
“Continuamos aumentando as emissões de gases de efeito estufa”, diz Carlos Nobre
“Continuamos aumentando as emissões de gases de efeito estufa”, diz Carlos Nobre
Em entrevista à Novabrasil, o pesquisador e meteorologista explicou que as mudanças no planeta são fruto das ações humanas, e que os acordos da ONU não estão sendo cumpridos

A Organização Mundial Meteorológica divulgou, nesta terça-feira (23), novo relatório que diz que a temperatura global média do planeta em 2023 foi 1,45ºC acima da média de temperatura da era pré-industrial. O ano passado foi o mais quente já registrado.
Ao longo de décadas, cientistas alertaram para o aumento gradual das temperaturas no planeta.
Em entrevista ao Jornal Novabrasil, o pesquisador e meteorologista Carlos Nobre explicou que as mudanças no planeta são resultados das emissões de gases poluentes, fruto das ações humanas, e que os acordos das Nações Unidas das últimas Cúpulas do Clima não estão sendo cumpridos:
“A grande parte das emissões de gases poluentes que contribuem para o aquecimento global veem da queima de combustíveis fósseis como o petróleo, carvão, gás natural.”
Em 2015, os líderes mundiais fecharam um acordo, em Paris, em que prometiam a redução em até 50% das emissões de gases poluentes até 2030, e zerá-lo em 2050. A meta não foi cumprida e os países mais ricos continuam insistindo no uso dos combustíveis fósseis.
Mas a queima de petróleo e carvão não são os únicos vilões das temperaturas cada vez mais altas e as secas e chuvas cada vez mais intensas, que afetam todos os continentes.
Segundo o pesquisador, a agricultura e a pecuária também são responsáveis, já que grande parte do desmatamento no país é para esse fim. No Brasil, elas representam 25% nas emissões, e também há a criação de gado que emite grande parte do metano para a atmosfera.
Uma das medidas adotadas pelos países é a adesão aos carros elétricos, que, segundo Nobre, melhora a qualidade do ar e social. Porém, o aumento da circulação de veículos elétricos resulta no aumento da produção de baterias de lítio, produzidas a partir da mineração:
“Sem dúvida, o número de baterias feitas com lítio vai crescer exponencialmente, explodir, e é lógico que aí há um risco de que a mineração também cause grandes problemas. A solução já está sendo buscada, que é a restauração de baterias quando atingem o ciclo de vida. E hoje já tem restauração da bateria e ela volta a ser praticamente nova, e não vai exigir grande mineração.”
Menos de um mês depois do alerta da agência europeia Copernicus de que o mês de março de 2024 foi o mais quente da história, a mesma instituição chamou a atenção para o branqueamento dos corais, resultado do aquecimento das águas dos oceanos, que chegaram à costa brasileira.
E desde o último dia 23, 175 países discutem, em Ottawa, no Canadá, como solucionar a poluição do plástico, com mediação das Nações Unidas. Atualmente são 175 trilhões de partículas do material que poluem os mares de todo o planeta.