“Rede Social deve ter controle, mas não pode criar analfabetos digitais”, diz colunista

A Austrália proibiu menores de 16 anos de terem contas em redes sociais. Segundo a determinação, plataformas de redes sociais, como Meta, TikTok, X e Instagram, por exemplo, devem tomar medidas para garantir que esses menores não possam mais ter contas em seus nomes.

A medida vai levar um ano para começar a valer. O Senado australiano deverá fiscalizar as empresas e, em caso de descumprimento, elas pagarão multas.

O colunista da Novabrasil e especialista em tecnologia e inovação, Fernando Barra, diz que “o que está por trás disso não é a tecnologia, mas o papel das redes sociais”. Essas redes surgiram com a intenção de conectar pessoas, unir amigos e familiares, mas, com o aumento e o uso, isso se tornou um meio de comunicação.

Esse cenário todo favoreceu o aparecimento de novas profissões, como os influenciadores. Além disso, as empresas utilizam as redes sociais para vender seus produtos. Fernando Barra destaca que “do outro lado, as empresas donas das redes perceberam que ganham mais dinheiro quando os usuários ficam mais tempo utilizando-as. Com isso, veio a manipulação do algoritmo para mostrar não a conexão, mas a comunicação”.

Logo, o que se vê é uma conexão que passa a ser artificial, no momento em que trocamos amigos por seguidores. Diante disso, ela é uma conexão sem discordância e sem ponto de vista. “A gente acaba desaprendendo a divergir e discutir”, diz Barra.

Apesar disso, não significa que essa tecnologia é ruim ou boa. Ela é apenas uma ferramenta que deverá ser usada para o bem ou para o mal. O colunista diz que “costuma dizer que uma faca bem afiada e utilizada por um cozinheiro trará maravilhas, mas na mão de crianças é um perigo. Por isso, a criança vai começar utilizando uma faca sem ponto e aprender a usá-la adequadamente”. Ou seja, a rede social deve ter um controle, mas há que se ter cuidado para não criarmos analfabetos digitais.

Para Fernando Barra, há um paradoxo nos tempos atuais: “Estamos tão conectados e, ao mesmo tempo, desconectados uns dos outros. E cabe a pergunta:  você controla a tecnologia ou a tecnologia controla você?”.