Tarifas Trump criam tensão global e podem impactar economia brasileira

Decio Caramigo
12:32 05.03.2025
Economia

Tarifas Trump criam tensão global e podem impactar economia brasileira

Economia brasileira pode ser afetada pelas tarifas de Donald Trump, que abrem nova crise global e geram reação de países como China e México

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- 05.03.2025 - 12:32
Tarifas Trump criam tensão global e podem impactar economia brasileira
Foto: Reprodução.

As novas tarifas impostas por Donald Trump contra produtos do Canadá, México e China acenderam o alerta global sobre os rumos do comércio internacional. Com aumentos que chegam a 25%, a medida já provoca efeitos nos mercados e pode respingar diretamente no Brasil.

Para analisar o impacto dessas decisões, foi entrevistado no Jornal Novabrasil o economista-chefe da G11 Finance, Hugo Garbi. O especialista apontou que as tarifas têm efeitos imediatos e de longo prazo para diversas economias, incluindo a brasileira.

Mercado global reage com queda de bolsas e alta do dólar

A resposta dos mercados internacionais veio rápido. Segundo Hugo Garbi, a reação inicial foi de forte instabilidade.

“As principais bolsas do mundo caíram, incluindo a americana, e o dólar tende a subir no Brasil após o carnaval”, afirmou.

Além da reação imediata, as tarifas aumentam a incerteza global e podem travar investimentos e negociações futuras, prejudicando a recuperação econômica de diversos países.

Inflação americana deve frear corte de juros e afetar Brasil

Com a aplicação das tarifas, produtos importados para os Estados Unidos ficarão mais caros. Isso pode elevar a inflação americana e forçar o Federal Reserve a manter os juros elevados por mais tempo.

Esse efeito, segundo Hugo Garbi, pode afetar diretamente o Brasil. “A taxa de juros americana compete com a brasileira. Se os juros nos Estados Unidos não caírem, o fluxo de capital para países emergentes como o Brasil pode diminuir”, explicou.

Com menos dólares entrando no Brasil, o real se desvaloriza e pressiona a inflação interna. Isso complica o cenário para o Banco Central, que precisa calibrar suas próprias taxas de juros.

Tarifas sobre produtos brasileiros não estão descartadas

O histórico protecionista de Trump preocupa o Brasil. Hugo Garbi lembrou que, em mandatos anteriores, produtos como o aço brasileiro já foram alvo de tarifas americanas.

“Trump já sinalizou que pode aumentar tarifas sobre commodities brasileiras, principalmente do setor de aço e do agronegócio”, alertou.

Essa postura coloca o Brasil em uma posição vulnerável, especialmente porque o mercado americano é um dos principais destinos das exportações brasileiras.

Guerra comercial entre potências ameaça economia global

Além do impacto bilateral entre Estados Unidos e seus parceiros, as tarifas podem desencadear uma guerra comercial de retaliações.

“A China já anunciou novas tarifas sobre produtos agrícolas e industriais americanos. O México e o Canadá também avaliam medidas semelhantes”, explicou Hugo Garbi.

Esse efeito cascata pode travar cadeias globais de produção e distribuição, aumentando custos e reduzindo o crescimento global.

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China detém poder econômico contra EUA

Outro fator que preocupa analistas é a relação entre Estados Unidos e China. Hugo Garbi lembrou que o governo chinês é o maior credor dos Estados Unidos, com a maior fatia de títulos da dívida americana.

“Se a China decidir vender parte desses títulos como retaliação, isso pode gerar uma crise econômica severa nos Estados Unidos”, afirmou.

Além disso, a China concentra boa parte da produção industrial de empresas americanas, o que significa que medidas contra o país podem afetar diretamente corporações dos próprios Estados Unidos.

Retorno de fábricas americanas para os EUA é improvável

Apesar do discurso de Trump sobre trazer de volta fábricas americanas instaladas na China, Hugo Garbi considera essa ideia inviável na prática.

“A mão de obra chinesa é muito mais barata que a americana. Além disso, a China deprecia sua moeda de forma estratégica, tornando sua indústria mais competitiva”, explicou.

Mesmo que algumas empresas decidissem retornar, o custo de produção nos Estados Unidos seria tão alto que os produtos perderiam competitividade global, tornando-se inviáveis no mercado internacional.

Na visão de Hugo Garbi, as tarifas de Trump têm mais apelo político do que racionalidade econômica.

“Do ponto de vista econômico, essa estratégia não se sustenta. Ela gera inflação, trava investimentos e prejudica o próprio consumidor americano”, avaliou.

Esse conjunto de fatores cria um ambiente de incerteza para o Brasil e outros países emergentes. Com mercados voláteis, juros elevados e dólar forte, o ambiente externo se torna mais hostil para economias em desenvolvimento.

“É um jogo arriscado, que pode ter efeito político imediato para Trump, mas cujos impactos econômicos negativos tendem a se acumular ao longo do tempo”, concluiu Hugo Garbi.

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