dia de 24 horas solares (mesmo quando é noite, faz sol em CAJU), onde ela passa por muitos sentimentos, reflexões e sensações, que duram o álbum inteiro.
A letra de CAJU é exatamente o que a personagem fala para alguém que está com ela no aeroporto, antes dela partir para este voo de 24 horas.
O apresentador e criador de conteúdo Spartakus Santiago fez uma análise brilhante da canção em seu canal no Youtube, dizendo que essa forma de iniciar o álbum pode ser também uma análise de quão longo continua sendo o caminho até chegar no amor que ela realmente precisa:
“Quando é que a gente vai encontrar alguém que nos ame de fato, como a gente merece? É esse o questionamento que guia a música, como se ela falasse isso para alguém no aeroporto, antes da viagem começar. Na letra, ela basicamente questiona: Você me ama de verdade? Você realmente se interessa por mim, me conhece, sente minha falta, se importa comigo?”.
A letra diz exatamente isso:
Você já decorou quantas tatuagens tenho?
Se eu ligo pra cartoon ou rabisco os meus desenhos
Quantos shows tem na minha agenda, meu disco favorito
O peso do meu coração
Onde serão as férias? Qual tamanho da demanda?
No samba, sei que samba, e o que será que faz chorar?
Será que você sabe que, no fundo, eu tenho medo
De correr sozinha e nunca alcançar?
Quando eu alçar o voo mais bonito da minha vida
Quem me chamará de amor, de gostosa, de querida?
Que vai me esperar em casa, polir a joia rara
Ser o pseudofruto, a pele do caju
Spartakus ainda analisa que o caju é conhecido por ser um pseudofruto, ou seja, aquele corpo alaranjado, a parte da qual a gente faz o suco de caju, não é uma fruta de verdade. É um fruto falso que envolve a verdadeira fruta, que é a castanha do caju.
“Quanto Liniker fala ‘Quem é que vai ser o pseudofruto”, ela está perguntando: ‘Quem é que vai me envolver, me acolher, me nutrir, ser a pessoa próxima, que vai ter intimidade, contato direto comigo?'”.
O sucesso do álbum
Na semana do lançamento, CAJU chegou a estrear na parada global de lançamentos do serviço de streaming Spotify, ocupando a sexta posição. Em dez dias, o álbum alcançou 30 milhões de plays nas plataformas de áudio.
Após esgotar todos os ingressos para os três shows da turnê de CAJU no Espaço Unimed, em São Paulo, em poucas horas, Liniker confirmou novas datas da turnê de CAJU. Depois dos shows na capital paulista, que acontecerão em 8, 13 e 19 de novembro, a artista se apresentará no Rio de Janeiro, no dia 30do mesmo mês.
Liniker seguirá para Curitiba, no dia 7 de dezembro; e Recife, no dia 13 de dezembro. Já em 2025, os shows de CAJUseguem para Porto Alegre, no dia 23 de janeiro; Belo Horizonte, em 25 de janeiro; e Salvador, no dia 29 de março.
“Eu fiquei muito impressionada com o desejo das pessoas em assistir aos shows de CAJU. A receptividade em São Paulo foi enorme e estou ansiosa para levar esse repertório para outros lugares do Brasil”, conta Liniker.
por Lívia Nolla