
Especial da Novabrasil aborda o risco de um apagão de professores no Brasil
Especial da Novabrasil aborda o risco de um apagão de professores no Brasil
Na série "Professores, protagonistas em risco", buscamos entender as causas que podem levar o país a um déficit de profissionais na educação básica e possíveis soluções


Na semana dos professores, a Novabrasil colocou no ar a série “Professores, protagonistas em risco”, que tratou sobre o apagão de docentes no Brasil, previsto para acontecer até 2040. Com personagens que vivem dramas dentro e fora da sala de aula e especialistas, em quatro episódios foram abordadas a desvalorização, as violências sofridas e as possíveis soluções para reverter o quadro.
Apagão de professores
O primeiro episódio colocou o assunto em evidência, chamando atenção para algo sério e que não está tendo o olhar devido do poder público e da sociedade como um todo. Afinal, “muitos professores estão se aposentando, há o falecimento de alguns e, no entanto, essa profissão não está atraindo novos professores. Ainda não tem, que eu saiba, uma ação intencional de estímulo para que jovens venham a desejar se trnar professor”, conta Silvia Lima, que é pesquisadora e gerente na Área de Educação e formação de educadores do Instituto Ayrton Senna.
Confira o Ep. 01 da série “Professores, protagonistas em risco”
Professores e a violência
Segundo dados da organização Nova Escola, 8 em cada 10 educadores sofreram agressão no ambiente escolar em 2023. A verbal é a que mais se destaca, seguida pela psicológica, moral e física.
Uma diretora de escola estadual em São Paulo que trabalha há 27 anos na área da educação contou à reportagem da Novabrasil de casos que já vivenciou: “E aí eu fui ameaçada em dois episódios, né de ameaçada ameaça a minha vida, né?Já sofri uma agressão verbal”, disse.
Diante desse cenário, em vez de serem vistos como protagonistas da educação, os professores viram vidraça de um estado ausente e que contribui para a violência, comentou a diretora.
“A gente recebe aquela carga de agressividade de violência, porque eu sei que não é diretamente para mim. Muitas vezes, a gente é a face do estado. Mas há um clima de insegurança. Porque a gente é a linha de frente que está lidando diretamente com adolescentes. Então na minha visão, eles são vítimas”.
Confira o Ep. 02 da série “Professores, protagonistas em risco”
Professores e a desvalorização
Um sentimento que se repete. Todos os profissionais da educação com quem conversamos, sem exceção, compartilham a mesma queixa: A desvalorização da profissão. Os exemplos são vários: salários baixos, desrespeito e até falta de reconhecimento.
Veja também:
Paula Aviles trabalhou por 10 anos na rede particular e sentiu a desvalorização ainda maior por ser professora de artes: “Em mais de uma escola já passei pela situação de ser coagida a modificar a nota do aluno para ‘salvar’ ele. Você se dedica ali o ano inteiro pro aluno e, no final, o aluno não fez nada mas vamos passar ele por ser em artes. É como se a gente não tivesse se dedicado a uma formação”, lamenta.
No caso de uma docente do estado de São Paulo que pede para não ser identificada, a preocupação é a incerteza do amanhã. Ela é professora por contrato na rede pública há 15 anos, dá aulas de disciplinas fora da sua especialização e, mesmo tendo passado no concurso público, nunca foi chamada. A cada ano ela não sabe se terá o contrato renovado ou se ficará desempregada.
Confira o Ep. 03 da série “Professores, protagonistas em risco”
Como afastar o fantasma do apagão de professores?
Algo precisa ser feito e com urgência. Entre tudo o que se pode fazer, sem dúvidas, aproximar o estudante de licenciatura da sala de aula aparenta ser a decisã mais acertada. Daniela Pereira é coordenadora pedagógica e começou a profissão ainda enquanto estudava no Ensino Médio, com o curso técnico que fez na rede pública estadual paulista, mas que hoje não existe mais: o Cefam, Centro Específico de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério.
Sua mãe, Maria Ivonete, também é professora da educação infantil, mas não teve a oportunidade de cursar o magistério, “eu entrei na faculdade com uma certa idade e para mim foi bem difícil”, conta.
O ponto em comum é que ambas concordam que a faculdade está distante das escolas, que precisam investir mais e melhor nos estágios. Segundo Haroldo Corrêa Rocha, coordenador geral do Movimento Profissão Docente, a formação do professor é um dos principais caminhos para amenizar o desinteresse e a desistência na área.
Para ele, “as instituições de ensino que formam professores precisam remodelar os seus curriculos, o seu método de trabalho e, especialmente, precisam crescentemente valorizar o estágio e o tempo que os formandos de licenciatura precisam ter dentro das escolas de educação básica”, explica.
Confira o Ep. 04 da série “Professores, protagonistas em risco”