
Luto e aproximação do Natal: reflexões sobre o sofrimento e o acolhimento
Luto e aproximação do Natal: reflexões sobre o sofrimento e o acolhimento
Tom Almeida, do Movimento Infinito, falou à Novabrasil sobre a importância de acolher o luto no Natal, respeitando a dor e oferecendo apoio



Com a chegada do Natal, época que tradicionalmente é marcada por celebrações e momentos de alegria, muitos enfrentam uma realidade diferente. O luto, seja pela perda de um ente querido, um rompimento afetivo ou até mesmo mudanças significativas na vida, tende a aflorar com mais intensidade nesse período. Em entrevista ao Nova Manhã, o fundador do Movimento Infinito, Tom Almeida, compartilhou reflexões sobre como lidar com a dor e a importância do acolhimento emocional durante as festividades.
Tom explicou que o Natal, por ser uma época de muitas tradições e memórias afetivas, pode se tornar um gatilho emocional para aqueles que estão vivenciando algum tipo de perda. “Todos os nossos lutos gritam mais alto nesse período. A ausência de alguém, seja pela morte ou por outras formas de separação, se torna ainda mais dolorosa devido às lembranças que o Natal traz”, afirmou.
Além disso, Almeida alertou sobre a pressão social que surge nesta época do ano, onde a expectativa de felicidade e celebração muitas vezes entra em confronto com o sofrimento pessoal. “Há uma pressão externa para que todos se mostrem felizes, e isso pode gerar um sentimento de inadequação em quem está lidando com uma dor. Muitas vezes, a pessoa se sente desajustada e julgada, o que apenas aumenta o sofrimento”, destacou.
A importância do acolhimento
O especialista enfatizou a importância de acolher a dor e respeitar os próprios sentimentos. Para aqueles que estão vivendo o luto, ele sugeriu que seja fundamental reconhecer que o que estão sentindo é natural e não há um “prazo de validade” para o sofrimento. “O luto é um processo único e individual. Não existe uma forma certa ou errada de vivê-lo, e é importante aceitar o que se sente, sem pressa para ‘superar'”, afirmou. Ele também sugeriu que, caso a pessoa não se sinta pronta para participar de grandes celebrações, comunique suas necessidades para os outros, estabelecendo limites e buscando apoio.
Para os familiares e amigos de quem está passando por um momento difícil, Tom Almeida recomendou um olhar atento e uma postura acolhedora. “Pergunte de forma honesta se a pessoa gostaria de falar sobre o assunto ou se prefere ficar em silêncio. A chave é respeitar o que o outro precisa e não tentar forçar a felicidade”, disse.
O luto, como enfatizou Almeida, não é algo a ser escondido ou evitado, mas sim acolhido com empatia. Esse reconhecimento da dor, em vez de afastá-la, pode trazer um alívio significativo para aqueles que estão vivendo a ausência de alguém ou lidando com um grande desafio emocional.
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Ouvintes dividem próprio luto
O tema tocado durante a entrevista ressoou com muitos ouvintes, como Isabel, de Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, que compartilhou sua dor ao perder seu filho de 21 anos. Para ela, a reflexão oferecida foi um alicerce importante em meio à tristeza. “Às vezes, eu prefiro não falar sobre a perda, é assim que me conforta”, disse, agradecendo pela oportunidade de ouvir e se sentir acompanhada.
Em tempos onde o Natal é visto como sinônimo de celebração, é essencial que a sociedade como um todo esteja aberta ao reconhecimento da dor alheia e ao oferecimento de um espaço de acolhimento, respeito e compaixão. O movimento em prol do acolhimento do luto, como o promovido por Tom Almeida, se torna cada vez mais necessário para que as pessoas possam viver esse período de forma mais consciente e empática, respeitando tanto as alegrias quanto as tristezas que o final de ano pode trazer.