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Italiana abandona luta contra atleta intersexo e gera uma das maiores polêmicas das Olimpíadas

Lara Vital
16:16 12.08.2024
Jornalismo

Italiana abandona luta contra atleta intersexo e gera uma das maiores polêmicas das Olimpíadas

O termo intersexo está presente na sigla LGBTQUIAPN+ e tem um significado que representa um tipo de identidade de gênero. 

Lara Vital - 12.08.2024 - 16:16
Italiana abandona luta contra atleta intersexo e gera uma das maiores polêmicas das Olimpíadas
Italiana abandona luta contra atleta intersexo e gera uma das maiores polêmicas das Olimpíadas

No meio das Olimpíadas de Paris de 2024, uma notícia falsa se espalhou nas redes sociais em relação à desistência de uma lutadora de boxe italiana, que abandonou o ringue no meio da luta.

Segundo algumas postagens, ela teria desistido porque a adversária seria uma mulher trans.

Porém a italiana desistiu porque estava com falta de ar, depois de levar dois socos da argelina Imane Khelif e na verdade Khelif é uma mulher intersexo. 

O termo intersexo está presente na sigla LGBTQUIAPN+ e tem um significado que representa um tipo de identidade de gênero. 

A jornalista e fotógrafa Céu Ramos de Alburquerque de 32 anos, se tornou, neste ano, a primeira pessoa do Brasil a possuir RG com o termo intersexo relata que descobriu o termo há seis anos atrás.

Céu Ramos de Alburquerque. Foto: Divulgação.

O que significa o termo Intersexo? 

Segundo a hebiatra que cuida da saúde de adolescentes Andrea Hercowitz do Hospital Israelita Albert Einstein: 

“uma pessoa é considerada intersexo quando ela possui características físicas que diferem do padrão binário de masculino ou feminino. A genitália atípica é uma das características, mas tem outras coisas que definem esse corpo, esse sexo biológico, ele é definido por cromossos, por hormônios e também pela genitália externa e interna.”

Além disso, a dra. Hercowitz exemplificou que pode acontecer de uma pessoa ao nascimento notar que tem uma genitália considerada do sexo biológico femino que chega na adolescencia e que não mestrua. Durante a investigação observa-se que não tem útero, logo a pessoa é uma pessoa intersexo. Essa condição possui várias categorias e não se reduz a uma forma ou outra. 

Segundo Ceú de Albuquerque que possui a hiperplagia adrenal congetina, isto é uma condição intersexo, existem mais de 100 outras variações que o indivíduo pode ter por ser intersexo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 1,7% da população mundial é intersexo. Em números absolutos, equivale a 136 milhões de pessoas.  

Hiperplasia Adrenal Congênita

A hiperplasia adrenal congênita influencia o desenvolvimento sexual e a formação dos órgãos genitais externos. 

Ao nascer, Céu tinha uma genitália ambígua e foi submetida a uma cirurgia de redesignação sexual. Apesar de ser considerada pela comunidade intersexo uma forma de mutilação, essa era uma intervenção bastante recorrente em recém-nascidos. 

“Quando eu nasci, eu fiquei 6 meses sem registros de nascimento esperando esses testes sair… E nisso eu fiquei sem assistência médica, não podia fazer tratamento porque eu não tinha certidão de nascimento. Foi uma violação enorme dos meus direitos porque eu podia ter morrido. E aí quando eu fui registrada, a pressa era tão grande, só estavam esperando a certidão sair… para agendar minha cirurgia e foi a cirurgia que me mutilaram.” – relata Ceú.

Atualmente, esse tipo de procedimento não é mais indicado. Segundo a Dra. Vânia Tonetto Fernandes supervisora do Serviço de Endocrinopediatria do Hospital Infantil Darcy Vargas, referência em tratar crianças intersexo no país

O ideal é que este bebê e os seus pais sejam encaminhados, até se possível, da maternidade para um serviço de diferença especializado com CDB (Centro especializado em crianças que nascem com diferenças no desenvolvimento do sexo) onde eles serão acolhidos, eles serão atendidos por uma equipe multidisciplinar.”

Impacto psicológico na criança intersexo 

Segundo o gerente médico do Departamento de Pediatria do Hospital Israelita Albert Einstein, o Dr. Linus Fascina, que diz que:

“Com relação à saúde mental, é o apoio e o suporte que devem ser construídos com uma rede entre a família, os educadores e com os profissionais da saúde que vai reduzir o estigma e pressões.”

Logo, segundo o gerente médico do Departamento de Pediatria do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que não definir a criança com gênero feminino ou masculino não vai prejudicá-la psicologicamente. O que é essencial é o respeito e o cuidado que o indivíduo vai receber da rede de apoio. 

Para a Associação Intersexo Brasileira, ser uma letra da sigla LGBTQIAPN+, não é suficiente. É  preciso mais conscientização. Céu Ramos concorda e torce para que o “i” de intersexo se torne cada vez mais “i” de informação e integração:

“Eu acho que ainda há uma grande resistência da parte de algumas siglas de algumas letras da siglas, em se ter uma boa relação com as pessoas intersexo, por acharem muitas vezes que pessoas intersexo tem alguma facilidade em transição.”

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