COP 16 na Colômbia termina sem consenso sobre fundo para natureza
COP 16 na Colômbia termina sem consenso sobre fundo para natureza
Países ricos e Nações em desenvolvimento não conseguiram acordo para a proteção da natureza, na maior conferência já feita sobre o tema
A Colômbia sediou a COP da Biodiversidade na cidade de Cali. Apesar dos esforços, não houve consenso para a criação de um fundo mais robusto para proteção da natureza. O grupo dos ricos se recusou a criar esse fundo, enquanto as Nações em desenvolvimento querem exatamente o contrário, pois alegam que os recursos existentes são inacessíveis e pouco equitativos.
O Brasil esteve no evento com a participação de vários setores da sociedade e muitos empresários. Entre eles, o CEO do Laces and Hair, Itamar Cechetto. O grupo de salões de beleza é focado em tratamentos naturais e baixo impacto ambiental.
Em entrevista à Novabrasil, Itamar destacou que “esses eventos são de impacto positivo pelo foco que a sociedade civil dá aos problemas reais de aquecimento global e espécies ameaçadas de extinção”. As pessoas se aproximam mais dos problemas nesse campo.
Apesar disso, ele lembra que os recursos e o dinheiro para tanto são sempre uma realidade à parte. “A expectativa da COP de ter um orçamento anual ao redor de 200 bilhões de dólares para ter impacto e políticas de regeneração não atingiu os 200 milhões”, ressalta ele.
Itamar Cechetto acredita que “o dinheiro no planeta não é um problema, mas fazer com que pessoas com interesses diferentes sentem à mesa e decidam quem vai pagar por isso”. Para muito especialistas, isso só será resolvido quando a agenda ESG começar a impactar no consumo de modo mais decisivo. “Uma das discussões é saber se o consumidor está disposto a pagar por isso ou se as empresas estão prontas a baixar os lucros para tal”, diz Itamar.
Já Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, apontou, em entrevista à Novabrasil, que houve um avanço na COP 16: “foi o reconhecimento das populações indígenas, populações afrodescendentes, o que são chamadas de constituintes“.
Astrini, porém, concordou que o acordo dos países, “os países que mais provocaram prejuízos ao meio ambiente – principalmente os mais ricos – continuam bloqueando os avanços propostos” nas cúpulas.
Diferentemente da Cúpula do Clima, que se inicia no próximo dia 11, os países mais afetados pelas mudanças do clima buscam na COP da Biodiversidade recursos para preservação dos seus biomas, florestas.
“Isso é um debate que esperamos há décadas. Esse dinheiro é prometido e nunca chega. Quando há maior pressão, os países ricos acabam bloqueando as negociações“, explicou.
Nesta edição, os países ricos vetaram o acordo final, o que causou uma reação dos delegados presentes.
Apesar do acordo maior ter falhado, o evento conseguiu consenso para a criação de um fundo mundial para estabelecer pagamentos pelo uso de sequências genéticas digitalizadas, denominado Fundo de Cali, que também garantirá o compartilhamento dos benefícios obtidos com a biodiversidade. Foi um dos poucos pontos de concordância na COP.