Gabriel Chalita: “O que podemos aprender com São Francisco de Assis?”
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Escritor, filósofo e professor
Gabriel Chalita: “O que podemos aprender com São Francisco de Assis?”
Mesmo para quem não compartilha de uma fé específica, figuras históricas nos oferecem modelos de comportamento que podem inspirar ações mais humanas
Fiz uma reflexão sobre a vida de figuras como São Francisco de Assis e Santa Terezinha que traz lições valiosas que transcendem crenças religiosas.
Nesta sexta-feira (4), é dia de São Francisco, e dia 1º de outubro, foi celebrado Santa Terezinha, podemos revisitar valores que, muitas vezes, se perdem no caos do dia a dia.
Mesmo para quem não compartilha de uma fé específica, essas figuras históricas nos oferecem modelos de comportamento que podem inspirar ações mais humanas e compassivas.
Santa Terezinha: O valor da delicadeza
Santa Terezinha de Lisieux, uma das santas mais queridas da Igreja, é lembrada pela sua curta vida – faleceu aos 24 anos – e pela sua capacidade de se conectar espiritualmente, mesmo sem ter saído de seu convento. Um de seus pedidos a Deus em suas orações era que, após sua morte, uma “chuva de pétalas de rosas” caísse sobre o mundo, trazendo paz e acalmando corações.
Essa simbologia da delicadeza é extremamente poderosa. Em tempos de guerras, tensões e conflitos, muitas vezes esquecemos que a gentileza pode ser um bálsamo em meio ao caos.
O que aprendemos com Santa Terezinha é que a verdadeira força pode residir na delicadeza, um valor que é frequentemente subestimado.
Será que a delicadeza é vista como fraqueza? Em um mundo onde a violência e a gritaria parecem predominar, pessoas como Santa Terezinha nos lembram que a ternura pode ser uma ferramenta poderosa de transformação.
Sua vida silenciosa e reclusa deixou um impacto profundo, justamente pela sua gentileza e sua capacidade de promover a paz, mesmo em meio a adversidades.
Confira abaixo:
São Francisco de Assis: O cuidado com os mais vulneráveis
Já São Francisco de Assis é uma figura icônica, não apenas entre os religiosos, mas também entre pacifistas e ambientalistas.
Ele é lembrado como o padroeiro da natureza e dos animais, mas também como alguém que dedicou sua vida a cuidar daqueles que ninguém queria ajudar.
Em uma época em que a lepra era incurável e os leprosos eram marginalizados, Francisco desafiou o medo e o preconceito, oferecendo cuidado e compaixão a essas pessoas.
Hoje, quando olhamos ao nosso redor, vemos um mundo marcado por desigualdade e indiferença. Francisco nos ensina a importância de cuidar daqueles que estão à margem da sociedade – seja por problemas de saúde mental, pobreza ou condições de refugiados.
Em um mundo cada vez mais individualista, o cuidado é um ato de resistência. São Francisco nos desafia a praticar esse cuidado com quem mais precisa, seja um vizinho, um desconhecido ou até mesmo a natureza que nos cerca.
O poder da delicadeza e do cuidado no mundo atual
Vivemos em um mundo barulhento, onde a violência, o egoísmo e a falta de empatia parecem dominar. A pergunta que fica é: será que ainda há espaço para a delicadeza e o cuidado? O exemplo de São Francisco e de Santa Terezinha nos mostra que sim.
Mesmo em tempos de guerra e ódio, gestos simples de gentileza e compaixão podem fazer a diferença. No final das contas, a verdadeira força não está no grito ou na violência, mas na capacidade de cuidar e de ser gentil com o outro.
Em uma conversa recente que tive com o Ministro Barroso no meu programa “Arena dos Saberes”, ele chorou ao receber uma homenagem da filha. Esse gesto foi um exemplo claro de que a grandeza também reside na sensibilidade.
Ver uma figura de poder como o presidente do Supremo Tribunal Federal expressar suas emoções nos lembra que não há fraqueza na delicadeza – pelo contrário, ela é uma prova de grandeza.
Concluo essa reflexão com uma mensagem importante: embora não possamos resolver todos os problemas do mundo, podemos começar por aquilo que está ao nosso alcance. Resolver os conflitos em nossas casas, em nossos ambientes de trabalho, ou em nosso círculo mais próximo, já é um grande passo.
Se cada um de nós cuidar de seu “quintal”, como sugere o ditado, talvez, um dia, possamos ver um mundo mais pacífico e equilibrado.
Que possamos, então, aprender com São Francisco e Santa Terezinha. Que o cuidado e a delicadeza sejam nossos guias em um mundo tão necessitado de paz.
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