12 curiosidades sobre Johnny Alf no dia do seu aniversário

Lívia Nolla
13:54 19.05.2025
Autor

Lívia Nolla

Cantora e Pesquisadora Musical
Arte e cultura

12 curiosidades sobre Johnny Alf no dia do seu aniversário

Considerado o precursor da Bossa Nova, o cantor, compositor e pianista carioca Johnny Alf transformou para sempre a música popular brasileira

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- 19.05.2025 - 13:54
12 curiosidades sobre Johnny Alf no dia do seu aniversário
O cantor e compositor Johnny Alf | Imagem: Reprodução

Se não tivesse nos deixado em março de 2010, aos 80 anos, em decorrência de um câncer de próstata, o cantor, compositor e pianista carioca Johnny Alf completaria 95 anos neste 19 de maio.

Para celebrar a data e a vida desse, que é um dos mais importantes nomes da história da música popular brasileira de todos os tempos, nós preparamos uma lista com 12 curiosidades sobre Johnny Alf para vocês.

12 curiosidades sobre Johnny Alf 

  • 1 – Precursor da Bossa Nova

Johnny Alf teve uma importância imensa para a história da música popular brasileira, sendo colocado pelo jornalista, escritor e biógrafo Ruy Castro como “o verdadeiro pai da bossa nova”, tendo influenciado nomes como João Gilberto, Tom Jobim e Luiz Bonfá.

  • 2 – Seu nome verdadeiro era Alfredo José da Silva

Johnny Alf era seu nome artístico. Seu nome verdadeiro era Alfredo José da Silva 

  • 3 – Sofreu preconceito quando quis enveredar para a música popular

Alf começou seus estudos de piano aos nove anos de idade, com uma amiga da família para a qual sua mãe dele trabalhava como empregada doméstica. O pai, cabo do exército, morreu quando ele tinha apenas três anos.

Após o início na música erudita, Johnny Alf começou a se interessar pela música popular, principalmente trilhas sonoras do cinema norte-americano e por compositores como George Gershwin e Cole Porter.

Quando começou a enveredar para a música popular e a tocar em bares e boates, Johnny Alf deixou de receber o apoio dos empregadores da sua mãe.

  • 4 – Origens do nome artístico

Aos 14 anos, ele formou um conjunto musical com seus amigos do bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Depois, entrou para o Instituto Brasil-Estados Unidos (IBEU), no centro da cidade. Foi uma amiga norte-americana que sugeriu o nome de Johnny Alf: “Johnny” por ser um nome popular nos Estados Unidos, e “Alf” que era seu apelido na escola (abreviação de Alfredo).

  • 5 – Era fã de Dick Farney e foi trabalhar com seu ídolo

Em 1949, Johnny Alf entrou para o “Sinatra-Farney Fan Club”, voltado para a música do estadunidense Frank Sinatra e do brasileiro Dick Farney. Em 1952, os cantores brasileiros Dick Farney e Nora Ney contratam Johnny como pianista da nova Cantina do César, de propriedade do radialista César de Alencar, iniciando assim a carreira profissional. 

Foi ali que a música de Alf começou a florescer e seu som desenvolveu uma modernidade impressionante. Ele costumava se apresentar por horas e horas, e os ouvintes imploravam para que não parasse de tocar.

O cantor e compositor Johnny Alf | Imagem: Reprodução
  • 6 – Primeiras composições gravadas

Em 1953, suas primeiras composições entraram para o álbum de estreia de uma atriz e Rainha do Rádio, que estava se lançando como cantora, Mary Gonçalves. Foram quatro canções: “Podem Falar”, “Estamos Só”, “O Que é Amar” e “Escuta“. No mesmo ano, foi gravado seu primeiro disco em 78 rpm, com a canção “Falsete”, de sua autoria, e “De Cigarro em Cigarro” (de Luís Bonfá)

  • 7 – Músico ousado e inovador

Durante os anos 50, Johnny Alf se apresentava em diversas boates do Rio de Janeiro – como o famoso Beco das Garrafas e o Little Club – ousando misturar em seu processo criativo referências da música clássica e popular, estrangeira e nacional. 

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A fonte de sua inspiração se encontra na música de Chopin, Debussy, Nat King Cole, Stan Kenton e nos notáveis brasileiros Custódio Mesquita e Francisco Alves. Sua música atraiu os ouvidos ditos mais intelectualizados para os piano bars do bairro de Copacabana.

  • 8 – Foi inspiração para João Gilberto e Tom Jobim

Antônio Carlos Jobim e João Gilberto – dois dos nomes mais famosos da bossa nova – estavam entre os fiéis frequentadores que ficaram surpresos com músicas como “Rapaz de Bem”, uma das primeiras composições profissionais de Alf, que – com a melodia linear, o jeito suave de cantar, uma série de escalas pouco convencionais e uma dissociação rítmica de bateria e baixo – foi, com certeza, a canção precursora da Bossa Nova, inspirando aqueles dois jovens músicos que seriam os futuros representantes do movimento.

Embora Johnny Alf nunca tenha alcançado o estrelato merecido, as lendas da Bossa Nova sempre o viram como uma referência musical.Jobim não apenas o chamava de “Genialf” (uma combinação de “gênio” e “Alf”), mas se sentiu tão inspirado por “Rapaz de Bem”, que compôs “Desafinado”, uma das músicas mais famosas da bossa nova. Quando João Gilberto percebeu que as síncopes incomuns de Alf o lembravam da batida do tamborim, ele disse que finalmente encontrara o que estava procurando.

  • 9 – Música desclassificada de festival tornou-se um de seus maiores sucessos

Johnny Alf participou do III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, em 1967, com a canção “Eu e a Brisa”, tendo como intérprete a cantora Márcia. A canção foi desclassificada, porém tornou-se um dos maiores sucessos da carreira de Johnny Alf, ao lado de “Rapaz de Bem”, “Céu e Mar” e “Ilusão à Toa”.

Em seis décadas de carreira, Johnny Alf compôs mais de oitenta canções, foi gravado por nomes como Caetano Veloso e Chico Buarquee lançou mais de 10 álbuns, sendo o primeiro em 1961 e o último em 2006.

  • 10 – Johnny Alf foi professor no Conservatório de Música Meireles, em São Paulo
  • 11 – Racismo impediu Johnny Alf de ter o reconhecimento merecido

Em 2008, na mostra sobre os 50 anos da Bossa Nova, Johnny Alf teve um encontro virtual com nomes como Tom Jobim, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald e Stan Getz, todos já falecidos. O artista tocava piano com as projeções dos colegas, para um filme que foi exibido ao longo do evento. 

Segundo o curador da mostra, Marcello Dantas, Alf – que era preto, de família pobre e gay (embora na época ele não falasse abertamente sobre isso, também não escondia de ninguém) – foi “o caso clássico do artista que não teve o reconhecimento à altura de seu talento.”. Principalmente na Bossa Nova, um ambiente branco e bastante elitista.Para Dantas,Alf foi um gênio e teve participação na história da nossa música”.  

  • 12 – Alaíde Costa era a cantora preferida de Johnny Alf

Alaíde Costa, a cantora favorita de Johnny Alf, disse que o racismo na Bossa Nova sempre foi velado, a ponto de pretos como ela e Alf nem perceberem que estavam enfrentando discriminação. “Quando o movimento começou, eu já era profissional. Era convidada para os encontros porque podia ajudar o movimento de alguma maneira”, disse ela em uma entrevista. “Mas, quando a Bossa Nova explodiu, senti que não era mais necessária”. 

Alaíde Costa só passou a ter o merecido reconhecimento hoje, com quase 90 anos. Já Johnny Alf nos deixou cedo demais para que a reparação histórica fosse feita.

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colunista

Lívia Nolla

Lívia Nolla é cantora, apresentadora e pesquisadora musical

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