Gonçalves Dias: biografia e os maiores poemas de um dos principais nomes do romantismo brasileiro
Gonçalves Dias: biografia e os maiores poemas de um dos principais nomes do romantismo brasileiro
Site da Novabrasil preparou uma análise da vida e obra de poeta; confira
Gonçalves Dias, um dos principais poetas da primeira geração do Romantismo brasileiro, nasceu em 10 de agosto de 1823, em Caxias, Maranhão. Filho de um comerciante português e de uma mulher com ascendência indígena e africana, sua formação acadêmica ocorreu em Portugal, onde estudou Direito na Universidade de Coimbra.
Lá, estava exilado por se envolver nas guerras contra a independência do Brasil. Foi na Universidade que teve contato com escritores do romantismo português, entre eles, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Feliciano de Castilho.
Durante sua estadia em Portugal, escreveu um de seus poemas mais célebres, “Canção do Exílio”, que expressa seu amor pela terra natal e se tornou um símbolo do nacionalismo brasileiro.
Sobre sua vida
Gonçalves Dias teve uma vida marcada por desafios e conquistas. Após retornar ao Brasil em 1846, se estabeleceu no Rio de Janeiro, onde começou a lecionar e a publicar suas obras. Sua carreira inclui cargos como professor e oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros.
Em 1852, casou-se com Olímpia Coriolano da Costa, mas o casamento foi infeliz. Entre 1859 e 1862, participou de expedições científicas pelo Norte e Nordeste do Brasil. Sua saúde deteriorou-se devido à tuberculose, e ele faleceu tragicamente em um naufrágio em 3 de novembro de 1864.
Características da Obra
A obra de Gonçalves Dias é conhecida por seu caráter indianista e nacionalista. Ele idealizava a figura do indígena e a floresta como símbolos da identidade brasileira.
Seus poemas frequentemente abordam temas como o amor, a natureza e a luta pela liberdade. A influência do romantismo é evidente em sua idealização da figura feminina e na busca por uma linguagem poética que expressasse emoções profundas.
Maiores Poemas
Canção do Exílio
“Minha terra tem palmeiras,
Onde Canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.”
I-Juca-Pirama
“Meu canto de morte,
Guerreiros ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros ouvi.” (… )
Leito de Folhas Verdes
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.
Eu sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.
Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!
A flor que desabrocha ao romper d’alva
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.
Sejam vales ou montes, lago ou terra,
Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,
Vai seguindo após ti meu pensamento;
Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!
Meus olhos outros olhos nunca viram,
Não sentiram meus lábios outros lábios,
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
A arazoia na cinta me apertaram.
Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
Já solta o bogari mais doce aroma,
Também meu coração, como estas flores,
Melhor perfume ao pé da noite exala!
Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes
À voz do meu amor, que em vão te chama!
Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil
A brisa da manhã sacuda as folhas!
Ainda Uma Vez Adeus (trecho)
“Enfim te vejo! – enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te
Apesar de quanto sofri.
Muito pensei. Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastados,
Houveram-me acabrunhados,
A não lembrar-me de ti. (…)
Adeus que eu parto, senhora!
Negou-me o fado inimigo
Passa a viver comigo,
Tem sepultura entre os meus.” (…)
Se Se Morre de Amor
Se se morre de amor! – Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente No que ouve, e no que vê prazer alcança! (…)